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Julio Gomes
Estávamos todos esperando muito, e Flamengo e São Paulo entregaram bem pouco na noite desta quarta, no Maracanã. O time de Fernando Diniz, que fez uma partida ruim, bem abaixo do que costuma apresentar, volta para casa com uma vitória achada: 2 a 1. Está tudo aberto para a volta na Copa do Brasil. O jogo ficará marcado pelo erro do jovem goleiro Hugo, que deu um gol para Brenner no finalzinho. Mas, à parte este lance, foi uma partida ruim, decepcionante.
Algumas semanas atrás, o Fortaleza, de Rogério Ceni, e o São Paulo, de Diniz, empataram em um eletrizante jogo de ida nas oitavas, que acabou em 3 a 3. Um jogaço. O desta quarta não teve nada a ver. Foi um jogo lento, estudado, em que os times mostraram pouca ambição. O Flamengo teve mais ocasiões porque recebeu mais presentes. O São Paulo ganhou porque aproveitou melhor o presentão que recebeu.
Mas, com a bola nos pés, os dois times jogaram em primeira marcha, com dificuldades para acelerar, encontrar espaços, levar trabalho real para a defesa adversária. A lentidão foi a grande marca do São Paulo nesta quarta. O time de Diniz nunca conseguiu acelerar a troca de passes e isso ficou claro já no primeiro tempo, quando o São Paulo nem chegou a finalizar a gol.
O Flamengo não exerceu uma pressão tão agressiva para recuperar a bola, mas fechou bem as linhas de passe. É um jeito de marcar, sem apertar o portador da bola, mas diminuindo as opções dele. Simplesmente ocupando espaços, conseguiu forçar alguns erros do adversário, especialmente dos zagueiros. A bola não queima nos pés de Volpi, Daniel Alves, Reinaldo ou dos meio-campistas. Mas, quando são os zagueiros são-paulinos na saída de bola, o risco é constante. Bruno Alves esteve em uma noite complicada nesse aspecto. Teve a sorte que o jovem goleiro Hugo, do outro lado, não teve.
Alguns destes erros resultaram nas melhores chances de gol do Flamengo, mas o time de Ceni tampouco estava fino da tomada de decisões. Gabriel Barbosa está sem ritmo, Bruno Henrique segue desaparecido e Michael mal participou. A maior parte das jogadas de perigo do Flamengo saíam na aceleração de Vitinho pela direita. O fato é que o Flamengo sente demais a falta de Filipe Luís e Éverton Ribeiro para a construção do jogo desde trás. Foram várias bolas rifadas sem sentido para o campo de ataque.
O segundo tempo começou com um gol para cada lado. Na primeira bola do São Paulo, Sara achou um passe precioso para Brenner ficar cara a cara e marcar. Ato seguido, De Arrascaeta foi quem deu um belo passe para Gabigol. A bola foi cortada, mas Bruno Henrique pegou o rebote e assistiu Gabriel para o empate. Parecia que o jogo iria pegar fogo, mas não pegou. O São Paulo continuou lento e errático na saída de bola. O Flamengo teve mais posse no campo de ataque, mas também foi incapaz de acelerar e criar grandes problemas para a defesa são-paulina. Luciano, de um lado, e De Arrascaeta, do outro, perderam as melhores chances de mudar o placar.
No finalzinho, ironicamente, foi o Flamengo que errou na saída de bola. Hugo, que havia entrado no lugar de Daniel Alves e feito bom defesa contra Luciano, errou a tentativa de driblar Brenner e entregou o 2 a 1 para o São Paulo. No fim, o São Paulo ganha de um Flamengo desfalcado e, pelo jogo ruim que fez e os erros que cometeu, tem mais é que comemorar muito. A lógica de jogo de sair com a bola de trás e de adiantar as linhas quando avança para o ataque é muito boa. Mas, quando não funciona, vira a grande inimiga.
O Flamengo, por outro lado, vai ficar frustrado com a derrota – já seria assim com o empate. Porque teve várias chances não aproveitadas nos erros do São Paulo. Com a bola, o time não mostrou nada muito promissor – mas, como já escrevi antes, Filipe Luís, Éverton Ribeiro e De Arrascaeta (ainda sem ritmo) fazem falta demais. Sem a bola, o Flamengo já mostrou sinais de que a vida será outra com Rogério Ceni. Foi um time mais agressivo em busca da recuperação do que era com Domenec. O Flamengo vai melhorar com Ceni, principalmente quando recuperar tantos jogadores titulares. E o São Paulo não fará mais tantos jogos tão ruins.
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