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José Edgar de Matos e Leonardo Lourenço.
Desde o retorno para sua passagem no clube, treinador do Tricolor tem falado abertamente sobre questões de mercado com a imprensa e também cobrado a diretoria.
Rogério Ceni possui diálogo para além do cargo que tem no São Paulo. Em sua segunda passagem como técnico do clube, o ídolo mantém contato direto com a diretoria sobre questões fora das quatro linhas e as leva a público quando acha pertinente aumentar a cobrança.
Um bom exemplo foi no último domingo, no clássico contra o Corinthians. Perguntado sobre a janela de transferências do meio do ano, Ceni fez um apelo aos dirigentes para não vender nomes importantes como Rodrigo Nestor e Igor Gomes por valores abaixo dos 10 milhões de euros (R$ 51,3 mi).
A diretoria, por outro lado, admite a necessidade de vender atletas, inclusive por ofertas abaixo do “piso” do treinador. Sem Gabriel Sara, praticamente fora da vitrine após a lesão, Nestor e Igor Gomes surgem como os principais alvos para o meio do ano.
Não foi a primeira vez que Rogério Ceni usou as entrevistas para abordar assuntos além das quatro linhas. Dirigentes tricolores, diante desta postura, enxergam no treinador o perfil necessário para uma migração natural de cargo em um futuro distante.
Rogério Ceni tem diálogo aberto com os dirigentes — Foto: Divulgação
Um dos exemplos citados, inclusive, é o ex-são-paulino Leonardo, que deixou o campo para ser dirigente e está de saída do Paris Saint-Germain.
Essa postura de Rogério é vista como construtiva. Nenhum assunto abordado publicamente deixa de ser debatido antes no dia a dia do CT da Barra Funda. O maior exemplo deste discurso com cobranças para a diretoria foi depois da vitória sobre o Santo André, a primeira da temporada.
Naquela ocasião, o treinador desabafou sobre questões estruturais e ganhou apoio dos torcedores (e nos bastidores).
– Tem departamento que precisa melhorar mesmo. Quando eu cheguei não tinha água na piscina, tinha cadeira e mesa. Eu sou o cara chato que pediu para colocar água na piscina – desabafou, lá em fevereiro.
Veja a coletiva de Rogério Ceni após a vitória sobre o Santo André pelo Paulistão
Antes dessa declaração, responsável por escancarar incômodos do treinador em relação à estrutura são-paulina, Rogério Ceni já tinha feito cobranças aos dirigentes. Aliás, essa prática de diálogo direto ocorria também com Hernán Crespo.
Desde o fim de 2021, após melancólica participação no Brasileirão, Ceni e comissão técnica cobravam a chegada de reforços. O treinador publicamente queria uma equipe “mais falante”, e a diretoria atendeu trazendo nomes mais experientes como Rafinha e Patrick.
A postura de diálogo e cobrança à direção reaproximou o treinador da torcida. Internamente, há a opinião de que o perfil competitivo de Ceni gera esse diálogo constante. O treinador gosta de estar ciente de todas (ou a maioria) das situações que envolvem o clube.
Rogério Ceni lamentou o resultado de empate no clássico em Itaquera — Foto: Marcos Ribolli
Uma amostra ocorreu recentemente ao abordar a saída do atacante Marquinhos para o Arsenal. O próprio Ceni publicamente afirmou que ouviu a possibilidade de perder o jogador.
Ao mesmo tempo, comentou que será analisada a necessidade da chegada de um atleta de característica parecida para o ataque.
Aliás, nomes referendados pelo treinador, como foi no caso de André Anderson, devem ser os principais alvos do Tricolor no mercado para o futuro a médio prazo.
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