Daniel Alves não é um protagonista; a seleção olímpica deveria ter três jogadores mais velhos que fizessem a diferença

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GloboEsporte

Walter Casagrande

O custo-benefício no São Paulo não está valendo a pena.

Começam no mês que vem as Olimpíadas de Tóquio, que seriam em 2020, mas obviamente foram transferidas para 2021 por causa dessa terrível pandemia.

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O futebol, como sempre, começa antes: no dia 22/7, com a abertura no dia 23.

Como comentarista, trabalhei em três Olimpíadas. A primeira foi a de Atlanta, em 1996, quando a Seleção, com um supertime, foi eliminada pela Nigéria com o gol de ouro do Kanu depois de estar vencendo por 3 a 1.

Em 1996, Brasil perde da Nigéria por 4 a 3 e dá adeus ao sonho do ouro olímpico

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Depois, foi a de 2000, em Sidney, com o futebol sendo jogado em Brisbane. O Brasil caiu de novo com o gol de ouro, mas dessa vez para a República de Camarões, que estava com dois jogadores a menos – eles haviam sido expulsos. No final da prorrogação, Modeste M’Bami eliminou o Brasil, e mais uma vez o ouro escapou.

Em 2000, Camarões elimina Brasil nas quartas de final dos Jogos de Sydney

Em 2000, Camarões elimina Brasil nas quartas de final dos Jogos de Sydneyhttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

E comentei a vitória do Brasil contra a Alemanha no Maracanã em 2016, vencendo o ouro inédito. Era o que faltava para o futebol brasileiro, já pentacampeão do mundo com a seleção profissional.

Melhores momentos: Brasil (5) 1 x 1 (4) Alemanha na decisão do ouro Olímpico

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Agora o Brasil irá defender esse título. O técnico André Jardine convocou os 18 jogadores que participarão das Olimpíadas e esbarrou em nosso péssimo calendário.

Jogadores importantes com idade olímpica e os principais com mais de 23 anos não foram liberados pelos seus times. O PSG não liberou Neymar e Marquinhos, o Flamengo também não liberou o Pedro, e o Palmeiras vetou o Weverton.

Durante Copa América, Olimpíadas e Copa do Mundo, os campeonatos deveriam parar para que as seleções usassem os melhores jogadores sem prejudicar os clubes.

Os dirigentes dos clubes também são responsáveis por essa bagunça do futebol brasileiro, porque concordam e assinam o calendário do nosso futebol.

O Daniel Alves foi convocado com 38 anos para os Jogos Olímpicos na turma daqueles que têm mais de 23 anos e vai desfalcar o São Paulo em um momento difícil no Campeonato Brasileiro.

Eu li a matéria do Mauro Cezar Pereira (no site Uol) dizendo que o São Paulo deveria fazer um acordo com o Daniel e rescindir o contrato. E eu concordo com o Mauro, porque até agora o custo-benefício não está valendo a pena, e o Tricolor arrumou uma dívida desnecessária para um jogador que entregou muito pouco.

E na minha opinião, só deveriam ser convocados três jogadores mais velhos que realmente fizessem a diferença, caso de um grande atacante e um grande goleiro, como foi em 2016

O Daniel vai acrescentar experiência de seleção profissional, e não de Jogos Olímpicos. E não é um protagonista, como ficou provado no Tricolor paulista. Ele não criou uma identificação com a torcida e é bastante contestado, até porque nas partes decisivas do Campeonato Paulista, inclusive na final contra o Palmeiras, jogou o Igor Vinícius. E foi muito bem.

Daniel Alves, aos 38 anos, disputará os Jogos Olímpicos com a seleção brasileira — Foto: Getty Images

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Assim como o Mauro Cezar e tantos outros jornalistas esportivos, acho que nas Olimpíadas deveriam levar jogadores jovens e que ainda não são titulares nos seus clubes, já que os campeonatos por aqui não param e os clubes compram jogadores caros e pagam seus salários. Não é justo que fiquem desfalcados dos seus jogadores em meio a competições importantes.

O futebol brasileiro tem que parar e começar tudo novamente para ver se consegue organizar um calendário em que dê para fazer tudo sem prejudicar os clubes, a Seleção e principalmente os jogadores.

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