GloboEsporte
Felipe Ruiz
A convite do Esporte Espetacular, técnico dá coletiva diferente em tempos de pandemia.
Fernando Diniz, técnico do São Paulo, participou de uma entrevista coletiva diferente a convite do Esporte Espetacular. Além de o papo ter sido realizado virtualmente, as perguntas foram feitas por comentaristas, ex-treinadores e jogadores. Veja a reportagem completa no vídeo acima.
Pato, Camacho, Muricy Ramalho, Grafite, Casagrande, Pedrinho, Caio Ribeiro e outros comentaristas mandaram suas perguntas. O resultado dessa experiência você confere também em texto abaixo.
Pato, Camacho, Muricy, Casagrande e comentaristas participam de entrevista coletiva virtual com Fernando Diniz — Foto: Reprodução
Pato: fala, professor! Estou aqui para fazer uma pergunta. Quero saber qual foi a sua inspiração para se formar em psicologia? Grande abraço e vamos São Paulo, professor.
Fernando Diniz: Patinho, logo logo estamos juntos de novo. É isso, vai, São Paulo. Acho que a inspiração para eu me formar em psicologia foi o desejo que eu sempre tive de me conhecer melhor e de conhecer melhor as pessoas. Se eu não fosse treinador de futebol, seria psicólogo com muito prazer, com muita alegria.
Alexandre Pato e Fernando Diniz no CT da Barra Funda, antes da pandemia — Foto: Érico Leonan / saopaulofc.net
Ney Alves (irmão do Daniel Alves): então, recentemente meu irmão falou que você é o melhor treinador do Brasil. E olha que ele já trabalhou com muita gente boa como técnico, hein? (risos) Me diz uma coisa: como que você recebe isso? E o que mais te impressionou nele dentro e fora de campo?
Fernando Diniz: o teu irmão é uma alegria. Uma honra para mim trabalhar com ele, ter esse privilégio. Tanto dentro do campo como fora dele ele é simplesmente extraordinário. O teu irmão, além de ser um grande jogador, um cara que conquistou tudo praticamente, o que ele tem de mais sagrado, de melhor, é a qualidade de poder promover e provocar nos outros o bem da coletividade. E escutar dele que eu sou um técnico que ele considera de alto nível para mim é uma grande satisfação e uma grande alegria. Fico muito feliz com isso.
Casagrande: se você jogasse hoje futebol, no meio da pandemia, com mais de 50 mil mortos no país e aumentando, e os campeonatos querendo voltar, como você faria? Você ia aceitar jogar ou você ia falar que não estava pronto pra voltar a jogar futebol pensando na sua família?
Fernando Diniz: a minha ação seria de ser mais cauteloso e agir com ponderação. Os clubes de São Paulo fizeram o correto de seguir as ordens governamentais das entidades de saúde para ter um protocolo a ser seguido. E seguimos. O que não tem sentido é a gente querer voltar de uma forma acelerada e muito atabalhoada. O pior espero que já tenha passado. Então a gente tem que tentar voltar de maneira adequada, porque já vai ser um campeonato, principalmente no seu início, desequilibrado. Porque os times que estão treinando há mais tempo têm uma vantagem muito clara. Então a gente tem que, pelo menos agora nesse momento, diminuir essa desvantagem competitiva.
Casagrande participou de entrevista coletiva virtual com Fernando Diniz — Foto: Reprodução
Muricy Ramalho: houve uma época em que os técnicos estrangeiros vieram para o Brasil mas não deram muito certo. Ao contrário do ano passado, quando vieram grandes técnicos como o Sampaoli e o Jorge Jesus, que fizeram grandes trabalhos. Eu queria saber de você por que não deu certo a primeira leva e por que deu certo com Jesus e Sampaoli? E o que eles estão acrescentando?
Fernando Diniz: todo treinador estrangeiro bom é muito bem-vindo aqui. Então, a questão não é de treinador estrangeiro. É que trouxeram dois grandes treinadores. Assim como se o Muricy e o Tite fossem treinar times lá fora, eles dariam certo, como deram certo Jorge Jesus e Sampaoli aqui. Acho que essa troca é muito positiva para o futebol brasileiro. O que a gente não pode é achar que os treinadores daqui não são bons, porque tem muita gente boa aqui.
