Febre Tricolor – Três boas noticias

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Técnico define padrão da equipe, sem ficar engessado

Ocorrido o sexto jogo do São Paulo de modo relâmpago na temporada 2018 – com uma pré-temporada inadequada – já há como fazer uma análise inicial de qual caminho o elenco poderá percorrer. Três boas noticias: a consolidação de Éder Militão como um lateral firme na defesa e que começa aparecer no ataque, Brenner (aos 18 anos) mostrar que pode ser titular – e decisivo, além da capacidade do técnico Dorival Júnior em estabelecer um padrão de jogo pra equipe sem ficar engessado.

Na Temporada 2018, Dorival Júnior adotou como equipe base a formação com Sidão; Éder Militão, Rodrigo Caio, Anderson Martins (imagino em razão da contusão de Robert Arboleda) e Edimar; Jucilei; Marcos Guilherme, Petros, Shaylon e Brenner; Diego Souza. Manteve sua convicção dando várias partidas à equipe base, mas não consegue emplacar o sistema 4-1-4-1. Embora não consiga fazê-lo, o treinador não tem deixado o time engessado – em vários jogos recuou Petros ou Araruna, e retomou o 4-2-3-1.

Brenner, Marcos Guilherme e Éder Militão são destaques até aqui. Marcos Guilherme já vinha sendo o segundo melhor jogador do São Paulo desde o ano passado, só atrás do saudoso Hernanes (O Profeta). Aos 18 anos, Brenner já mostra futebol de gente grande e, na visão desse colunista, tem que ser titular absoluto. Éder Militão começou a ser ofensivo, além da tradicional casquinha do tiro de meta e da marcação precisa. Independente do 4-1-4-1 ou 4-2-3-1 o treinamento de profundidade do São Paulo (cobrado desde a época de Muricy Ramalho) começou a funcionar. O jogo centralizado está inferior.

Tentativa com garotos

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Shaylon precisa arriscar sem medo pra brigar como titular

O que fez o São Paulo jogar muito abaixo em várias partidas foi a tentativa de Dorival Júnior em descobrir novos talentos entre os jovens pra ajudar efetivamente o time principal. Em algumas partidas, como na Copa do Brasil, muitos em campo ao mesmo tempo: Bissoli, Paulinho Boia, Lucas Fernandes, Shaylon, Caique e Rony estiveram entre os testados.

Esses são os que não vingaram ainda para contribuir, por exemplo. Para o meia Shaylon falta o ajuste final, que pode implicar no cara se tornar um jogador ou não. Deveria ter matado o jogo contra o Mirassol, perdeu duas chances claras; deveria ter feito o gol no Corinthians, bateu na trave; deveria arriscar mais passes em profundidade, como fez no ano passado. Está com um jogo muito burocrático e pode perder muito espaço, porque a montagem do elenco é capenga: Cueva, Diego Souza, Nenê e Valdívia são todos meias.

O único ponto que Dorival Jr. me parece não ter percebido ainda é o início de temporada de Lucas Fernandes. Em dois jogos entrou ligado e não falhou. Se começar uma como titular pode agarrar a chance igual Brenner. Caíque, Bissoli e Paulinho Boia, cada um fez um jogo bom e outro ruim, ainda é cedo. Júnior Tavares parece escondido em algum canto, parece não estar nos planos. O torcedor não entendeu a tentativa do treinador em aproveitar os jovens, e vaiou muito: quer resultado.

Surpresas de hoje

Nenê esbanja taticamente na estreia

O jogo de hoje trouxe uma faceta que poderá ser bem explorada. Nos jogos na casa do adversário a velocidade dos jovens será essencial, deve ser explorada com a manutenção de Brenner na equipe titular. Mas Dorival Júnior mostrou arrojo no jogo de hoje contra o Botafogo-SP. A partida era terrível e abaixo da crítica, com Nenê encaixotado na marcação sem conseguir armar nenhuma jogada. Na minha cabeça começava lamentar a contratação equivocada, mas o segundo tempo traria surpresas.

Dorival Júnior tirou Brenner, quem acho o principal jogador. Pensei: que absurdo. A mudança tática foi decisiva. Nenê foi colocado na esquerda, onde estava o garoto. Mas, não ficou lá. Com sua inteligência tática adquirida de anos de estrada, e de Europa, recuou até onde estava Jucilei e começou a armar o time de trás, dando espaço pra Cueva. Para compactar Dorival Jr. tinha até recuado Petros, mas no ato inteligente de Nenê o time ajeitou assim mesmo.

O que tiro de lição dessa observação é que o técnico Dorival Júnior saberá encaixar o time titular com jovens e experientes. Se fizer isso rodando o elenco pode surpreender muita equipe favorita, mas resta saber se essas mudanças táticas dentro de uma partida vão funcionar contra times grandes. Contra o Corinthians ela houve, e o São Paulo jogou um segundo tempo melhor que o deles. Mas não foi suficiente, isso precisa ser ajustado.

Elenco que não pediu 

Sétimo jogador de armação pode chegar

Dorival Júnior tira leite de pedra no elenco que não pediu. Ano passado o setor frágil da equipe era a lateral. Nenhuma contratação para o setor, além da volta de Reinaldo. A situação é a seguinte: Júnior Tavares faz bem o ataque (mas tudo atrapalha ele, até quem cuida de sua carreira, deve ir embora), Edimar faz bem a defesa (mas a torcida acha muito pouco), Reinaldo faz meia bomba os dois setores (não seria minha opção, mas tem o agrado do torcedor).

