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Juliana Alencar
A prática pode parecer inusitada, mas alguns times argentinos têm utilizado o viagra nas últimas edições da Copa Libertadores para diminuir os efeitos da altitude em partidas na Bolívia e Equador. O medicamento comumente usado para tratar de disfunção erétil foi dado, por exemplo, aos jogadores do atual campeão River Plate no ano passado, quando enfrentou o San Jose, e usado também pelo Racing no jogo da quarta-feira, em La Paz, contra o Bolívar.
Nos clubes brasileiros a utilização ainda é vista com cautela. A equipe de fisiologia do São Paulo, por exemplo, não deu sinais de que irá utilizar o viagra no jogo desta quinta-feira, contra o The Strongest, em La Paz – pelo menos isso não faz parte da estratégia anunciada pela comissão técnica. O time do Morumbi optou por um esforço de logística para fazer com que os jogadores fiquem o menor tempo possível expostos às condições adversas de estar a 3.600 metros acima do nível do mar. Para isso, chegarão a cidade boliviana, menos de três horas antes do jogo.
Mas a estratégia dos times argentinos é de fato eficiente para combater os efeitos da altitude no organismo de um atleta?
Turibio Leite de Barros, que foi fisiologista do São Paulo por 25 anos, explica que citrato de sidenafil, nome do componente químico, se trata, antes de tudo, de um vasodilatador. Assim, ele age aumentando o diâmetro dos vasos sanguíneos na região pulmonar, facilitando assim a absorção do oxigênio do ambiente.
Em locais onde o ar é mais rarefeito, o corpo humano tem mais dificuldades de absorver o oxigênio presente no ar. E é a falta dele no organismo que causa o desconforto no atleta, ocasionando desde dor de cabeça até a possibilidade de reduzir a capacidade de reação do corpo, tornando o atleta mais “lento”.
Em outras palavras, assim como o Viagra “trata” disfunção erétil aumentando o fluxo sanguíneo no órgão genital, ele faz o mesmo nos pulmões do indivíduo que o toma.