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Eduardo Rodrigues
Reunião do Conselho é virtual, mas são-paulinos marcaram presença em manifestação no clube.
Um grupo de torcedores do São Paulo protestou na porta do Morumbi na noite desta quinta-feira contra a votação que pode promover mudanças no estatuto do clube. Por conta da manifestação, inclusive, a reunião do Conselho Deliberativo foi previamente marcada para ser realizada virtualmente. O clube alega ter feito isso devido a um estudo de médicos que recomendaram o distanciamento por conta da Covid-19.
Pedindo mais transparência nas decisões políticas do clube, os torcedores também levaram cartazes com dizeres “golpe não”, “separa São Paulo” (pedindo a separação do futebol do social) e “mais amor ao SPFC”. O presidente Julio Casares também foi alvo, sendo chamado de “covarde”.
Ana Rosa, torcedora do São Paulo, em protesto — Foto: Eduardo Rodrigues
Estiveram presentes 185 conselheiros na reunião on-line. Cerca de 100 torcedores marcaram presença no protesto. Entre eles, a dona Ana Rosa.
– Eles nunca procuram fazer mudanças pra melhorar o São Paulo, só fazem pra melhorar pra eles próprios. Se eles se propõem a dirigir um clube, precisam pensar nos torcedores. É como um presidente da República precisa pensar no povo – disse Ana Rosa, são-paulina de 65 anos e que diz frequentar todos os jogos do Tricolor no Morumbi, tanto masculino quanto feminino.
A reunião virtual entre os conselheiros começaria com um debate, e, a partir das 22h, eles poderiam votar no sistema, que permanecerá aberto até as 17h desta sexta, quando será conhecido o resultado.
Presidente do São Paulo, Julio Casares, é chamado de covarde em protesto
Entenda a votação
O processo acirrou os ânimos entre conselheiros e torcedores, foi parar na Justiça e motivou a instauração de um inquérito policial por causa de ameaças direcionadas ao presidente do Conselho, Olten Ayres de Abreu.
As propostas apresentadas tendem a ampliar os poderes dos atuais ocupantes das 260 cadeiras do Conselho Deliberativo e, também, da diretoria do clube.
Entre as mudanças sugeridas, está a possibilidade de o presidente ser reeleito, o que pode beneficiar o atual mandatário, Julio Casares – ele se recusa a dizer se será candidato, caso seja permitido. O documento fala na possibilidade de “continuidade de projetos e gestões que se demonstrem efetivamente positivos e benéficos” ao clube.
Torcedores do São Paulo protestam nas porta do Morumbi contra mudança no estatuto
Justificativa semelhante é usada para defender a ampliação do mandato dos conselheiros de três para seis anos – inclusive dos que formam o Conselho atualmente, empurrando a próxima eleição para 2026.
Essa mudança diminui a participação dos associados no processo eleitoral do São Paulo, já que o sócio elege os conselheiros, e são os conselheiros quem elegem o presidente.
Como a eleição para presidente – indireta – continuará sendo realizada a cada três anos, não haverá renovação do Conselho a cada pleito, como é feito hoje.
Protesto na porta do Morumbi contra votação do estatuto — Foto: Eduardo Rodrigues
Essa renovação também será menor, quando feita. Isso por causa de outra proposta, que prevê a diminuição do número de conselheiros dos atuais 260 para 200.
Há, atualmente, 100 conselheiros eleitos. Esses diminuirão para 80 já na próxima eleição.
Além disso, haverá um corte no número de conselheiros vitalícios, de 160 para 120. Essa queda será gradual. De acordo com o que se propõe, dez novos conselheiros vitalícios serão eleitos cada vez que forem abertas 15 vagas – seja por morte ou por renúncia.
Quando essa diminuição estiver concluída, haverá novo impacto na eleição para presidente do clube.
Segundo o estatuto em vigor, uma chapa candidata precisa da assinatura de pelo menos 55 conselheiros vitalícios, restando outros 105 para a criação de uma segunda chapa – o modelo atual impede a criação de uma terceira chapa.
Com 120 vitalícios, uma chapa que alcance 66 apoios – apenas 11 a mais do que o necessário – inviabilizará a criação de uma chapa concorrente. Atualmente, são necessárias 106 assinaturas para que uma eleição seja disputada por chapa única no São Paulo.
A votação foi parar nos tribunais paulistas nesta semana. Um grupo de oposição tentou barrar a reunião sob alegação de que ela foi convocada irregularmente e de que as mudanças visam perpetuar o atual grupo no poder do clube.
Uma liminar foi negada em primeira instância sob o argumento, defendido pelo São Paulo, de que a reunião irá analisar e encaminhar as propostas para a Assembleia de Sócios, que então irá aprovar ou não as alterações. Os opositores recorreram, mas o recurso também foi negado.
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