Muricy participou de entrevista coletiva virtual com Fernando Diniz — Foto: Vanessa Santili
Caio Ribeiro: é possível que o time volte com a mesma intensidade, com o mesmo ritmo, como um dos favoritos, e eu colocava o São Paulo como um dos favoritos, para conquistar esse Campeonato Paulista?
Fernando Diniz: a gente vai ter que trabalhar para poder retomar aquele nível de atuação, Caio. Não foi uma coisa fácil. Aquilo foi uma construção de seis meses. E o que foi mais legal foi o entendimento do torcedor com o time. Ele começou a gostar do que estava vendo no campo e começou a empurrar com muita força. A atmosfera daquele jogo contra a LDU foi única. Você percebia que eles acreditavam na gente, e ao mesmo tempo nós poderíamos contar com o apoio deles. Acho que essa combinação da arquibancada com o time que foi o maior pecado da parada.
Caio Ribeiro participou de entrevista coletiva virtual com Fernando Diniz — Foto: Reprodução / TV Globo
Grafite: sei que você é um estudioso do futebol, professor. Creio que nessa pandemia você deve ter parado, visto e revisto muitos lances, muitos jogos. Como é que foi nessa pandemia? Você conseguiu achar coisas novas, vai conseguir sanar deficiências e buscar opções melhores para o São Paulo crescer nessa volta do futebol brasileiro?
Fernando Diniz: você fez um diagnóstico preciso do que eu fiz na pandemia, grande Grafite, que de fato foi assistir muito jogo. De tudo quanto é canto, principalmente os jogos do São Paulo. E quanto mais a gente assiste, mais a gente vê problema. Mas voltando agora todo mundo tem que tentar melhorar, porque tem bastante coisa pra melhorar no time. E isso é bom.
Grafite participou de entrevista coletiva virtual com Fernando Diniz — Foto: Reprodução
Pedrinho: a gente tem duas referências hoje mundiais como treinadores: Klopp e Guardiola. Os dois com a essência ofensiva, mas com modelos um pouquinho diferentes. Quais os benefícios e prejuízos desses dois modelos e como é que você vê esse embate dessas ideias de jogo?
Fernando Diniz: os dois têm um jeito ofensivo de jogar. Klopp mais agudo, com uma intensidade física mais gritante, já o Guardiola que prima por um jogo mais estético, de mais aproximação, que de uma certa forma se aproxima um pouco mais da minha ideia nesse sentido. Eu acho que os dois têm benefícios e prejuízos. É questão de gosto. Mas são dois grandes treinadores que dão um belo exemplo de bom futebol para o mundo inteiro.
Pedrinho participou de entrevista coletiva virtual com Fernando Diniz — Foto: Reprodução
Camacho: não é segredo para ninguém que aquele time do Audax mudou minha vida. Foi um divisor de águas na minha carreira e pude ter projeção nacional de novo. Então, sou muito grato ao Audax e a você. Eu queria saber quanto aquele time de 2016 te ajudou na carreira e que lembrança você guarda daquele campeonato?
Fernando Diniz: Camacho, que bom te ver! Você sabe que foi um dos grandes jogadores daquele time, um dos grandes alicerces. Foi um marco para mim, para nós. O Audax encantou e mostrou que era possível fazer algo diferente, que não necessariamente você precisava ter os jogadores mais caros para poder fazer um grande time que pudesse competir e ganhar das grandes equipes da época.
Camacho participou de entrevista coletiva virtual com Fernando Diniz — Foto: Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians
Esporte Espetacular: gostou da entrevista coletiva, professor?
Fernando Diniz: com esse time de notáveis que vocês colocaram ficou fácil. Para mim, foi uma alegria muito grande. E é o que dá para se fazer agora. Obrigado pelo convite, um prazer falar com vocês.
Fernando Diniz, do São Paulo, protegido durante atividade no CT do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
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