Após soco na cara de Aidar, Ataíde deixa vice-presidência do São Paulo

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GloboEsporte.com

Marcelo Hazan, Martín Fernandez e Tossiro Neto

Faltou sintonia fina”, diz Aidar sobre saída do vice, com quem saiu no braço em reunião; relação estremeceu por “caso Iago”; Diretores também pedem demissão.

Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar, São Paulo (Foto: Marcos Ribolli)

Ataíde e Aidar: soco, contradições e discussões levaram ao fim da relação (Foto: Marcos Ribolli)

Ataíde Gil Guerreiro deixou o cargo de vice-presidente de futebol do São Paulo na manhã desta terça-feira, horas após ter saído no braço com o presidente do clube, Carlos Miguel Aidar. Rubens Antônio Moreno, que ocupava a função de diretor de futebol desde a gestão passada, entregou o cargo em caráter irrevogável, e outros dirigentes também renunciaram em seguida.

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– Sim (demiti), ontem (segunda), e hoje (terça) ele pediu demissão. Sim, houve discussão acalorada. Faltou sintonia fina – confirmou Aidar ao GloboEsporte.com, para justificar a saída de um de seus colaboradores mais próximos.

A queda de Ataíde foi a gota d’água de uma crise que ultrapassou os limites da civilidade. Durante uma reunião de diretoria no Hotel Radisson, na zona sul da capital paulista, Ataíde acertou um soco em Aidar, que deixou o hotel dizendo que precisava imediatamente procurar seu médico.

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A briga foi revelada pela coluna “Radar”, da revista Veja, e confirmada ao GloboEsporte.com por outros dirigentes e por duas fontes de fora do clube, que presenciaram a briga. Após ser procurado para comentar a briga na noite de segunda-feira, Aidar enviou resposta ao GloboEsporte.com durante a madrugada.

– Só discutimos sobre treinador, nada além – disse.

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Os motivos da briga são nebulosos. Alguns relatos dão conta de que houve discussão pela definição do sucessor do técnico Juan Carlos Osorio, prestes a oficializar sua saída do clube. Outras pessoas apontam para uma acusação pessoal grave feita por Aidar a Ataíde, que o teria motivado a agredir seu superior.

O fato é que a relação entre os dois dirigentes já estava para lá de estremecida. Aidar e Ataíde romperam por causa da polêmica contratação do zagueiro Iago Maidana, mas também discordam sobre outros assuntos – sobre qual seria o melhor substituto para Juan Carlos Osório no comando do time. Durante a reunião de segunda-feira, os dois trocaram acusações e ofensas.

Sim (demiti), ontem (segunda-feira), e hoje (terça) ele pediu demissão. Sim, houve discussão acalorada. Faltou sintonia fina
Carlos Miguel Aidar

A interlocutores, Ataíde confidenciou arrependimento por ter dito ao GloboEsporte.com, no dia 22 de setembro, que havia avalizado a contratação do zagueiro Iago Maidana, sendo que o negócio tinha sido tocado por José Eduardo Chimello (gerente executivo de futebol) a mando de Aidar.

Dois dias depois da entrevista, ao ver o presidente se eximir da responsabilidade, Ataíde se desentendeu com Aidar e exigiu que o mandatário não o citasse como responsável pela negociação. Alguns relatos da discussão dão conta de que o vice de futebol chegou a colocar o dedo em riste.

No dia 27 de setembro, do Choque-Rei, Aidar mudou sua versão sobre o caso e não citou mais o nome do vice de futebol.

Desde então, Ataíde se irrita sempre que questionado sobre a negociação e encerra o assunto dizendo que “o presidente disse que fez a negociação”, como na terça-feira (dia 29 de setembro), antes da partida de volta contra o Vasco, quando conversou por telefone com a reportagem sobre o assunto nitidamente exaltado.

– Não falo mais. O presidente disse que foi ele que fez a negociação. Não fui eu, foi o presidente, mas não existe nada. Chega desse assunto. Não tem mais o que falar. Já está dito pelo presidente. Ele já falou que fez a negociação. Eu só falo do que eu faço. Não vejo nada de errado nessa transação. Era algo que queríamos, e o Criciúma não quis fazer conosco. Depois de alguns meses os empresários nos ofereceram.

Conselho para ser presidente

Antes da briga entre Aidar e Ataíde e de aceitar a proposta do México, Osorio conversou com o vice de futebol e disse que não conversaria mais com o presidente. O técnico colombiano sugeriu que ele tinha de se desvincular do mandatário e tentar assumir o cargo mais alto do clube. As informações foram publicadas pelo site do jornal “Lance” e confirmadas pelo GloboEsporte.com.

Guerreiro era o único dirigente em quem o agora técnico desligado do São Paulo confiava no clube. Há relatos nos bastidores de que Aidar seria o autor da mensagem crítica revelada por Osorio em entrevista coletiva após a derrota por 2 a 1 para o Ceará, no Morumbi.

Entre os prós e contras pesados antes de tomar sua decisão, o colombiano não gostou de saber nos bastidores que parte da direção depreciava a credibilidade de Milton Cruz, com o qual manteve relação de lealdade e não abriu mão da convivência até o fim.

O auxiliar, inclusive, foi cogitado para trabalhar com Osorio na seleção mexicana, mas por ora segue no Tricolor. Ele pode até ser usado como interino até a definição do novo treinador. No momento, Diego Aguirre é o nome mais cotado.

2 COMENTÁRIOS

  1. Estou adorando tudo isso! Eu não gostava do Guerreiro mesmo, e nem desde técnico inventor! Aliás, pq esse Osório não saiu antes da partida contra o Atlético PR sábado? Ah, já sei: é pq o atlético é babinha, né? Queria sair por cima! Eu sabia que ele sairia esta semana, mesmo pq jogar contra o santos é mais difícil, né? Técnico milongueiro! Vai se ferrar lá no México, vcs verão!