SP convocará reunião para mostrar gravação e documentos contra Aidar

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UOL

Guilherme Palenzuela

  • Fabio Braga/Folhapress

    Leco, presidente do conselho, diz que Ataíde terá palavra preferencial em reunião

    Leco, presidente do conselho, diz que Ataíde terá palavra preferencial em reunião

O presidente do conselho deliberativo do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, irá convocar na próxima terça-feira uma reunião extraordinária para o próximo dia 22, na qual o ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro terá palavra preferencial e será mostrada a suposta gravação em que o presidente Carlos Miguel Aidar indica prática de desvio de dinheiro do clube, entre outros documentos.

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“Será para tratar de dois assuntos: do assunto que motiva isso, que é o conflito entre o presidente e o vice de futebol, e todas suas decorrências. E da moção de desconfiança”, falou Leco ao UOL Esporte. “É por em conhecimento pleno e discussão do conselho”, acrescentou.
Segundo informado por opositores de Aidar e dissidentes da diretoria, a gravação que Ataíde diz ter em e-mail revelado pelo UOL Esporte será exposta para que todos os membros do conselho ouçam durante a reunião. Leco não nega a possibilidade. “Ataíde vai ter a palavra preferencial. Provavelmente [será mostrada], gravação e documentos”, diz.
A reunião só acontecerá no dia 22 porque para a convocação de reuniões extraordinárias do conselho deliberativo é necessário fazer o chamado com oito dias úteis de antecedência. Como o São Paulo enfrenta o Santos, pela Copa do Brasil, na noite do dia 21, a escolha foi convocar a reunião na terça-feira para que seja realizada no dia 22, no Morumbi.
Opositores e dissidentes agora articulam como proceder com o pedido de impeachment, uma vez que Carlos Miguel Aidar recusa a possibilidade de renunciar à presidência do São Paulo. É possível que na reunião do dia 22 conselheiros entreguem o requerimento para dar abertura ao processo de impeachment.
Ataíde Gil Guerreiro escreve em e-mail enviado a Aidar ter gravado, dois dias antes da briga entre eles, o presidente falando sobre como desviaria dinheiro em comissão na contratação de um jogador, sobre a tentativa de comissionar a TML, empresa de sua namorada Cinira Maturana da Silva, no contrato da Under Armour, e ainda sobre operação que seria “fraudulenta” do ex-vice-presidente de marketing Douglas Schwartzmann no clube. A gravação, segundo membros da oposição e dissidentes da diretoria, é a chave para o impeachment. Na tarde desta sexta-feira, uma reunião de opositores discute como proceder com o pedido junto ao conselho deliberativo do clube.
Se houver impeachment, Leco assumiria a presidência do São Paulo temporariamente e teria 30 dias para convocar nova eleição. O próprio Leco poderia ser candidato.O e-mail de Ataíde Gil Guerreiro a Aidar chegou na manhã desta sexta-feira a membros do conselho, na íntegra, e acelerou o processo de organização pelo pedido de impeachment, à medida que Aidar não aceita a renúncia, mesmo que aconselhado a consumá-la, segundo seus próprios aliados. Amigos acreditam que o melhor para Aidar era renunciar ao cargo para evitar o processo de impeachment e o levantamento de novos e velhos pontos polêmicos da gestão.

O São Paulo atualmente vive enorme crise de gestão. O episódio da briga entre Aidar e Ataíde Gil Guerreiro na última segunda-feira causou a exoneração do vice de futebol e iniciou processo de dissolvência da diretoria. Alguns vice-presidentes e diretores entregaram cargos, outros renunciaram e motivaram o presidente a convocar demissão coletiva, em massa. Desde a noite de terça-feira todas as vice-presidências e diretorias do São Paulo estão vazias, e o clube é comandado apenas pelo CEO Paulo Ricardo de Oliveira.Aidar tenta reconstruir a nova diretoria, mas encontra dificuldade. Na quarta-feira, a seu serviço, os conselheiros Ives Gandra e Antonio Claudio Mariz conversaram os ex-presidentes do clube e os convidaram a participar ou indicar nomes para a nova cúpula. Não obtiveram apoio. Nesta quinta-feira, há programação para que o próprio Aidar se reúna com os ex-presidentes.

Diferentes grupos agora na oposição articulam para que conselheiros que sejam convidados por Aidar para ocupar cargos não aceitem os convites. A estratégia é impedir a composição da diretoria para isolar Aidar e causar a renúncia. Importantes dirigentes que entregaram os cargos na última terça-feira já avisam que não voltarão à diretoria se convidados.