Tricolor jogou final no Pacaembu com apoio de rivais e show de Mirandinha

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GazetaEsportiva.net

Tomás Rosolino

Capa da Gazeta Esportiva traz o centroavante Mauro em destaque e aspas dos presidentes de rivais ao lado do jogador tricolor (Foto: Reprodução/Gazeta Esportiva)
Capa da Gazeta Esportiva de 12/10/1974 traz o centroavante Mauro em destaque e aspas dos presidentes de rivais ao lado do jogador tricolor (Foto: Reprodução/Gazeta Esportiva)

O São Paulo joga na noite desta quarta-feira, contra o Universidad César Vallejo, às 21h45 (de Brasília), um mata-mata de Libertadores da América da história no estádio do Pacaembu. Apesar da importância dada pelo elenco ao duelo contra os peruanos, que vale vaga na fase de grupos, essa partida certamente não tem o mesmo peso da primeira oportunidade em que isso aconteceu: final da competição em 1974, contra o Independiente-ARG, com direito a apoio de rivais entre os 51.426 pagantes e show do atacante Mirandinha na vitória de virada por 2 a 1.

“Futebol paulista unido pelas cores do Tricolor”. Foi isso o que A Gazeta Esportiva do dia 12 de outubro daquele ano estampou em sua capa, com declarações dos presidentes de Corinthians, Palmeiras, Santos e Portuguesa pedindo o apoio de seus respectivos torcedores à equipe são-paulina, pela primeira vez na final do torneio do qual hoje detém três taças na sua sala de troféus. As falas foram feitas em evento realizado na TV Gazeta e muito bem recebidas por Henri Couri Aidar, pai de Carlos Miguel Aidar, então dirigente do Tricolor.

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À época, passada a Copa do Mundo de 1974 e a eliminação do Brasil para a Holanda, os mandatários trataram o embate como um possível “resgate da imagem” do futebol nacional. “Eu também estarei lá torcendo”, apontou o folclórico Vicente Matheus, que convocou até a torcida organizada Gaviões da Fiel a sair do duelo entre Corinthians e Botafogo-SP, horas antes na Fazendinha, e rumar para o campo municipal, algo impensável atualmente.

“Vamos retribuir o apoio dado na época do Pelé”, comentou Vasco José Faé, mandatário do Santos. Pascoal Giuliano, presidente do Palmeiras, chamou os tricolores de “irmãos paulistanos” e “representantes da força do futebol brasileiro”. “Espero que a torcida leve todas as nossas bandeiras e possa apoiar o São Paulo na busca pelo título”, orientou o palmeirense.

Apesar de não ter ainda a importância da atualidade, o torneio foi o principal destaque do diário, reunindo cinco páginas, além do maior espaço da capa. Na parte dedicada às equipes, o jornal mostrava bastante otimismo quanto às chances são-paulinas. O meio-campista Zé Carlos, por exemplo, falava em golear os argentinos para ir confiante ao segundo jogo da final, na casa do adversário.

Mirandinha foi apontado como grande responsável pelo triunfo de virada dos são-paulinos sobre o Independiente na primeira final de 74 (Foto: Reprodução/Gazeta Esportiva)
Mirandinha foi apontado como grande responsável pelo triunfo de virada dos são-paulinos sobre o Independiente na primeira final de 74 (Foto: Reprodução/Gazeta Esportiva)

No dia seguinte, porém, o destaque ficou por conta de Mirandinha. O texto que relatou a partida viu o Tricolor um pouco nervoso do começo e atribuiu a isso a vantagem dos visitantes, que abriram o placar com Saggiorato, aos 28 minutos do primeiro tempo. Após o intervalo, no entanto, a conversa com o técnico argentino e ex-goleiro Poy deu início à “Noite de Gala” do Tricolor, como mostrou a capa do dia 13 de outubro.

“Rojos não puderam conter a grande virada tricolor” foi o título da matéria que exaltou a partida realizada pelo atacante Mirandinha e pelo zagueiro uruguaio Pedro Rocha. Os dois, por sinal, foram os responsáveis pela virada, com um gol marcado pelo defensor, aos três, e outro anotado pelo avante, aos cinco. As fotos da página mostravam os momentos em que o goleiro Gay, do Independiente, não conseguiu evitar os tentos dos paulistas.

Mesmo com o triunfo, no entanto, os são-paulinos tiveram de esperar 18 anos para soltar o grito de campeão. Na Argentina, Bocchini, craque dos argentinos, marcou o único gol da vitória dos locais. No duelo de desempate, realizado no estádio Nacional, em Santiago, no Chile, Pavoni, de pênalti, assegurou o 1 a 0 e o pentacampeonato dos argentinos no torneio.

Além deste duelo, o clube realizou outros cinco jogos do torneio no Pacaembu. Na própria Libertadores de 74, empatou com o Deportivo Municipal-BOL e venceu Millonarios-COL e Defensor-PER. Em 94, empatou com o Palmeiras por 0 a 0, no primeiro duelo das oitavas de final daquele ano, atuando como visitante. Mais recentemente, ficou no 1 a 1 com o Arsenal de Sarandí, em duelo pela fase grupos da edição de 2013.