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Alexandre Lozetti e Marcelo Hazan
Técnico revela que argentino foi designado como batedor e Ganso como segunda opção, e diz que sequência de erros deve estar no livro dos recordes.
Quando o árbitro paraguaio Ulises Mereles apontou pênalti para o São Paulo, a reação de Edgardo Bauza foi imediata:
– Fiquei preocupado (risos). Queria que fizessem – admitiu.
Não é para menos. Até a goleada por 6 a 0 sobre o Trujillanos, da Venezuela, a equipe havia perdido cinco de seis pênaltis em 2016. Dessa vez, Calleri, designado pelo treinador, bateu dois. Acertou um e errou o outro, mas conseguiu marcar no rebote, para alívio do Patón.
O técnico, entretanto, não poupou o centroavante e reprovou as cobranças.
– Para mim, ele bateu mal os dois pênaltis. Mas foi gol, é o que importa. E foi bom para cortar isso também porque devia ser recorde mundial, deve estar no Guinness (livro dos recordes). Errar cinco de seis? – disse o argentino, ainda inconformado com os erros anteriores.
O fato de Calleri ter se apresentado para as cobranças surpreendeu o Morumbi. No último fim de semana, o zagueiro Maicon “furou a fila”, que tinha Ganso como batedor, e acabou desperdiçando sua cobrança. Na preleção, antes de pegar o Trujillanos, Patón definiu Calleri como batedor.
– Eu defini que Calleri bateria. Na conversa com os jogadores eu disse que se houvesse pênalti, o Calleri bateria. E, se ele não estivesse em campo, bateria o Ganso.
No segundo pênalti, incentivado pela torcida e por alguns jogadores, Michel Bastos pediu ao atacante argentino para bater, mas Calleri fez prevalecer a ordem de Bauza.
Veja a entrevista completa do treinador:
Evolução ou fragilidade do rival – É difícil colocar porcentagens. Jogamos com a ideia de colocar muito ritmo e pressão. Isso provocou dois gols muito rápidos e quase não demos possibilidades ao rival. Mantivemos durante toda a partida. O rival tentou pressionar mais acima num momento, mas a boa circulação de bola os impediu de fazer esse trabalho.
Calleri – Tem uma grande vontade e vocação, não se entrega nunca. Isso lhe deu a possibilidade de fazer quatro gols hoje, mas ele sempre exige muito da defesa rival. Eu me alegro por ele porque ele precisa desses prêmios para continuar motivado. Às vezes bem, outras mal, mas ele tem uma entrega muito grande.
River Plate x The Strongest – Vamos ver o que se passa, sei que se quisermos passar de fase, teremos que ganhar do River e ver que resultado teremos que buscar em La Paz, um empate ou uma vitória. Não vai ser fácil, estamos pagando muito caro a partida que jogamos aqui (derrota por 1 a 0 para o The Strongest, no Pacaembu). A equipe não estava como está agora, evoluindo todos os dias. Temos ilusão de tudo: chegar à final do Paulista, passar de fase na Libertadores. Oxalá isso seja possível.
João Schmidt – Ele já vinha fazendo boas partidas, tem grande volume de jogo, domínio de bola, boa definição, altura. Ele estava esperando uma oportunidade e fez uma boa partida, assim como as anteriores. É um jogador muito versátil e útil.
Adaptação do futebol brasileiro – O problema maior é a metodologia de trabalho pela quantidade de partidas. Tivemos que aprender rápido para mudar. Em qualquer parte do mundo se tem uma semana para trabalhar, menos aqui com setenta e tantas partidas por ano. Isso joga contra técnicos e equipes. Por sorte, temos um plantel que entendeu a ideia de jogo, a metodologia. Para mim, pessoalmente, é um desafio muito importante na minha carreira, pela qualidade do futebol e dos treinadores daqui. É um privilégio treinar o São Paulo e competir com os técnicos daqui. Estou aproveitando para crescer.
Goleada – Não há que se iludir com o 6×0. Domingo teremos uma partida muito difícil (contra o São Bento, pelo Paulistão), não vamos encontrar algumas facilidades que encontramos hoje, mas é bom fazer seis gols pelo resultado e o aspecto anímico. Os jogadores estão contentes, entusiasmados, amanhã terão um dia livre depois de três meses (risos).
Notícia sobre relação ruim com os jogadores – Li num diário da Argentina que reproduziu um jornal daqui. Não sei qual é a intenção. Tenho uma relação muito boa com os atletas, como sempre tive. No vínculo de técnico e jogador, encontro uma resposta permanente deles. Minha experiência diz que estamos cada dia melhores. Não sei o que busca esse jornal e nem me interessa porque minha relação com os jogadores é excelente.
Já ganhou de 6×0? – Minha equipe? 6×0? Creio que nunca (risos)! De cinco acho que sim. É um resultado atípico para a Libertadores, mas, como eu disse aos jogadores no vestiário, espero que nos sirva para classificar.
Morumbi – Escuto deles que estão felizes, é a casa deles, o lugar onde, quando começaram a jogar no São Paulo, eles queriam fazer história, gols, ganhar jogos, campeonatos, dar volta olímpica. Noto que estão felizes de voltar. Porém, o campo de jogo não está em boas condições. Sabíamos disso, calculo que faltam uns 15 dias para estar bom. Mas estar em casa melhora o ânimo dos jogadores.