Na direita, Eder Militão é que tira o leite de pedra. Na sua ausência, que jogue Húdson (ou até Bruno) e não Araruna. A mostra inicial de Nenê é que ele vai deslocar da posição que mais gosta porque é inteligente, o mesmo acontecendo com Diego Souza. É Cueva que vai ficar com ela. Os jogadores de velocidade serão da base. Se Valdívia for confirmado vai atrapalhar alguém, Shaylon, Lucas Fernandes ou Brenner. Alguém terá menos minutos.

A contratação de Tréllez pode até servir em algum momento, mas eu ainda custo acreditar que sirva. O titular da zaga ao lado de Rodrigo Caio, pelo que vejo até aqui, é Robert Arboleda. Anderson Martins segue totalmente sem ritmo (falhou no clássico), e Bruno Alves não é totalmente seguro. É com essas peças que o tabuleiro vai se encaixando, ainda longe de se saber para qual rumo irá.

O importante é que sejam compreendidas pela torcida, definitivamente, duas máximas: 1) jovem vai oscilar e tem que ter paciência pra não queimar e 2) nem todo jogador contratado tem que ser titular. A partir do momento que isso for entendido, o treinador terá tranquilidade para extrair o melhor de cada jogador. E definir a equipe.

Contato:

@RealVelame ou [email protected]

Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição dos proprietários da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.

7 COMENTÁRIOS

  1. Sidão= mão de tábua
    Rodrigo Caio= alegria de centroavante forte
    Edimar= avenida
    Tavares= avenida
    Kingnaldo= avenida
    Jucilei = lento
    Petros = afobado
    Nenê= quase parando
    Cueva= pipoca
    Diego Souza = meia(se usar de atacante é uma lástima)
    Trelez= não acompanho seu futebol
    Valdivia= não sei como está
    Shailon = empresta logo
    Lucas Fernandes= vidro
    Jean= reserva de luxo

    Dorival= já, já cai

    Paciência temos que pedir aos rivais para não nos vencerem

    • Luis, como você sabe discordo de vários pontos, e concordo com poucos.

      Se os jogadores são isso que você tá falando, Dorival Jr é o máximo e nunca pode cair. Senão, você tá sendo contraditório.

      Sobre Jean, Lucas Fernandes, Shaylon, Valdívia e Tréllez você não falou nada, ok.

      Sobre Diego Souza, o Tite usa de CENTROAVANTE na seleção brasileira. Aí você diz que o cara não serve pra fazer a função. Tá bom, deve ter sido você que venceu a eliminatória.

      Cueva pediu desculpas com gol. Você quer que ele beije seus pés agora?

      Petros é tão afobado que às vezes vem três pra marcar ele, dá uma girada engana todo mundo, depois dá um drible da vaca… muitíssimo afobado (*)…

      Jucilei é tão lento que cobre aquela linha espaçada do meio-campo sozinho.

      O time é um conjunto, Nenê podia jogar parado com a categoria dele. A molecada é que tem que correr pra ele.

      Kingaldo e Sidão = concordo.

      Edimar marca bem.

      Rodrigo Caio – Não é lutador de boxe, é zagueiro de futebol, e dos bons.

      * ironia

      • Só não perdemos de goleada ontem pela ineficiência do adversário. Se fosse contra a porcada ontem a surra seria terrível.

        Em relação ao Pipocueva, eu falei na coluna do Abraão que ele deveria correr mais do que os demais, mas que essa história se não ter perdão era exagero.

        Sabe, eu costumo ler a coluna dos colegas aqui do site.

        E não tem essa de alguém correr por outro. Todos tem que dar o sangue. Se não aguenta, rua.

        No mais é muito fácil fazer jogada de efeito em time fraco

  2. Não fala nada do Sidão?
    Solta todas as bolas, espalma pra dentro da área, fez uma defesa na sorte…
    Sinceramente, entre ele e o Renan, o SP ficou com o pior, e pior que isso é manter um goleiro que custou milhões de reais no banco!

    • Não falei do Sidão porque é muita coisa pra falar. Mas concordo com a maior parte do que você disse. No jogo de hoje, mesmo não levando gols, várias falhas técnicas… espalma bola pra dentro da área. Não segura bola nenhuma, só espalma (mão de tábua mesmo, como o Luis Gustavo disse)… saídas em falso… é por isso que meu titular seria Jean. O Dorival Jr. o mantém porque é um goleiro que falha menos que Renan e Denis (óbvio), não chega a passar vergonha, e porque é bom de grupo. Ao meu ver, o Jean é bem mais goleiro.

  3. Pelo que tenho visto seria meu time:

    Jean (Sidão); Éder Militão (Bruno), Rodrigo Caio (Walce), Robert Arboleda (Anderson Martins) e Edimar (Reinaldo); Jucilei (Húdson), Petros (Lucas Fernandes) e Cueva (Shaylon) ; Brenner (Nenê), Diego Souza (Tréllez) e Marcos Guilherme (Valdívia?).