Memórias Tricolor #43 – Alencar

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A oportunidade aparece, porém há dias em que nada dá certo…

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Francisco Paulo de Alencar Filho nasceu em Londrina no interior do Paraná em 17 de julho de 1975. Muito jovem foi jogar futebol no time da sua cidade o Londrina Esporte Clube, alto com 1,90m e não muita habilidade nos pés foi para o gol, e se formou um bom goleiro, tanto que chamou a atenção dos dirigentes do XV de Piracicaba que o contrataram aos 21 anos de idade. Jogou pelo XV até 1999 quando o Ituano precisava de um goleiro e foi atrás de Alencar.

Do Ituano o jovem goleiro chamou a atenção dos dirigentes do São Paulo Futebol Clube que sentiam a contratação de outro goleiro reserva para substituir Rogério Ceni em caso de lesão ou convocação para a seleção Brasileira. O reserva imediato de Ceni era Roger, porém não tinha a confiança dos treinadores e diretoria. Assim Alencar chegou ao auge de sua carreira, o maior Clube pelo qual treinou e jogou.

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Como goleiro reserva Alencar muito treinava e pouco jogava, poucas vezes era relacionado, mas estava sempre junto a equipe. Bom de elenco teve em Rogério Ceni um grande amigo, na verdade o único verdadeiro amigo que fez no futebol. Até novembro de 2001, Alencar participou apenas de 4 jogos e tomou 11 gols, porém o pior estava para acontecer.

Uma tarde de sábado, 25 de novembro de 2001, Vasco da Gama e São Paulo em São Januário, jogar neste estádio sempre é difícil e complicado. O São Paulo estava escalado, vinha com Rogério Ceni, Júlio Santos, Emerson, Gustavo Nery e Adriano, Fábio Simplício, Kaká, Maldonado e Belleti, no ataque França e Luis Fabiano, o técnico era Nelsinho Baptista.

Não era um ano bom para a equipe Tricolor, após um pífio Campeonato Paulista, a equipe fazia um Brasileiro regular e Nelsinho conseguiu dar a equipe razoável padrão de jogo e o time chegava a São Januário com 7 vitórias consecutivas. O Vasco da Gama tinha uma equipe razoável dirigida por PC Gusmão com destaque para Euller (ex-São Paulo) e Romário que dispensa apresentações.

Equipes em campo, logo aos 6 minutos iniciais lançamento e Euller de fora da área cabeceia, Rogério Ceni muito adiantado defende, mas de tão adiantado que estava o arbitro marca falta e expulsa Rogério. Sem alternativa Nelsinho tira o meia Adriano e coloca Alencar para defender a rede Tricolor. Romário vem para bater a falta e Alencar faz boa defesa.

Aos 18 minutos, o lateral esquerdo vascaíno dá um chute de longa distancia no meio do gol e falha incrível de Alencar, 1 a 0 Vasco. Quase 37 minutos bola enfiada para Euller que livre chuta e 2 a 0 e intervalo.

O que estava ruim no 1º tempo, virou pesadelo na etapa final quando aos 3 minutos Romário fez o 1º de seus 3 gols na partida. Aos 21 minutos Romário livre na área chuta no meio das pernas de Alencar e 4 a 0. Aos 24 minutos Léo Lima recebe um belo passe de Romário e chuta, mais uma falha de Alencar. Aos 26, Romário amplia ainda mais. Aos 34 o Vasco amplia e somente aos 45 do 2º tempo França marca o gol de honra, final Vasco 7 x 1 São Paulo, um vexame.

Esse foi o 5º e último jogo de Alencar pelo São Paulo que ao todo levou 18 gols, uma horrível média de 3,6 gols por jogo.

Em 2002, Alencar deixou o São Paulo e foi para o União Barbarense, em 2004 jogou pelo Gama em sua melhor temporada conseguindo o acesso a série B, depois passou por diversos clubes, incluindo mais duas passagens pelo Gama sendo a 2ª em 2005/06 e a última em 2009/10 quando se aposentou.

Retornando a sua cidade natal Londrina, continuou a se dedicar as atividades esportivas e em 2012, Alencar inaugurou uma escola exclusiva para goleiros chamada “Escola de Formação de Goleiro 01”, sendo o 01 uma homenagem ao seu amigo Rogério Ceni que sempre ostentou assim o número de sua posição.

A vida não é feita somente de vitórias e glórias, os desafios são constantes e mesmo não sendo super vitorioso Alencar é muito feliz e afirma ter vivido bons momentos em sua carreira.

Gustavo Flemming, 40 anos de amor ao SPFC, é empresário no segmento de pesquisa de mercado e consultoria em marketing.

Contato: [email protected]

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2 COMENTÁRIOS

  1. Como bem disse a Marcelina, isto é a vida. Ninguém pode ser tão marcado a ponto de não poder recomeçar e buscar novas oportunidades, que seja feliz em suas empreitadas. Questionado por um repórter brasileiro sobre o 7 a 1, foi exatamente isso que Gundogan disse em entrevista: que sabia o quanto importante era o futebol para o brasileiro, mais que a vida pode trazer outras oportunidades.

    Temos por costume aqui definir alguém de modo determinante, e isso é uma falha cultural que temos a superar.

    Caro amigo Gustavo, para contribuir… o lateral esquerdo em questão, que anota o primeiro gol da partida, é Gilberto. Também chegaria à seleção brasileira futuramente.

  2. Uma correção

    Roger tinha sim a confiança da diretoria, inclusive foi bastante elogiado pelo preparador de goleiro ao ponto de dizer que debaixo das traves ele seria melhor que o estagiário. Acontece que Roger queria ser titular de alguma grande equipe, assim sendo foi para o Santos mas para sua decepção amargou a reserva para Fábio Costa.

    Quanto ao Alencar, sempre será lembrado quando algum goleiro que por aqui passar fizer alguma cagada em campo. Sempre fará parte do nosso folclore assim como Rondón