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Thiago Braga
O São Paulo do início dos anos 1990 ficou marcado pelo bicampeonato mundial e da Libertadores, além das taças do Campeonato Brasileiro, do Paulista, Supercopa e Recopa. Só que uma das conquistas deste período mais lembradas pelos torcedores não teve Raí, Muller, Palhinha e Zetti como protagonistas. Tampouco contou com Telê Santana no banco de reservas.
Com um time recheado de garotos oriundos das categorias de base do clube, incluindo nomes como Rogério Ceni, Bordon, Juninho Paulista, Caio e Denílson, que foi comandado por Muricy Ramalho, então auxiliar técnico de Telê, o São Paulo surpreendeu os rivais e conquistou a Copa Conmebol de 1994, equivalente ao que é hoje a Copa Sul-Americana. Aquele time ficou conhecido como Expressinho na época.
“Ninguém esperava que a gente fosse conquistar. Uma surpresa para todo mundo mesmo. Um campeonato internacional. Nosso time era muito forte. Foi fantástico!”, resumiu Pavão, então lateral direito do São Paulo. A opção por utilizar jogadores sub-20 foi tomada pela comissão técnica para evitar o desgaste físico dos titulares. Em 1993, o São Paulo realizou 97 partidas e foram 92 jogos em 1994. Assim, os jovens ganharam a oportunidade de defender a camisa tricolor.
“Eu acho que era uma mistura de responsabilidade com querer ganhar e arriscar tudo que que tinha. Ao mesmo tempo, a gente tinha muita responsabilidade, porque a camisa do São Paulo é pesada e independentemente de quem joga, tem uma cobrança muito grande. E a gente era bem visto também, porque nós éramos todos garotos. Então a torcida veio junto com a gente, deu tudo certo, veio tudo junto. Se a gente não tiver um pouco de irresponsabilidade às vezes dentro do campo, ficar com medo de jogar é meio complicado”, explicou Bordon, zagueiro daquele time.
A campanha daquele título começou contra um adversário difícil e com tradição. “Alguns jornalistas diziam que o São Paulo não chegaria a lugar algum pelo fato de logo pegar o Grêmio no primeiro jogo. E jogando com o time que não era nem considerado nem reserva”, recordou o lateral esquerdo Ronaldo Luís, um dos poucos experientes que faziam parte daquela equipe. Após dois empates sem gols, o São Paulo passou pelo Grêmio nos pênaltis. Na sequência, o São Paulo eliminou o Sporting Cristal, do Peru. E voltou a encontrar um time brasileiro na semifinal do torneio, desta vez um rival local. No Pacaembu, o Tricolor venceu o Corinthians por 4 a 3. Uma semana mais tarde, o Corinthians fez 3 a 2 e forçou a decisão nos pênaltis.
Após eliminar o tradicional adversário, o Tricolor teve pela frente o Peñarol, do Uruguai. E a jovem equipe, que começou cercada de desconfiança, saiu atrás no placar aos 4 minutos do primeiro tempo. Só que aí foi que aquela equipe começou a entrar para a história do clube. A pressão surtiu efeito, o São Paulo empatou no primeiro tempo e virou no início do segundo tempo. O ponto alto aconteceu com Toninho, que marcou o terceiro, de bicicleta. O show continuou e o Tricolor venceu por 3 a 0. O São Paulo seguiu aumentando o ritmo, e fez 6 a 1. No jogo de volta, derrota para o Peñarol por 3 a 0, mas que garantiu o título do torneio.
“Ir para final e enfrentar o Peñarol, com oito jogadores na seleção do Uruguai, inclusive o capitão Gutierrez. E a gente teve a felicidade de aplicar um placar 6 a 1 no primeiro jogo e perder de 3 a 0 no segundo, e assim fomos campeões” resumiu Ronaldo Luís. “Pra mim, com 18 anos, ser campeão de um uma Copa tão difícil foi algo muito bacana, no começo da minha carreira, assim como era o começo de carreira de muitos outros também. Até o Muricy já estava no início da carreira como treinador. E a gente meio que deu um ‘up’ em todo mundo”, analisou Bordon.
Até hoje, o 6 a 1 sobre o Peñarol é a maior goleada em finais de torneios da Conmebol.
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