Irmão revela desabafo de Pato sobre “ex-clube” e pacto por Seleção

77

Gazeta Esportiva – Tossiro Neto

Nas mais recentes entrevistas, Alexandre Pato tem evitado ao máximo pronunciar a palavra Corinthians. Embora ainda tenha contrato e esteja apenas emprestado ao São Paulo, o atacante não sente saudade do “ex-clube”, como tem preferido chamá-lo publicamente neste ano. Até porque vive grande fase com a camisa tricolor, talvez em função de um pacto feito durante as férias, nas areias do Havaí, e revelado à Gazeta Esportiva pelo irmão.

“A gente sentou, bateu papo. Ele falou o que estava acontecendo, e a gente deu essa injeção (de ânimo). Ficamos lá sentados, e ele desabafou, contou tudo. Eu o motivei, e nós fizemos um pacto. Um trato de que, neste ano, eu ia impulsionar minha academia, e ele ia se motivar, ele estaria com o foco no São Paulo, seria o cara e voltaria à Seleção Brasileira”, conta o personal trainer Alexsandro Rodrigues, que não deu sossego ao atacante nas duas semanas de férias em que passaram juntos.

Os treinos – alguns com participação da atriz e modelo Fiorella Mattheis, namorada do jogador – tiveram trilhas de aproximadamente 15 quilômetros, além de trabalhos de explosão, resistência e reforço muscular, no períodos da manhã e da tarde. O desabafo aconteceu depois de uma dessas atividades físicas e resgatou situações antigas, como o pênalti desperdiçado contra o Grêmio, que resultou na eliminação do Corinthians nas quartas de final da Copa do Brasil de 2013 e o tornou alvo predileto de críticas da torcida alvinegra.

Publicidade

“Ele se cobrou demais depois daquilo, afetou a parte psicológica dele. Até minha família teve que ir para São Paulo ficar junto dele. Ele ficou meio impressionado com a pressão da torcida, da equipe. Achou que ali não ia conseguir mais (jogar), por causa da pressão”, diz Alexsandro. “Era pressão até mesmo do clube. O entrosamento com os atletas dentro do clube não era como o que ele está tendo no São Paulo. No São Paulo, ele está em uma família. Todos dão apoio no São Paulo. No Corinthians, não era assim”.

Divulgação

Academia de Alexsandro, em Pato Branco, tem foto do irmão comemorando gol com a camisa verde-amarela

É sabido, realmente, que Pato, contratado por 15 milhões de euros, não foi bem recebido pelo grupo corintiano ao ser anunciado como estrela vinda do Milan. Mano Menezes, seu último treinador no clube, chegou a abordar o tema internamente com os demais jogadores, mas a melhor saída contra o ambiente desconfortável foi sair. Por isso, quando surgiu a possibilidade de troca com o meia Jadson, no início de 2014, o atacante aceitou ir para o São Paulo. “Hoje, ele está super feliz”, compara o irmão mais velho e melhor amigo, com quem o agora são-paulino conversa diariamente, em especial antes das partidas – Alexsandro jura ter dito (e acertado) que ele faria dois gols contra o uruguaio Danubio, na semana passada, na Copa Libertadores.

ÚLTIMA CONVOCAÇÃO EM 2013
O atacante não é chamado para defender a Seleção desde setembro de 2013, quando, ainda vestindo a camisa do Corinthians, entrou na lista de Luiz Felipe Scolari para os amistosos contra Coreia do Sul e Zâmbia.

Após passar pelas equipes inferiores, Pato estreou no selecionado principal em março de 2008, quando anotou o gol da vitória por 1 a 0 sobre a Suécia, em amistoso disputado em Londres, sob comando de Jorginho, auxiliar técnico de Dunga.

Ao todo, foram 27 partidas e dez gols. O único título conquistado foi a Copa das Confederações de 2009, na África do Sul, mas ele coleciona ainda uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e outra de prata em Londres-2012, esta com Mano Menezes.

Mas a primeira temporada com a camisa tricolor, apesar da vice-artilharia com 12 gols marcados em 40 jogos, não foi super feliz assim. Ele teve altos e baixos e ouviu cobranças do técnico Muricy Ramalho para “querer mais”. Na pré-temporada deste ano, era tido como reserva de Luis Fabiano e Alan Kardec. Iniciadas as competições, no entanto, aproveitou as oportunidades e demonstrou outro comprometimento. São oito gols em dez jogos (ou oito oficiais). Números que podem mesmo ser reflexo do pacto firmado em dezembro, no Havaí.

“Tudo que está acontecendo foi, na verdade, a conversa que tive com ele, foi a parte psicológica. Foi uma conversa bem importante. Ele me falou que este ano é dele, está muito disposto, empolgado. Cada vez mais motivado a dar a volta por cima. Ele vai deslanchar”, aposta o quase xará, ao explicar que Alexandre rende mais com apoio familiar. “A presença da família é muito importante para ele. Estamos sempre juntos agora. Na semana passada, meu pai e minha mãe estavam em São Paulo. Sempe que posso, vou também. Ele também vem na minha academia, treina aqui em Pato Branco. Até mesmo na Itália, a gente não tinha contato direto com ele. Apesar das lesões que ele teve, foi meio complicado”.

Sua família é quase uma segunda comissão técnica. Além dos treinos e conselhos psicológicos do irmão, Pato recebe atenção da irmã fisioterapeuta (a caçula Gisele) e da cunhada nutricionista. Sem contar o incentivo amoroso de Fiorella, já tratada como talismã pela torcida do São Paulo por estar presente no estádio nas melhores atuações do namorado. No domingo, porém, ela não deverá ir ao Morumbi, pois o atacante, por força de contrato, mais uma vez não poderá disputar o clássico contra o Corinthians. Ou contra o ex-clube.