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Thiago Fernandes
Nem mesmo o fato de enfrentar um dos maiores ídolos da história do São Paulo deve servir de combustível para Fernando Diniz incentivar ainda mais os jogadores para a partida desta noite, tampouco o comandante teme que os pupilos sofram com a pressão de encarar o poderoso Flamengo dirigido pelo ex-goleiro, no Maracanã. O treinador cita constantemente em suas entrevistas que não se prende ao aspecto tático para instruir os atletas do Tricolor. Psicólogo de formação, também se alicerça em fatores mentais para comandar a sua equipe no cotidiano.
O cuidado do técnico com o ambiente vai do que é noticiado pela imprensa à pressão vinda da torcida em redes sociais. Ele e sua comissão técnica ficam atentos às variações anímicas dos jogadores por causa da repercussão de ações no dia a dia.
Diniz tenta blindar o elenco e transformar o CT da Barra Funda em uma espécie de bolha para que o ambiente externo não interfira em seu trabalho, sobretudo antes de jogos considerados decisivos. Mesmo em momentos positivos, como o que antecede o jogo de hoje (11), contra o Flamengo, pela ida das quartas de final da Copa do Brasil, o técnico pede aos seus comandados que não deixem se influenciar com o que vem de fora das quatro linhas.
Hoje, o São Paulo vive momento positivo na temporada. Com três jogos a menos em relação ao líder Inter e o terceiro colocado Flamengo, a equipe ocupa a quarta posição do Campeonato Brasileiro e tem o melhor aproveitamento da competição — 64,7%. O rival de hoje, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã, acaba de modificar o comando — Rogério Ceni substitui o demitido Domènec Torrent — após duas derrotas acachapantes, uma delas sofridas para o Tricolor paulista por 4 a 1, em pleno Maracanã.
O clima favorável é refutado por Fernando Diniz nos bastidores. O treinador teme que a empolgação vinda do ambiente externo prejudique os seus comandados durante a partida. Pessoas ligadas à comissão técnica afirmam que há uma luta diária para combater o ambiente de animação que seja prejudicial ao elenco no CT da Barra Funda.
Lado psicólogo recuperou atletas.
A formação acadêmica de Diniz e a preocupação com a parte anímica do elenco não se restringem às situações positivas. O treinador também contribuiu na recuperação de jovens atletas no decorrer da atual temporada. Gabriel Sara e Brenner são dois jogadores que contaram com o auxílio do treinador para reagir após momentos de extrema pressão. O caso mais curioso é o do meio-campista.
O jovem de 21 anos foi promovido aos profissionais em 2018, ainda sob a batuta de Dorival Júnior. À época, participou de alguns treinos do plantel. Todavia, não se firmou no time principal e voltou para Cotia. Em 2019, voltou a figurar entre os profissionais e ganhou nova chance nesta temporada. Nas primeiras oportunidades, recebeu muitas críticas. Mesmo que tentasse ficar alheio ao mundo externo, o jovem caiu de rendimento. O trabalho de Diniz nos bastidores foi fundamental para a sua recuperação.
“O professor Diniz além de treinador é um cara muito humano. Ele não quer ganhar você só como jogador, ele quer ganhar você como pessoa. É um cara que apoia muito a gente, independentemente de ser dentro ou fora de campo. Ele me deu muita confiança em um momento difícil que passei, não só ele como o grupo todo também. Acredito que a gente tem que devolver cada vez mais essa confiança e tudo o que ele aposta na gente”, afirmou Gabriel Sara, que hoje soma quatro gols e uma assistência em 23 jogos na temporada.
O caso de Brenner é semelhante. Depois de trabalhar ao lado do atleta no Fluminense, no ano passado, Diniz pediu a sua volta ao São Paulo. Os primeiros passos após o retorno não foram tão positivos. Ele era tratado como o reserva imediato de Pablo no elenco. Contudo, em pouco tempo, se recuperou e passou a ser tratado como o principal nome do plantel. O jovem de 20 anos soma 15 gols e três assistências em 25 partidas.
A recuperação também contou com a participação especial de Fernando Diniz. O próprio técnico revela o trabalho feito com o atleta. “Temos que saber se aproximar dos jogadores. A maior parte dos problemas não é tático, físico ou técnico. É saber oferecer um continente em que o jogador possa se sentir confortável. O Brenner, eu levei para o Fluminense, entrava quase todo jogo. Quando saí, ele não foi mais relacionado. Pedi que se reintegrasse aqui. É muito talentoso, tem carisma do gol, é frio, técnico. Mas é jogador que precisa de apoio e tempo. Não dá para resolver o problema de todo mundo, mas quando tem a predisposição de ajudar a pessoa que está por trás do jogador”, declarou.
FICHA TÉCNICA: FLAMENGO x SÃO PAULO Motivo: ida das quartas de final da Copa do Brasil Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ) Data: 11 de novembro de 2020 (quarta-feira) Horário: às 21h30 (de Brasília) Árbitro: Anderson Daronco (Fifa/RS) Assistentes: Rafael da Silva Alves (Fifa/RS) e Michael Stanislau (RS) VAR: Daniel Nobre Bins (RS) FLAMENGO: Hugo Souza; Matheuzinho, Natan, Gustavo Henrique e Renê; Willian Arão, Thiago Maia, Gerson e Vitinho; Bruno Henrique e Gabigol. Técnico: Rogério Ceni SÃO PAULO: Tiago Volpi; Juanfran, Diego Costa, Bruno Alves e Reinaldo; Luan, Daniel Alves, Gabriel Sara e Igor Gomes; Brenner e Luciano, Técnico: Fernando Diniz.
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