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Marcelo Hazan
Bolivianos querem manter posse para fazer Tricolor correr e definir jogo no segundo tempo, com mais fôlego. Finalização de longe é arma nos 3.600 metros de La Paz
A tese de que o melhor jeito de marcar seu adversário é manter a posse de bola se aplica de um jeito diferente no caso do The Strongest. Os bolivianos adaptaram a filosofia para os 3.600 metros de altitude em La Paz, no estádio Hernando Siles, onde recebem o São Paulo nesta quinta-feira, às 21h45, pela rodada final da fase de grupos da Taça Libertadores.
Mais do que evitar perigo do rival, manter a posse para o Tigre significa fazer o adversário correr. Rodar a bola em um ambiente no qual a atmosfera do ar é diferente do habitual para o visitante torna o cansaço maior. Por isso, os bolivianos pretendem alargar ao máximo o campo, sair pelos lados e aproveitar o melhor condicionamento físico no segundo tempo para definir o jogo.
– Se não fizermos a bola correr, a altitude não funciona. É assim. Temos de envolver o adversário. O apoio da torcida será fundamental. Será uma noite muito gelada e fria. Tem chovido de noite. Acredito que precisaremos ser inteligentes – disse o goleiro Vaca.
Para colocar o plano em prática, o novo técnico César Farías disse que provavelmente não mexerá no time preparado pelo interino Sergio Oscar Luna. Apresentado na última quarta-feira, o venezuelano sequer treinou a equipe, concentrada desde o fim da atividade da manhã, fechada para a imprensa.
Assim, o sistema do The Strongest deve ser o 4-4-1-1, com duas linhas de quatro, Pablo Escobar posicionado como principal articulador e Matías Alonso isolado na frente. O centroavante fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo, no Pacaembu.
Edgardo Bauza, por outro lado, quer o Tricolor atuando com inteligência. Ele treinou uma variação do habitual esquema com Wesley no time. A ideia é preencher o meio e tornar o time mais compacto. Se o volante entrar, Ganso, Michel Bastos ou Kelvin perderia a vaga.
A temperatura citada por Daniel Vaca também influencia no jogo. A previsão do tempo aponta para máxima de 13º C na noite de quinta-feira, com chances de chuva e ventos de 10 km/h. Bem diferente de Santa Cruz de La Sierra, no nível do mar e com temperatura média de 25º C, clima similar ao do Brasil. O Tricolor se concentra na cidade e só viaja a La Paz duas horas antes do jogo, para minimizar os efeitos da altitude.
Outra arma dos bolivianos é a finalização de longa distância. A trajetória da bola muda para os goleiros na altitude e torna a vida deles mais complicada. Isso obriga os jogadores a ter o raciocínio mais rápido para definir as ações. Perigos que o São Paulo precisa evitar para sair da Bolívia classificado para as oitavas de final da Libertadores.