Antes de briga, caso Iago e Osorio já arruinavam relação Aidar x Ataíde

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UOL

Guilherme Palenzuela

O presidente Carlos Miguel Aidar e o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro brigaram na manhã de segunda-feira no restaurante do Hotel Radisson, no Itaim, na zona oeste do São Paulo. Aidar nega a briga, e Gil Guerreiro não se pronuncia, enquanto dirigentes do clube discordam apenas da intensidade da agressão – se houve soco desferido pelo vice, se o presidente foi atingido no rosto e se caiu no chão. Tudo, segundo apurou o UOL Esporte, é resultado da deterioração da relação entre Aidar e seu braço-direito, processo corroído pelo caso Iago Maidana, por discordâncias na saída de Juan Carlos Osorio, pela escolha do próximo treinador e pela demissão do ex-gerente de futebol Gustavo Vieira de Oliveira.

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A relação já não era amigável antes da última segunda-feira. Segundo relatado por dirigentes, a viagem ao Rio de Janeiro para o jogo contra o Vasco, pela Copa do Brasil, deixou o atrito evidente. Ataíde Gil Guerreiro chegou a apontar erros do presidente na frente de todos os membros da cúpula que fizeram parte da delegação. A agressão de segunda-feira, no entanto, nasceu de uma somatória de conflitos, dos mais variados.

1. Fúria de Ataíde no caso Iago

Em entrevista à Rádio Globo, na madrugada de 24 de setembro, Aidar disse que a contratação de Iago Maidana foi conduzida por Ataíde Gil Guerreiro e pelo gerente de futebol José Eduardo Chimello. Dias antes, o caso Iago nascia: o São Paulo comprou por R$ 2,4 milhões o jogador que saiu por R$ 800 mil do Criciúma e passou dois dias registrado no Monte Cristo, clube da terceira divisão de Goiás. Para piorar, a empresa Itaquerão Soccer admitiu ter atuado como investidora no caso, prática proibida pela Fifa.

Depois da entrevista, o ex-vice de futebol, segundo relatado por quem até a tarde de terça-feira fazia parte da diretoria – todos os vices e diretores entregaram cargos -, Ataíde Gil Guerreiro entrou na sala da presidência no dia seguinte irritado com as declarações e pediu que Aidar assumisse internamente que tinha conhecimento da negociação. Gil Guerreiro se sentiu responsabilizado por uma contratação que não foi de sua alçada e quis posicionamento do presidente, que aconteceu em reunião de diretoria na tarde de 25 de setembro.

2. Relação com Osorio e demissão

Era Ataíde Gil Guerreiro o único dirigente do São Paulo próximo de Osorio, que desde a mensagem recebida por outro alto dirigente do Morumbi, criticando seu trabalho, se revoltou contra a cúpula são-paulina. Com Ataíde, tinha relação cordial, franca e com discussões intensas. Quando afirmou que não confiava na diretoria, começou a sofrer fritura e teve Gil Guerreiro como escudo. Depois do último sábado, quando adiou para quarta-feira a decisão sobre o futuro, Osorio irritou parte da diretoria. Segundo relatado por dirigentes, o presidente Carlos Miguel Aidar defendeu que o treinador fosse sacado antes mesmo de anunciar que sairia. O episódio causou nova cisão com Ataíde Gil Guerreiro, que até o último minuto depositou fé na remota possibilidade de permanência de Osorio até o fim do ano.

3. Escolha do sucessor

Membros da diretoria próximos a Aidar e do departamento de futebol relatam que que nos últimos dias o assunto que mais vinha desgastando a relação entre presidente e vice era a escolha do sucessor de Juan Carlos Osorio. Ataíde e Aidar estavam muito distantes de concordar em um nome, entre José Peseiro, Diego Aguirre, Milton Mendes, Doriva e outras opções levantadas, e trocaram farpas em discussões intensas.

4. Demissão de Muricy Ramalho

Também segundo relatado por pessoas próximas às duas partes, houve desgaste – muito menor do que na última situação – no processo de demissão de Muricy Ramalho. Carlos Miguel Aidar defendeu antes de Ataíde Gil Guerreiro que o técnico fosse trocado, enquanto o vice de futebol bancou o ex-treinador até contra a vontade da maioria dos dirigentes.

5. Demissão de Gustavo Vieira de Oliveira

Talvez o fato que mais machucou Ataíde Gil Guerreiro, foi a demissão do ex-gerente de futebol que era seu braço direito e lhe ajudava na execução de dia a dia do São Paulo. Gustavo Vieira de Oliveira, filho de Sócrates e sobrinho de Raí, foi demitido – na versão oficial – por falhas na execução de seu trabalho e no comando de vestiário. Internamente, no clube, praticamente todos os dirigentes admitem que o ex-gerente não agradava a Aidar por ter sido contratado por Juvenal Juvêncio, seu antecessor e opositor, e por ter sido sócio do conselheiro oposicionista José Francisco Manssur em escritório de advocacia.