Mais do que fiscalizarem a Conmebol à distância, os brasileiros querem se ‘sentar à mesa’ e assumir o protagonismo com a Liga Sul-Americana de Clubes. Essa foi uma das discussões que marcou o terceiro encontro da entidade, nesta quinta-feira, no estádio do Morumbi, em São Paulo, e que, ainda que de forma sutil, opôs os cartolas locais de representantes de outros países.
Ao todo, estiveram presentes pelo Brasil o anfitrião São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Inter.
Como pretendem dar um viés mais comercial à Liga Sul-Americana, eles insistiram que a capital paulista seja definida como a sua sede.
Existe também a preocupação de se afastar da Conmebol e evitar alternativas que causem estranheza como Luque, cidade vizinha a Assunção, capital do Paraguai, que abriga hoje o prédio da confederação.
O Peñarol sugeriu ainda Montevidéu enquanto que o Boca Juniors, Buenos Aires.
A expectativa é de que o assunto seja selado no próximo encontro dos clubes, em 19 de maio, em Assunção.
Por trás da ‘campanha’ em torno de São Paulo, há o desejo de fazer com que a Liga Sul-Americana não sirva apenas para monitorar o trabalho da Conmebol, mas também para negociar os contratos e contando, assim, como sede com um dos principais centros financeiros da América Latina.
Foi feita informalmente, durante as conversas, a pergunta sobre onde cada um montaria a sua empresa para defender a linha de pensamento.
Não está descartado, nesse primeiro momento, que a Conmebol siga organizando os campeonatos.
A estimativa atual é de que a confederação entregue aos times somente 1/3 de toda a grana faturada com acordos de publicidade e de direitos televisivos. Mesmo com aumento recente após pressão inicial, o valor hoje não supera U$ 600 mil (R$ 2,1 milhões) por partida como mandante. Uma das exigências é que os atuais contratos sejam abertos para que, assim, se distribua o dinheiro de maneira ideal.
Os clubes não querem deixar o momento passar. Apenas em 2015, a Conmebol teve três presidentes, dois deles presos – Nicolás Leoz e Eugenio Figueiredo – e outro detido – Juan Ángel Napout – após investigações do FBI no futebol. A entidade é agora comandada pelo paraguaio Alejandro Domínguez.