Pato finalmente joga uma decisão. E pode virar herói se salvar o SP

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UOL – Guilherme Palenzuela

Os jogos que determinaram o atual momento turbulento do São Paulo, neste início de 2015, foram contra os rivais Corinthians – duas vezes – e Palmeiras. São as únicas derrotas do time no ano, mas tiveram enorme peso para construir a fase negativa atual, da qual quase resultou a saída do técnico Muricy Ramalho, na última quinta-feira. Em todas elas, algo em comum: Alexandre Pato. Nesta quarta-feira, às 19h45, na Argentina, pela Copa Libertadores, Pato joga contra o San Lorenzo em uma partida que se tornou importantíssima para o São Paulo.

Pato não jogou nas duas vezes contra o Corinthians porque seu contrato de empréstimo o impede. Tiveram o azar – ele e o São Paulo – de serem sorteados no mesmo grupo na Libertadores do rival, a única equipe que Pato não pode enfrentar. Contra o Palmeiras, na semana passada, o atacante foi sacado por Muricy com cerca de 15 minutos de jogo após a expulsão do zagueiro Rafael Toloi. Não gostou.

Desde o início da temporada, Pato assumiu protagonismo no São Paulo. Tem jogado em nível mais alto do que na temporada passada, quando apresentou desempenho irregular.  Talvez se tivesse jogado nas principais partidas do clube no ano, a situação fosse completamente diferente.

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Para o azar de Pato, ele ainda também não pôde jogar na primeira partida da fase de grupos contra o San Lorenzo. No primeiro lance de jogo, como titular, cruzou bola que renderia uma finalização na trave de Michel Bastos, de cabeça. No mesmo lance, lesionou o tornozelo e minutos depois teve de ser sacado. Tantas trocas deixaram o São Paulo sempre refém de uma substituição

Pato não é super-herói. Mas é hoje o melhor jogador do São Paulo, que não atuou nas quatro partidas mais importantes do ano, das quais três construíram um momento turbulento e instável no departamento de futebol. Mas a situação ainda é totalmente reversível, e o São Paulo nem precisa vencer nesta quarta-feira: basta o empate para manter o San Lorenzo longe e se classificar com tranquilidade para as oitavas de final.

Além de uma chance para salvar o São Paulo, Pato também tem uma oportunidade de definitivamente mostrar que ainda é um grande jogador, e não uma dúvida. Se fizer um grande jogo, com gols, voltará da Argentina como herói. Uma derrota contra o San Lorenzo, nesta quarta-feira, faria com que o São Paulo empatasse em pontos com os argentinos. Depois, teria que vencer o Danúbio, torcer para que o Corinthians tirasse pontos do San Lorenzo e vencer o arquirrival no Morumbi – jogo que perdeu por 1 a 0 no Paulistão.

Neste São Paulo também faltam líderes, assunto que vem sendo tratado à exaustão pelo técnico Muricy Ramalho e por outros jogadores. O meia Michel Bastos chegou a afirmar que era preciso “ter um pouco mais de Muricy em cada um”. Todos do elenco reconhecem que Kaká faz falta pelo papel de comandante que exercia, e falam também do uruguaio Alvaro Pereira, cujo empenho e cobrança constante eram contagiantes.

Pato não tem tal perfil, mas poderia marcar com o protagonismo técnico o início de uma transformação, em uma versão mais experiente. Já foi campeão mundial, jogou anos pelo Milan, no mais alto nível do futebol europeu, tem experiência pela seleção brasileira e voltou cedo ao Brasil. Em um São Paulo mais jovem, que no segundo semestre ainda pode perder Rogério Ceni, aposentado, é a chance para fazer a própria voz ser ouvida em outro tom.