GloboEsporte
Eduardo Rodrigues e Marcelo Hazan
Diretoria paga salários atrasados e concentra time na busca de ambiente de paz.
O São Paulo tem apostado em deixar o ambiente do clube cada vez menos turbulento para os atletas nesse período que precede o retorno do Campeonato Paulista. O Tricolor joga na próxima quinta-feira, às 20h, contra o Bragantino, no Morumbi, pela 11ª rodada do estadual .
Após meses de incertezas em relação a salários e a volta do futebol, o São Paulo acredita que os jogadores precisam, neste momento, ter o mínimo possível de interferência extracampo para acabar com um jejum de títulos que já dura oito anos – a última conquista foi a Copa Sul-Americana de 2012.
A primeira iniciativa do clube foi levar todos os jogadores para uma concentração de sete dias no centro de treinamento das categorias de base, em Cotia. A ideia era que houvesse uma reaproximação do elenco após três meses de distanciamento por conta da pandemia do novo coronavírus.
Os treinos em dois períodos e a convivência quase que de 24 horas por dia teve resultado, de acordo com relatos obtidos pelo GloboEsporte.com e até mesmo nas entrevistas concedidas por diretores do clube e jogadores.
– Estamos perto de voltar a jogar, e eu acho que é bom para o time estar junto depois de tanto tempo separado. Eu acho que é bom estarmos juntos, fecharmos juntos – afirmou Juanfran à SPFCTV.
Daniel Alves, em treino do São Paulo — Foto: Divulgação
O período também foi importante para a diretoria de futebol acertar um outro problema que gerou grande incômodo nos atletas durante a pandemia: o pagamento dos salários atrasados e um novo acordo de corte.
As primeiras conversas sobre o assunto aconteceram antes mesmo da ida a Cotia. Ainda no CT da Barra Funda, Raí, diretor executivo de futebol, reuniu todos os jogadores e afirmou que o dinheiro da venda de Antony serviria para pagar os atrasados.
A promessa acalmou alguns jogadores mais incomodados. No final de junho, o GloboEsporte.com recebeu relatos de atletas que não receberam salário ou apenas o equivalente a 20% do vencimento de junho.
Raí, Chapecó e Alexandre Pássaro no CT do São Paulo, na Barra Funda — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Já em Cotia (período entre o dia 8 de julho a 15 de julho), os diretores se reuniram com alguns jogadores e reafirmaram o compromisso de quitar as pendências nesta semana de início do Paulistão.
O clube, então, começou a realizar o pagamento dos 50% da CLT dos meses de junho e julho na última sexta-feira após receber a primeira parcela da venda de Antony.
Além disso, avançou em uma negociação com os atletas para uma redução de 25% dos salários na CLT do início das competições para frente. Ou seja, os jogadores só voltariam a receber o pagamento integral em 2021.
Treino do São Paulo no CT de Cotia — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
O respiro neste momento não significa, porém, que o São Paulo está livre dos problemas financeiros. Além da dificuldade para quitar os salários, o clube carrega uma dívida que passa dos R$ 500 milhões, com um déficit de R$ 156 milhões ao final de 2019, de acordo com balanço financeiro do clube.
Sem o dinheiro de bilheteria devido à determinação das autoridades de ter jogos sem torcida, o clube estima que haverá uma perda de 30% a 40% de receita ao final do ano. A folha salarial do clube é de cerca de R$ 12 milhões mensais.
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