Rivaldo vê chance de Seleção para Willian e lembra situação “muito triste” no São Paulo

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GazetaEsportiva

Iúri Medeiros 

Pentacampeão mundial e com rica história no futebol, Rivaldo segue acompanhando a Seleção Brasileira e as notícias que envolvem os grandes craques da atualidade. O ex-jogador concedeu entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva para falar dos mais variados assuntos sobre o mundo da bola e relembrar alguns momentos marcantes em sua carreira.

Durante a conversa, Rivaldo elogiou Willian, recente contratação do Corinthians em um dos negócios mais esperados nesta última janela de transferências. Segundo o craque, o jogador ex-Arsenal tem totais condições de voltar a vestir a camisa da Seleção Brasileira e ajudar o Timão dentro de campo.

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Além disso, Rivaldo mostrou frustração por sua passagem no São Paulo, em 2011, quando não recebeu tantas chances de jogar como esperava. “Fiz meu melhor, mas não tive oportunidades. As críticas vinham em minha direção por nada, não jogava e não tinha sequência. Na minha época teve muito isso, me criticavam e olhavam para minha idade. Essa foi minha tristeza, mas a torcida do São Paulo me apoiou o tempo inteiro”, disse o ex-jogador e atualmente embaixador da Betfair.net.

Gazeta Esportiva – O Brasil disputa agora a Eliminatória e ano que vem tem mais uma Copa do Mundo pela frente. Como você avalia o trabalho do Tite até o momento?

Rivaldo – A avaliação do Tite está mais positiva que negativa, pelos jogos, vitórias. Claro que as críticas sempre vão existir, as pessoas começam a falar que as vitórias são só nos clubes, mas são poucos jogos para avaliar na Seleção, contando amistosos e as competições que o Brasil disputa. Claro que a Seleção perdeu algumas partidas, mas são coisas do futebol. O Tite está positivo e acredito que tem que ir ao Mundial, tentar conquistar. Claro que se chegar lá e não vencer vai ter uma cobrança em cima dele, serão duas Copas e nenhuma conquista, mas agora não é momento de querer tirar o treinador,  o ambiente não fica legal. Isso ocorreu em 2002 e deu certo, mas nem sempre é assim. Quando você tem uma equipe formada, com um treinador com tempo de trabalho, isso facilita muito. Acredito que ele tem que ficar até o final para buscar esse título.

Gazeta Esportiva – E domingo tem a reedição da final da Copa América entre Brasil e Argentina… Qual sua expectativa para o confronto?

Rivaldo – Esse jogo vai ser difícil como sempre é, mas acredito que o Brasil é favorito, apesar de ter perdido a final da Copa América. O Brasil tem grandes jogadores e acredito que vai fazer um bom jogo e conseguir a vitória. A Seleção já está praticamente classificado para o Mundial, é jogar com tranquilidade e buscar a vitória. Esquecer o que já passou e fazer de tudo para vencer.

Gazeta Esportiva – Você teve um momento muito especial em um Brasil e Argentina, que foi o amistoso que acabou 4 a 2 para o Brasil, no Beira-Rio, em 1999. Você acabou com a partida, marcando três gols. Qual foi sua sensação naquele momento e o quanto aquele jogo está guardado na sua memória?

Rivaldo – Falar de Brasil e Argentina traz muitas boas lembranças. Teve esse jogo em Porto Alegre, no qual eu fiz três gols, um feito que só eu, Ronaldo e Pelé conseguimos. Fico honrado com isso, não é fácil esse feito. Foi um amistoso, eram dois jogos, perdemos o primeiro na Argentina por 2 a 0 e em Porto Alegre conseguimos um 4 a 2 e tive a felicidade de estar em um dia inspirado. Foram três gols e fiz um anulado, que não estava impedido. Quando se fala em Brasil e Argentina não tem como não lembrar desse momento histórico na minha vida.

Gazeta Esportiva – Muito se debate sobre o nível de hoje dos jogadores brasileiros em relação a outros períodos de glórias do Brasil. Como você avalia os jogadores que defendem a Seleção Brasileira atualmente?

Rivaldo – São bons jogadores. Sempre falo que o Brasil precisa ter um jogador com mais personalidade. São jogadores que atuam muito bem nos clubes, mas precisam de mais personalidade, como o Neymar. O Neymar não tem medo de nada, vai para cima, quer ganhar o jogo de qualquer maneira. Sinto que o Brasil precisa ter um jogador com o mesmo espírito dele, brigando para fazer o “algo a mais”, não só deixar a responsabilidade em cima dele. Na minha época tínhamos eu, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e outros que apareciam para fazer “aquela fumaça”, para que as outras seleções nos respeitassem. Falta isso, um Gabigol fazer o que faz no Flamengo na Seleção, ter personalidade. É um grande jogador, que admiro, mas tem que tirar a timidez. Tem muitos jogadores tímidos na Seleção e lá eles têm que ir para cima, jogar da mesma maneira que atuam nos clubes, sem medo. E o treinador tem que dar aquela oportunidade, aquela confiança para o jogador para que ele atue como atua no clube. Às vezes o jogador entra já com a responsabilidade de marcar e se não fizer gol acaba saindo do time. Coloca o Gabigol e, se ele não faz, coloca o Firmino e ainda tem o Jesus, com o treinador rodando eles. Tem que dizer “você é o cara” e dar confiança, que nem é feito com o Neymar. Jogador de futebol precisa da confiança do treinador, esse indefinição prejudica o atleta.

