GloboEsporte
Leonardo Lourenço
Eliminado do Paulista pelo Mirassol, clube enfrenta pressão por títulos com trocas de técnicos e altos gastos, mas remédios não funcionam em década de derrotas e só uma taça.
Pouco depois da eliminação para o Mirassol, no Morumbi, na quarta-feira à noite, pelo Campeonato Paulista, a direção do São Paulo tratou de abafar a possibilidade de troca na comissão técnica comandada por Fernando Diniz.
Um sinal de que há pressão pela troca.
Não chega a ser novidade que um técnico tenha seu emprego por um fio após um vexame como o sofrido pelo São Paulo nas quartas de final de estadual.
No Morumbi, que se tornou um moedor de técnico nos últimos anos, a situação é recorrente e deve preocupar Fernando Diniz, mesmo o treinador tendo sido elogiado pelo trabalho desenvolvido.
Alexandre Pato teve atuação ruim em São Paulo x Mirassol — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Mas há agravantes. O primeiro, óbvio, é que a eliminação se deu para uma equipe pequena, que foi desfigurada durante a paralisação do Paulista causada pela pandemia de Covid-19. O Mirassol perdeu 18 jogadores, oito titulares.
O Campeonato Paulista era a melhor oportunidade de tirar o São Paulo da fila. São 15 anos sem vencer o torneio, oito anos sem vencer qualquer torneio – desde a Sul-Americana de 2012.
É tempo demais para um time que passou a primeira metade deste século, ainda jovem, se gabando de uma agora distante soberania.
A equipe de Fernando Diniz parecia a mais preparada para levantar o troféu no próximo dia 8 de agosto. Era o time mais interessante do Paulista quando o campeonato parou. Durante a paralisação, viu o Palmeiras perder seu principal jogador (Dudu), o Corinthians se enfiar num buraco de dívidas, e o Santos preso numa longa crise financeira e política.
Vencer o Paulista aliviaria o enorme peso do jejum de títulos no Morumbi. Peso que tem causado estragos no clube.
Leco encerrá mandato sem títulos no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
O São Paulo abandonou qualidades como responsabilidade financeira e blindagem a técnicos.
Sob a gestão do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, iniciada em 2015, foram 10 trocas de treinadores, uma única final (Paulista de 2019), nenhuma taça. E assim será, já que o mandato termina em dezembro e não há como vencer qualquer título até lá, já que o Brasileiro, a Copa do Brasil e a Libertadores só terminarão no início de 2021.
Trocar de treinador não adiantou, torrar dinheiro também não. O São Paulo passou a gastar alto na contratação de jogadores, sem retorno. Só em 2019, foram R$ 130 milhões, segundo relatório do banco Itaú BBA divulgado nesta semana. Nos últimos cinco anos, R$ 416 milhões.
Nenhuma taça. E uma dívida acumulada de R$ 526 milhões que estrangula o clube, que ficou devendo salários aos atletas no começo do ano, antes da pandemia que já ampliou os estragos dessa crise financeira.
A campanha eleitoral que se aproxima não deve ajudar. Num clube conturbado, é possível que a corrida pela cadeira de Leco gere ainda mais turbulências.
Os remédios escolhidos pelo São Paulo não funcionaram. Aumentar a dose não deve dar resultado. O clube precisa passar por um diagnóstico mais profundo para compreender os motivos desses seguidos fracassos.
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