Atlético-MG e São Paulo se enfrentam com novos projetos e velhos conhecidos

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UOL

Thiago Braga

Quando subirem para o gramado do Mineirão, neste domingo (13), às 16h, para se enfrentarem, Atlético-MG e São Paulo colocarão à prova a história do confronto e a capacidade de ver quem pode ir mais longe na disputa pelo título do Campeonato Brasileiro. Desde 1971, passando por 1977 e chegando em 2020, os dois times protagonizaram grandes duelos pelo torneio. Agora, buscam consolidar a mudança de projetos e tentar quebrar a hegemonia de Flamengo e Palmeiras, os últimos campeões nacionais.

De 16 de dezembro para cá, a última vez que Galo e São Paulo se enfrentaram, muita coisa mudou. Fernando Diniz e Jorge Sampaoli deram lugar a Hernán Crespo e Cuca, respectivamente. Mais do que a troca de treinadores, a mudança no comando técnico dos dois clubes tinha como principal motivo a ruptura com um sistema que priorizava a posse de bola como estratégia para anular os adversários.

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O São Paulo foi buscar na Argentina o campeão da Copa Sul-Americana. O pedido foi claro: um time vertical que pudesse explorar a força de Reinaldo e que fizesse Daniel Alves voltar a jogar pelo lado direito, mas como ala, contando com a proteção de três zagueiros para poder apoiar o ataque. Missão dada, missão cumprida. Com Crespo, o camisa 10 retornou à lateral direita, cresceu nos momentos decisivos e ajudou, mesmo que não tenha estado em campo na final do Campeonato Paulista, a tirar o time da incômoda fila sem títulos.

O Galo buscou em Cuca um reencontro com o passado vitorioso. Foi ele o técnico que fez com que Ronaldinho Gaúcho reencontrasse a magia que parecia perdida. Com o “bruxo” alegre e voando em campo, o clube mineiro conquistou o maior título de sua centenária história: a Libertadores de 2013. Na esteira daquela conquista ainda teve Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil e Campeonato Mineiro. Assim como aconteceu com Crespo, a volta de Cuca deu resultado imediato e o Atlético-MG foi campeão estadual em 2021.

Estadual não é o suficiente De dezembro para cá, o São Paulo perdeu Juanfran, Tchê Tchê (emprestado ao Galo) e Brenner, um dos destaques da equipe naquele momento. Para esta temporada, repatriou o ídolo Miranda, e trouxe Orejuela, William, Benítez, Rigoni e Éder, na tentativa de dar a Crespo mais opções e mais experiência ao time. O Atlético-MG foi mais ousado no mercado, trazendo um dos destaques do futebol sul-americano nos últimos anos, o meia argentino Nacho Fernández, e apostou no poderio ofensivo de Hulk para poder “esmagar” as defesas adversárias. Até aqui, na temporada, Hulk já balançou as redes adversárias 11 vezes.

Apesar de ter sido surpreendido em casa, na estreia do Brasileirão, pelo Fortaleza, Hulk marcou e o Galo venceu o Sport, fora de casa, na última rodada. O São Paulo, porém, ainda não venceu, vem de derrota para o Atlético-GO por 2 a 0 fora de casa, e ainda não marcou nenhum gol no torneio. Nova derrota pode levar o Tricolor para a zona de rebaixamento ao final da 3ª rodada. Além do Brasileiro, os dois times seguem firmes na Libertadores. O clube mineiro fez a melhor campanha da fase de grupos com 16 pontos, com 5 vitórias, 1 empate, 15 gols marcados e só 3 sofridos.

O São Paulo não foi tão dominante assim e ficou em segundo lugar em sua chave, com o Racing-ARG em primeiro. Ir bem nas competições de mata-mata, como Libertadores e Copa do Brasil, é fundamental para os dois clubes. O Galo tem dívida na casa de R$ 1 bilhão, enquanto a do Tricolor bate em R$ 600 milhões. Por isso o sucesso nos torneios curtos é primordial, o campeão da Copa do Brasil, por exemplo, embolsa aproximadamente R$ 70 milhões ao longo da competição.

Inimigos íntimos Cuca e o São Paulo têm uma história de pouco sucesso esportivo e muitas frustrações. Contratado para remontar o Tricolor em 2004, Cuca foi o responsável por levar ao Morumbi a base da equipe que seria campeã Paulista, da Libertadores e Mundial em 2005 e tricampeã brasileira em 2006, 2007 e 2008. Voltou em 2019, já consagrado pelos títulos da Libertadores e Brasileiro com Atlético-MG e Palmeiras, respectivamente. Mas o time, que chegou ao vice-campeonato Paulista, não engrenou. Contratações não pedidas pelo técnico, como as de Alexandre Pato e Daniel Alves, aceleraram o processo de saída do técnico.

Além de Cuca, outro nome conhecido do Tricolor é Tchê Tchê. Embora não possa estar em campo hoje por conta de uma questão contratual, já que está emprestado pelo São Paulo ao Galo, o volante teve papel importante na derrocada do clube na luta pelo título brasileiro do ano passado: após Fernando Diniz xingar o jogador na derrota por 4 a 2 para o Red Bull Bragantino, o clima no vestiário Tricolor azedou e o técnico não conseguiu fazer a equipe retomar o rumo para a conquista.

O goleiro Everson também tem sua carreira ligada ao São Paulo, onde atuou nas categorias de base e foi colega de time de jogadores como Lucas Moura, Casemiro, Oscar e Breno. Com a camisa Tricolor, Everson venceu um mundialito sub-17 na Europa depois de eliminar o Real Madrid nas semifinais. Desfalques Para o jogo deste domingo, os dois times terão de lidar com a falta de peças importantes. Daniel Alves, Benítez e Luan, ainda em recuperação de lesão, não jogam. Arboleda, com a seleção equatoriana, também é desfalque. Liziero, que estava com a seleção pré-olímpica do Brasil, retorna e deve ser titular no meio de campo.

Além de Tchê Tchê, que só poderia entrar em campo se o Atlético-MG pagasse a multa de R$ 1 milhão estipulada pelo São Paulo, o Galo não poderá contar com Zaracho, com Covid-19, e Junior Alonso (Paraguai), Alan Franco (Equador), Eduardo Vargas (Chile) e Savarino (Venezuela) foram convocados para a Copa América e só voltam à equipe no mês de julho.

FICHA TÉCNICA Motivo: 3ª rodada do Brasileirão Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG) Data: 13 de junho de 2021 (domingo) Horário: às 16h (de Brasília) Árbitro: Anderson Daronco (Fifa/RS) Assistentes: Rafael da Silva Alves (Fifa/RS) e Michael Stanislau (Fifa/RS) VAR: Daniel Nobre Bins (RS) Assistente do VAR: André da Silva Bittencourt (RS) ATLÉTICO-MG Everson; Guga, Igor Rabello, Réver e Dodô; Allan e Jair; Hyoran, Nacho e Arana (Keno); Hulk. Técnico: Cuca.

SÃO PAULO Tiago Volpi; Bruno Alves, Miranda e Léo; Igor Vinicius (Rigoni), Rodrigo Nestor (Shaylon), Sara, Liziero e Reinaldo; Pablo e Luciano. Técnico: Hernán Crespo.

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