Gazeta Esportiva – Por falar em Neymar, ele voltará a atuar ao lado de Messi, dessa vez no PSG. Tendo em vista que ele foi para o clube francês em busca de um protagonismo maior, você entende que a chegada do craque argentino pode acabar tirando os holofotes do brasileiro?

Rivaldo – Acredito que essa chegada do Messi ao PSG é positiva para o Neymar. O Messi vai ajudar muito o Neymar, vai tentar de qualquer maneira ajudá-lo a conquistar a Bola de Ouro, pela amizade que eles têm. Penso que o Messi é grato ao Neymar por essa transferência ao PSG, são amigos dentro e fora de campo. É importante você ser o melhor do mundo, então o Messi já sendo seis vezes, indo para sete, vai ajudar o Neymar a conquistar isso. É boa essa ida do Messi para lá.

Gazeta Esportiva – Por outro lado tem o Barcelona, clube que você conhece tão bem… Como fica a situação do Barça sem seu grande craque? Quais são as perspectivas para o futuro?

Rivaldo – Em termos de Barcelona, o clube vai ter que seguir. Acredito que o Barcelona vai encontrar dificuldade no início, mas vai ser um Barça forte. Os jogadores vão se unir e mostrar que a equipe não depende do Messi, que o grupo é forte. Isso acontece nos clubes, sai uma estrela e o grupo se une. Acredito que essa será uma grande temporada para o Barcelona, vejo muitas pessoas duvidando, mas acredito que o clube vai chegar longe tanto na Champions League como no campeonato nacional.

Gazeta Esportiva – O futebol brasileiro vive um momento em que muitos jogadores consolidados na Europa têm retornado ao Brasil. O caso mais recente é o de Willian, que voltou ao Corinthians após boas temporadas na Inglaterra. Como você avalia essa chegada do Willian ao Timão?

Rivaldo – Acredito que a volta do Willian ao Corinthians é boa para o próprio jogador, que tem 33 anos e tem possibilidade de jogar na Seleção. Daniel Alves tem 38 e está conseguindo, foi campeão olímpico. Willian tem tempo e voltando, com esse pensamento de vestir a camisa da Seleção, pode conseguir isso. Ele é um atleta que o Corinthians necessitava, joga muito, então acredito que ele está com esse pensamento de fazer algo diferente para que ele possa ter a chance de ser convocado novamente. Se o treinador da Seleção dá oportunidade para jogadores com idade mais avançada, ele tem essa chance também. Voltar para o Brasil te dá essa possibilidade, ainda mais quando você não está em uma situação tão boa na Europa. Ele sabe da pressão do Corinthians, mas tem um grande futebol e pode retornar à Seleção.

Gazeta Esportiva – Em 2011, aconteceu algo semelhante no Brasil, com a chegada de Ronaldinho Gaúcho ao Flamengo e a sua passagem pelo São Paulo. Como foi esse seu período no Tricolor Paulista?

Rivaldo – Voltei ao São Paulo em 2011 e estava com 38 anos. Ainda me encontrava muito bem, mas não tive muitas oportunidades de jogar. A torcida do São Paulo me apoiava sempre a cada jogo, gritava meu nome, queria que eu jogasse. Sempre que eu jogava tentava fazer o meu melhor, mas não tive tantas oportunidades. Hoje a gente vê o Daniel jogar todos os jogos com essa idade e quando eu fui para o São Paulo não me colocavam para jogar. O treinador não me colocava, mesmo com o apoio da torcida. Me deixava fora até do bando e isso foi triste. Me sentia bem nos treinamentos, estava bem, mas jogava muito pouco. Aí tinha sempre dois, três da imprensa que me criticavam. Hoje você vê o Daniel Alves jogando Olimpíadas com 38 anos, atuando tranquilamente. Nenê, outros… E ninguém fala nada, porque eles estão jogando. Fiz meu melhor, mas não tive oportunidades. As críticas vinham em minha direção por nada, não jogava e não tinha sequência. Na minha época teve muito isso, me criticavam e olhavam para minha idade. Essa foi minha tristeza, mas a torcida do São Paulo me apoiou o tempo inteiro. O treinador, na época o Carpegiani, não me colocava para jogar, e fiquei muito triste. Minha idade me atrapalhou, as pessoas me viam como alguém que tinha que ter parado, hoje o tratamento é diferente. Idade não tem nada a ver, a confiança do treinador que é o diferencial.

Gazeta Esportiva – Continuando no Brasil e indo para o Palmeiras, outro clube que você jogou, como você avalia o trabalho do Abel Ferreira no clube? Mesmo com títulos importantes, ele ainda sofre com algumas críticas…

Rivaldo – O Abel está fazendo um trabalho excelente, com títulos, semifinal agora na Libertadores. Está muito bem, escuto algumas críticas quando ele fala alguma coisa de torcida, mas o seu trabalho é excelente. Veio, deu certo, “casou” com o Palmeiras. Está de parabéns, agora briga por mais uma final. Só tem que ter cuidado com o que fala, porque às vezes as pessoas podem interpretar de forma diferente. Tem sucesso, busca título, não é fácil ainda mais se tratando de um português que veio da Grécia, não é fácil.

Gazeta Esportiva – Sobre Libertadores, tem alguma previsão? Há um favorito entre os clubes classificados na semifinal da competição?

Rivaldo – Difícil. É Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo, com todo respeito ao outro adversário (Barcelona-EQU), mas é difícil que avance. Vai ficar no Brasil, mas difícil falar em favorito. Todos estão bem. Quem ganhar vai ser merecido, são grandes clubes e todos merecem disputar uma final.

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