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Thiago Fernandes
“É uma informação nova, me disseram que o São Paulo estava com dinheiro, que poderia comprar todo mundo”, disse Hernán Crespo em tom de brincadeira, durante sua apresentação como novo treinador do Tricolor, ontem (17). O bom humor e a leveza ditaram a tônica do primeiro contato do argentino com a mídia brasileira — e o torcedor são-paulino. Ciente do tamanho do desafio que terá à frente, o novato treinador, mas ex-centroavante de renome mundial, tocou de lado a pressão do trabalho que acaba de assumir.
A dívida de quase R$ 600 milhões, o orçamento baixo para a temporada e os oito anos de jejum de títulos não soaram como um fardo para Crespo, que já disputou três Copas do Mundo pela Argentina. Leve, como quem sempre teve frieza na cara do gol, o ex-artilheiro de Lazio, Inter de Milão, Milan e Chelsea foi bastante transparente em sua chegada. E, principalmente, mostrou segurança no discurso, ainda que não em língua portuguesa.
Auxiliado por um tradutor durante a conversa com a imprensa, o novo comandante do São Paulo riu em diversas ocasiões, não importando que estivesse assumindo pela primeira vez o comando de um clube de milhões e milhões de torcedores. O tom é de que não existe, na verdade, pressão alguma —embora ele saiba muito bem o quanto seu novo clube precisa de um título, a começar pelo Campeonato Paulista 2021. “Como penso em lidar com a pressão? As coisas são naturais, sou uma pessoa bastante calma. Eu joguei no River Plate, bem jovem, uma equipe grande da América do Sul. Em toda a minha vida como jogador, eu convivi com a pressão.Minha ideia é fazer o mesmo como treinador e essa é uma grande oportunidade para mostrar mais uma vez esse desafio”, afirmou.
Lembrando que, antes do São Paiulo, ele foi o técnico dos juniores do Parma e do time principal do Modena na Itália e, ao retornar ao seu país, dirigiu Banfield e Defensa y Justicia, pelo qual venceu a Copa Sul-Americana. A entrevista de introdução de Crespo durou pouco mais de 30 minutos de conversa, numa conferência virtual. O técnico estava no Centro de Treinamento, ao lado do novo presidente do clube, Julio Casares. Ao menos em sua forma de se expressar, pareceu realmente tudo muito novo, e não só por conta do idioma. O carisma do argentino é expansivo, numa postura bastante distinto à de seu antecessor, Fernando Diniz.
O antigo dono do cargo costumava ser mais introspectivo ao conceder entrevistas, sobretudo em momentos de pressão. Os momentos de irritação do ex-comandante, demitido em 1º de fevereiro passado, foram constantes, principalmente em questões avessas ao seu pensamento. Crespo dá indícios de que terá um comportamento distinto em frente às câmeras e aos microfones. Ele fez apenas um pedido — mesmo que velado — durante a sua entrevista. O técnico clamou por paciência durante o seu trabalho no Morumbi.
“A minha intenção é manter um rendimento constante e alto, manter a equipe de maneira muito competitiva, vamos precisar do apoio de todos os jogadores do plantel. Isso requer esforço, mentalidade e físico. Precisamos de um plantel muito competitivo, mantendo a linha, o pensamento e a paciência para construir algo”, comentou. “A tranquilidade é que vou fazer o futebol que gosto, que me apaixona. Para mim, jogar bem significa ter ocasiões de gol. Isso requer tempo, treinamentos e paciência, porque todas as construções requerem tempo. Vamos ter momentos difíceis”, acrescentou.
O contrato de Hernán Crespo com o São Paulo tem duração de duas temporadas. O compromisso do argentino se encerra em dezembro de 2022. Ele ainda não tem data definida para a sua estreia à frente do clube paulista.
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