Goleada no Flamengo mostra como o São Paulo, de fato, evoluiu em um ano

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UOL

Julio Gomes

Um ano e um mês atrás, Fernando Diniz estreou como técnico do São Paulo, no Maracanã, com um empate sem gols contra o Flamengo. Neste domingo, o time dele voltou ao mesmo estádio, contra o mesmo adversário, e goleou por 4 a 1. É o time que menos perdeu pontos no Campeonato Brasileiro até agora (seria líder se vencesse os jogos a menos que tem). Quem não gosta do trabalho Diniz, costuma ironizar o treinador quando ele fala em “evolução”. Eu pergunto: de um ano para cá, o São Paulo é um time melhor ou pior?

Eu digo que hoje é um time menos sólido defensivamente do que era – e este, é, sem dúvida, o ponto de evolução ainda necessário para Diniz em sua carreira. Em compensação, é um time que sabe o que quer em campo, joga com coragem e qualidade. Qual São Paulo o torcedor tricolor prefere? O que levava poucos gols ou o que joga bola? Tenho certeza que a resposta é: “o que ganha”. Bom, até aqui, nenhum dos dois ganha. Nenhum São Paulo ganha nada há quase 10 anos. Mas considero que a versão atual tem muito mais chances de ganhar alguma coisa do que a anterior.

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Que time do Brasil é capaz de golear o Flamengo no Maracanã? Poucos. Somente os que jogam futebol sem medo. Entre eles, está o São Paulo. Um ano atrás, não estava. Hoje, o Flamengo poderia ter vencido o jogo. E ainda assim estaria claro como o São Paulo evoluiu e hoje é capaz de jogar de igual para igual com o campeão do país e do continente. Daquele Flamengo histórico de Jorge Jesus, não entraram jogando um ano atrás, na estreia de Diniz, os laterais Rafinha e Filipe Luís e o meia Gerson. Os três entraram no decorrer da partida.

Já o time de hoje tinha cinco “titulares”: Isla (que substitui Rafinha), Filipe Luís, Gérson, Éverton Ribeiro e Bruno Henrique. Mas o de hoje tem um elenco mais completo, gente como Pedro. Tudo isso precisa ser levado em conta. O São Paulo, se comparado ao do ano passado, tinha em campo Volpi, Bruno Alves, Reinaldo, Luan, Tchê Tchê e Daniel Alves. A grande diferença individualmente? Hoje Diniz tem em mãos uma dupla de ataque bem mais eficiente: Brenner e Luciano.

Nomes à parte, o São Paulo de hoje é um time que sabe muito melhor o que quer fazer. Pode falhar na execução? Claro que sim. Mas é fiel a um jeito de ver e sentir o futebol. Que está mais de acordo com o futebol que se joga mundo afora. O jogo deste domingo poderia ter acabado com vitória do Flamengo. Thiago Volpi defendeu dois pênaltis! Um com o jogo empatado, outro com 3 a 1, o que significaria a reação do time da casa em busca do empate. Volpi foi decisivo. Mas quantos jogos o São Paulo de Diniz deixou de ganhar por causa do goleiro adversário ou das próprias falhas nas finalizações?

Precisamos ser capazes de analisar futebol em função do desenvolvimento do jogo, não só das execuções (e resultados). Os técnicos determinam como será uma partida de futebol. Logo, cabe aos jogadores, em campo, fazer as coisas acontecerem. Eles acertam e erram. A partida do Maracanã foi muito equilibrada no primeiro tempo. No segundo, o São Paulo foi melhor e abriu vantagem. Depois, soube se defender – evolução. Aliás, o São Paulo já fez um monte de jogos assim com o Diniz. Hoje, as coisas deram certo (bolas entraram, goleiro pegou dois pênaltis, etc). Eu exalto o jeito corajoso de jogar. Mas pelo jeito o que a turma vai exaltar é o “chutão” no quarto gol. Credo.

Diniz ainda tem um débito a ser resolvido. O São Paulo está melhorando na transição defensiva, mas não evolui muito na bola parada aérea. Sofreu gols idênticos contra Fortaleza e Lanús, que poderiam (um) e podem (o outro) significar eliminações. Há muito trabalho a fazer. Eu ainda não coloco o São Paulo como um time capaz de ser campeão brasileiro – sigo achando este um campeonato que só pode ser perdido pelo Flamengo, destacado o melhor elenco. Sabemos, também, que a paz para Diniz só dura até a próxima partida. A patrulha apaixonada é enorme. Mas essa goleada sobre o melhor time do Brasil… ninguém tira dele.

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