GloboEsporte.com
Alexandre Lozetti
Meia muda movimentação do início de jogo, vai de encontro à bola e faz equipe jogar, principalmente com Michel Bastos e Mena, para construir goleada sobre o Trujillanos.
O simples gesto de ir e vir definiu a goleada de 6 a 0 do São Paulo sobre o Trujillanos. Enquanto Ganso estava indo, se juntando a Calleri quase como um segundo centroavante, não houve como se aproveitar da frágil marcação venezuelana. Mas bastou ele começar a vir ao encontro da bola e participar do jogo desde o início para as coisas clarearem.
Não é que a fácil vitória tenha sido graças a Ganso. Seria exagero dizer isso. É que não havia mesmo ninguém melhor do que o meia para fazer a bola fluir com rapidez nos espaços do campo, principalmente do lado esquerdo do ataque.
O movimento era simples. Na origem dos lances, quando a bola ainda estava nos pés dos zagueiros Maicon e Rodrigo Caio, Ganso deveria recuar e não avançar. Demorou alguns minutos para que isso acontecesse, e nesse período, a bola ficou sobrevoando o campo de ataque em tentativas infrutíferas de lançamento.
Ganso entendeu o jogo. Aproximou-se do triângulo que havia no lado esquerdo, com Mena, Michel Bastos e um dos volantes – ora Hudson e com maior frequência João Schmidt – para ajudar a construir a vitória. No campinho abaixo, do lado esquerdo, um triângulo é formado por Hudson, Mena e Michel Bastos. À direita, João Schmidt, Mena e Ganso desenham a figura com seus posicionamentos. Ambos os lances culminaram em finalizações dos dois volantes após rápida troca de passes. O voleio de Hudson passou perto, e a conclusão de Schmidt foi certeira.
Costumam ser pela esquerda as melhores jogadas do São Paulo. A aproximação na direita, com Bruno e Kelvin, não é tão natural. Mesmo assim, o atacante se virou. Foi pra cima no mano a mano e, quando a bola estava do outro lado, sendo tabelada e costurada, Kelvin fez o movimento correto: entrou na área e fez o gol.
A cada gol marcado, o Trujillanos mandava para o espaço o pouquinho de organização que tentou levar ao Morumbi – chegou a marcar pressão no ataque no fim do primeiro tempo –, e o São Paulo tinha seu caminho mais facilitado.
As substituições e o desenrolar do segundo tempo, com 4, 5, 6 a zero (veja os gols no vídeo abaixo), “bagunçaram” um pouco o São Paulo. E isso deverá ser necessário, só que com maior sincronismo, nas próximas rodadas. Ainda que consiga ser envolvente, a equipe é estática no 4-2-3-1 de Edgardo Bauza. Há posições muito bem definidas. Isso é bom pelo lado do entrosamento e ruim pela previsibilidade.
Contra o River Plate, na semana que vem, e nas finais do Paulistão, será preciso ainda mais.