No próximo domingo, São Paulo e Palmeiras vão se enfrentar no Pacaembu no atípico horário das 11h (de Brasília), pelo Campeonato Paulista. Antes previsto para às 16h, o confronto foi antecipado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) por causa dos protestos do movimento “Vem para a rua” agendados para horário original do clássico. Mas não será a primeira vez que os torcedores vão assistir ao “Choque-Rei” no horário matutito.
Em 20 de agosto de 1995, Palmeiras e São Paulo decidiram a Supercopa São Paulo de Futebol Júnior, às 10h, no Pacaembu, torneio criado pela FPF com campeões e vices da Copa São Paulo. O confronto foi decidido na morte súbita, com vitória alviverde por 1 a 0, gol do centroavante Rogério. Mas o que se viu na sequência foi uma batalha campal.
Os torcedores do Palmeiras invadiram o campo para festejar o título, que, naquele momento, representava a maior glória da base alviverde. No meio dos festejos, também provocaram os são-paulinos, que ainda não tinham deixado o estádio municipal. Foi o início da confusão.
A torcida tricolor invandiu o gramado e iniciou uma briga geral. Ambos os lados aproveitaram pedaços de pau, pedras e outros objetos que faziam parte da reforma do setor do tobogã, então fechado para o acesso dos torcedores, para se degladiar.
A confusão foi transmitida ao vivo e representou a maior confunsão em campo no Brasil.
O jornal Folha de S.Paulo registrou na edição do dia 21 de agosto que 80 torcedores e 22 policiais saíram feridos. O número oficial seria ainda mais chocante: 102 feridos e um morto: Marcio Gasparin da Silva, 16. Torcedor do São Paulo, ele foi atingido diversas vezes na cabeça. Ficou internado por oito dias no Hospital das Clínicas, em coma, até morrer.
Pela primeira vez no país uma briga no futebol levou torcedores à julgamento, mas houve apenas um condenado: Adalberto Benedito dos Santos, responsabilizado pela morte de Marcio Gasparin da Silva. A pena foi 14 anos de prisão. Ele cumpriu quatro, segundo noticiou O Estado de S. Paulo, no “aniversário” da tragédia, no ano passado.
A confusão fez com que o Ministério Público decretasse a extinção das torcidas “Mancha Verde”, que ressurgiu como “Mancha Alviverde”, e a “Independente”, que na prática apenas alterou a estrutura e continuou na ativa. O Pacaembu ficou interditado por um tempo.
Um dos personagens daquela época era Fernando Capez, então promotor público. Atualmente deputado estadual por São Paulo (PSDB), ele foi o responsável pelo pedido de extinção das torcidas naquele ano.
Investigado na Operação Alba Branca, que busca desvendar um esquema de fraudes em merendas de pelo menos oito escolas públicas da cidade, Capez é também alvo de protestos de todas as organizadas em São Paulo.