GazetaEsportiva
Marcelo Baseggio
O atual presidente do São Paulo, Julio Casares, poderá ganhar o direito de concorrer a um segundo mandato nas próximas semanas. Após ter sido aprovada pelo Conselho Deliberativo, a reforma estatutária será levada aos sócios, que aprovarão ou não em Assembleia Extraordinária no próximo dia 24 de setembro a pauta vista pela situação como uma “correção de rota”.
Casares foi eleito presidente do São Paulo nas eleições de 2020 pela chapa Juntos Pelo São Paulo, uma coalizão de nove grupos políticos do clube (Participação, Legião Tricolor, Vanguarda, MSP, Sempre Tricolor, Independentes, Força São Paulo, Sou São Paulo e Super Vencedor).
O conselheiro Themistocles Almeida Júnior, coordenador político do Juntos Pelo São Paulo, foi um dos que votaram a favor da reforma estatutária e, em contato com a reportagem da Gazeta Esportiva, acredita que a proposta é vital para o sucesso do clube a médio/longo prazo.
“O Conselho Deliberativo está sempre se reunindo. O estatuto é feito por cinco, seis cabeças. Essas seis cabeças às vezes cometem falhas. Sempre falei que o São Paulo está do jeito que está, cometeu o erro do terceiro mandato com o Juvenal. Mas, o São Paulo tem uma dívida igual à maioria dos times do Brasil. São poucos times que não têm dívida. O São Paulo tem dívida, mas também tem um patrimônio que nenhum cube tem”, afirmou Themis, como é mais conhecido no São Paulo.
“O São Paulo veio muito bem até 2008, 2009, 2010. Em 2011 começou o problema e estamos há dez anos passando uma fase difícil. Tivemos gestões que não fizeram o que deveria ter sido feito. Temos uma gestão que em 20 meses está fazendo muita coisa. Tivemos uma reunião semanas atrás e me apresentaram coisas que tinham sido feitas que eu nem sabia. Então, estão trabalhando muito”, completou.
Conselheiros que são favoráveis à reforma estatutária que prevê a reeleição tanto do presidente da diretoria quanto do presidente do Conselho Deliberativo justificam que em apenas um mandato de três anos é impossível implantar um trabalho capaz de fazer o São Paulo se reestruturar em todas as áreas. Por isso, a palavra de ordem nos bastidores políticos do Tricolor é continuidade.
“Chegar e daqui um ano parar tudo isso e recomeçar tudo de novo? Porque quem chega de novo vem com um monte de coisa nova, é difícil demais. Essa questão no Conselho tem tido muita discussão. No Conselho há pessoas antigas, mas os mais jovens do Conselho vêm discutindo muito isso, porque a gente quer fazer o São Paulo voltar a ser o que era, mas não será em 20 meses ou em três anos. Esse é o argumento mais forte que a gente tem”, prosseguiu.
Já a oposição acredita que a reforma estatutária até poderia ser aprovada, caso valesse apenas a partir do próximo mandato. Tendo efeito imediato, a proposta, de acordo com o grupo político adversário, acaba beneficiando apenas o atual presidente do São Paulo, Julio Casares. Eles defendem seu argumento traçando um paralelo com um jogo em que as regras mudam durante seu curso.
“Mudança no meio do jogo? Não é uma mudança no meio do jogo, é uma correção. Você acha que vai ter algum presidente que vai chegar aqui e vai falar que a mudança passa a valer a partir do próximo mandato? Não vai ter. O cara vem aqui, ele quer trabalhar, ele quer mostrar. A avaliação de quem está no poder é lógica. Se chegar no fim do ano que vem e a situação não estiver boa, vota em outro candidato”, pontuou Themis.
Até o dia 24 de setembro a situação tentará convencer os sócios do clube a aprovarem a reforma estatutária. Em janeiro deste ano, a possibilidade de reeleição presidencial já esteve em pauta em Assembleia Extraordinária com outras 13 mudanças, que foram votadas como um único pacote. Na ocasião, os associados reprovaram a mudança, que incluía a ampliação do mandato de conselheiros para seis anos, redução do quadro dos Conselhos Vitalício e Deliberativo, entre outras propostas vistas com maus olhos dentro do clube.
“Para os conselheiros, votamos item a item. Você podia aprovar um, dois, três ou 14. Para a Assembleia do clube ou você aprovava os 14 ou não aprovava nenhum. Esse foi o grande erro. Nessa é só um item, aprovar o direito de o presidente da diretoria poder gerir por mais um mandato de três anos e o presidente do Conselho por mais um mandato de três anos. O sócio vê isso com mais carinho, porque o sócio enxerga isso, não tem como fazer muita coisa em três anos. O clube social vem muito bem também”, concluiu Themis.
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