GloboEsporte
Fred Ribeiro e Marcelo Hazan
Reconhecidos pela ousadia no estilo de jogo, técnicos duelam pela terceira vez na carreira.
Jorge Sampaoli, do Atlético-MG, e Fernando Diniz, do São Paulo, vão se enfrentar pela terceira vez na carreira no encontro entre mineiros e paulistas nesta quinta-feira, às 20h, no Mineirão, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro.
Nos dois confrontos anteriores, o técnico argentino levou a melhor. No ano passado, ainda pelo Santos, ele venceu o Fluminense de Diniz e depois, quando o colega já estava no São Paulo, houve empate.
À época do duelo contra o time carioca, Sampaoli destacou a posse de bola do time do agora técnico do São Paulo. E, mais adiante, o empate que o Tricolor arrancou do Santos na Vila Belmiro é visto por Diniz como um dos melhores jogos sob o seu comando.
Sampaoli x Fernando Diniz: novo capítulo entre os treinadores — Foto: InfoEsporte
Nas suas próprias palavras: “o Santos, pela maneira como Sampaoli conduziu o trabalho dele, achava muito difícil de ser batido na Vila. Embora tenha sido empate, tivemos mais chances de ganhar do que o Santos”.
O primeiro encontro de Sampaoli e Diniz, no entanto, foi fora dos gramados. No congresso “Somos Futebol” da CBF, em abril do ano passado, palestraram juntos e expressaram a “visão de futebol”.
“Fernando é um técnico que propõe um futebol que eu gosto de ver”, disse Sampaoli, em 2019.
Jorge Sampaoli e Fernando Diniz em Santos x São Paulo — Foto: BP Filmes
Posse de bola, ataque sustentado, congestionar a área do adversário, coragem para quebrar linhas na transição da defesa para o ataque. Esses são ingredientes e produtos do trabalho de ambos.
Mas há diferenças na execução das ideias. Os times de Sampaoli são frenéticos e tentam se instalar o mais rapidamente possível no campo de ataque, usando muitas vezes cinco jogadores à frente para afundar os rivais e gerar espaço para quem inicia a construção.
Diniz é menos rock’n roll. Trabalha mais no campo de defesa até encontrar o caminho e não costuma abrir mão de ter sempre muitos jogadores próximos à bola. Ambos trabalham com espaços, mas Sampaoli agride mais.
Na visão de Sampaoli, Fernando Diniz é um adversário raro no Brasil que tenta duelar usando formatações parecidas.
– Temos visões do futebol parecidas. Nos atrai o jogo com a bola, depois há características diferentes entre ele e eu. Falei com ele no congresso da CBF, me pareceu uma pessoa que ama o jogo. Compartilhei futebol com ele e foi muito interessante. Me agrada muito por como sente e pratica o esporte – disse Sampaoli, após o primeiro duelo entre ambos em campo.
Tite, Jorge Sampaoli e Fernando Diniz em evento na CBF, em abril de 2019 — Foto: Lucas Figueiredohttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Na mesma época, Fernando Diniz também foi instigado a falar de Sampaoli. Se mostrou um admirador do treinador do Atlético-MG e, mais do que isso, vê o argentino como aliado. Os embates com ele não necessariamente podem ser classificados pela palavra “contra”, mas também pela junção de ideias para enriquecer o esporte.
– Primeiro, um grande prazer, alegria. Poder ter um treinador do nível dele no Brasil. E poder jogar contra é sempre muito bom. Contra e com. Tentando construir um futebol melhor, mais bem jogado. O jogo foi muito bom – disse Diniz.
“O meu maior objetivo é mostrar que o futebol pode ser algo prazeroso e transporte isso para o público”, disse Diniz, durante o congresso da CBF em 2019.
Contrapontos
Atlético-MG e São Paulo estão em situações diferentes no Campeonato Brasileiro. O Galo começou de forma empolgante, com três vitórias nas três primeiras rodadas. Entretanto, teve duas derrotas e encara o Tricolor em franca recuperação. O time paulista venceu as últimas três rodadas, incluindo o clássico contra o Corinthians no último fim de semana.
Fernando Diniz, prestes a completar um ano no Morumbi, teve um reforço contratado pela diretoria do São Paulo: Luciano, com quem trabalhou no Fluminense. Embora não tenha indicado o nome do atacante, alvo antigo do próprio Tricolor, Diniz aprovou a contratação, na troca com o Grêmio por Everton.
Sampaoli é a antítese. Quase diariamente cobra reforços no Atlético. Desde que chegou, em março, o Galo contratou nove jogadores, sendo que oito foram após a pandemia que paralisou o futebol. Nenhum outro técnico teve mais reposição do que o argentino, que segue em busca de contratações.
Neste aspecto, ainda que tenha olhos para as categorias de base – convocando jovens para o banco de reservas – Sampaoli busca jogadores já prontos que adequem à sua filosofia.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Fernando Diniz, por outro lado, utiliza os ingredientes disponíveis no clube, e os adapta à maneira que julga mais adequada para vencer os jogos. Antony, hoje no Ajax, recuperou seu bom futebol sob o comando do treinador. Mais recentemente, Diniz adicionou nova posição a Léo, lateral-esquerdo de origem e agora zagueiro titular.
No Mineirão, voltarão a se enfrentar, com a expectativa de quem irá ter mais a posse de bola, mas com a certeza que não poderão se aproximar fisicamente para, assim como nas fotos acima, reforçar o carinho que um nutre pelo outro.
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