GloboEsporte
Eduardo Rodrigues
Ex-treinador da base do São Paulo deixou comando depois de quase 11 anos no clube.
Depois de quase 11 anos de São Paulo, o ex-técnico do sub-20 do Tricolor, Orlando Ribeiro, foi demitido em fevereiro desse ano após acumular títulos no período. A despedida repentina e inesperada foi encarada com certa frustração.
Contratado em 2010 como um avaliador de jovens jogadores, Orlando Ribeiro comandou todas as categorias de base (sub-15, sub-17 e sub-20). Quando Fernando Diniz foi demitido, no início de fevereiro, Ribeiro acreditou que poderia ter a oportunidade de fazer uma espécie de transição para o profissional.
– Depois de passar por sub-15, sub-17 e sub-20, qual que é o próximo passo? Seria uma oportunidade no profissional, assim como os garotos têm, uma transição. Entendia que poderia ser uma oportunidade de transição para mim também. O Vizolli assumiu, que é o natural, já participava e era a função e ele precisaria de um auxiliar depois que o Diniz saiu – afirmou Orlando Ribeiro.
– A ideia, não só minha mas de muitas pessoas que me perguntavam, era se o treinador do sub-20 não deveria fazer essa transição. Não estou dizendo que tenho mágoa, mas uma frustração. Foi explicado pelo Biazotto que eu não fui auxiliar do Vizolli porque a gente não queria desguarnecer o sub-20. Eu aceitei, mas no fundo fica aquela de “poderia ser dessa vez” – completou.
Orlando Ribeiro, ex-técnico do sub-20 do São Paulo — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net
Um dos grandes responsáveis pela formação de inúmeros garotos que despontaram no futebol mundial e estão fazendo sucesso na Europa, como os mais recentes Antony e David Neres, Orlando Ribeiro também participou efetivamente da evolução dos garotos hoje comandados por Hernán Crespo.
Muitos deles são observados por clubes europeus e se tornaram peças importantes do elenco principal. No entanto, para Orlando Ribeiro nenhum desses o representa mais do que Welington, o lateral-esquerdo de 20 anos que teve sua primeira oportunidade como titular dos profissionais diante do Flamengo, na última rodada do Campeonato Brasileiro.
– Nós tivemos muitos jogadores de qualidade na base. Muitos de qualidade que não chegaram no profissional, em algum tempo do processo não deu certo. Mas o que representa e acredito que se der um tempo, um momento para se adaptar é o Welington, lateral-esquerdo. Eu digo que ele me representa porque em 2015 ou 2016 ele teve que fazer um tratamento, tomar um remédio que ele ficou totalmente debilitado. Eu falo e lembro, porque ele tinha dificuldade de andar. A gente encontrava ele no CT muito magro. Ele foi até internado, e em um espaço muito curto, de dois ou três meses, ele estava jogando e como titular – contou Orlando Ribeiro.
Welington está no São Paulo desde 2014, quando ainda tinha 13 anos. E sempre impressionou pela boa chegada no ataque e segurança defensiva. Por conta disso, geralmente era utilizado em uma categoria superior à da sua idade.
Welington em treino do São Paulo — Foto: Divulgação São Paulo
Aos 17, o garoto já era presença certa nas escalações do sub-20. Foi campeão da Copa do Brasil sub-20, em 2018, e da Copinha, em 2019, atuando em praticamente todos os jogos.
Isso também lhe rendeu uma marca expressiva pela base do Tricolor. No sub-20, Welington já acumula 107 jogos. No sub-17, por exemplo, foram apenas 37 jogos. No sub-15 ele disputou 26 partidas.
– É um menino que tem qualidade, tem competitividade, responsabilidade, porque no sub-20 foi titular dois anos comigo. Eu tive as passagens praticamente iguais a dele na vida, de família humilde, mais difícil e tem essa situação de melhorar. E quando eu cheguei no São Paulo foi a primeira coisa que falei a eles. Entender o clube e se dedicar ao máximo. Todos que estão no profissional se dedicam, tenho carinho por todos, mas eu cito o Welington. Torço para ele, que se dedique cada vez mais. Sempre dou o exemplo dele para os garotos – acrescentou o treinador.
Orlando Ribeiro está sem clube e ainda não conseguiu repassar o exemplo de Welington para novos garotos. No entanto, o treinador se diz realizado pelo que fez no São Paulo em uma década de trabalho.
– A maior conquista que nos sentimos muito bem é quando o menino sobe para o profissional, é elogiado, convocado pela seleção brasileira. Então não tem satisfação melhor do que ver que você participou de um jeito ou de outro – disse.
A única tristeza que ficou foi a de não ter conseguido abraçar os funcionários do CT de Cotia em sua despedida, devido à pandemia do novo coronavírus.
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