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Perrone
A derrota na final da Copa Sul-Americana, no sábado (1°), fará o São Paulo pagar o preço por ter menosprezado o Brasileirão. O revés por 2 a 0 diante do Independiente del Valle tirou do Tricolor a última chance real de não passar 2022 em branco em termos de título.
Além disso, a equipe do Morumbi está em situação difícil em relação à conquista de uma vaga para a próxima Libertadores por meio do Campeonato Brasileiro. O técnico Rogério Ceni, com respaldo da diretoria, apostou na Copa do Brasil e na Sul-Americana para dar uma volta olímpica na temporada e ao mesmo tempo carimbar o passaporte para a Libertadores. Alegando precisar administrar o desgaste físico dos jogadores, o treinador decidiu poupar titulares em diversas partidas do Nacional.
Deu ruim. A equipe foi eliminada nas semifinais da Copa do Brasil pelo Flamengo e teve que se conformar com o vice-campeonato da Sul-Americana. A realidade são-paulina agora é o 13° lugar no Brasileirão com 23 pontos a menos do que o líder Palmeiras. Os são-paulinos também estão a 10 pontos do Athletico-PR, 6° colocado e último entre os que assegurariam vaga na fase preliminar da Libertadores se o campeonato terminasse hoje. São 13 pontos de diferença para o Corinthians, quarto colocado e último hoje com direito a um lugar na etapa de grupos da Liberta.
A combinação dos resultados das finais da Libertadores e da Copa do Brasil com a tabela do nacional pode fazer o G-6 do Brasileirão virar G-8. Atualmente, o América-MG é o oitavo colocado, com 42 pontos. São cinco pontos a mais do que o São Paulo. Por outro lado, os são-paulinos têm sete pontos de vantagem sobre o Cuiabá, que abre a zona de rebaixamento. Acredito que se não tivesse deixado o Brasileirão em segundo plano, o São Paulo teria uma tarefa menos árdua pela frente.
Rogério e a diretoria apostaram demais nas Copas. Era preciso ter formações mais fortes no Brasileiro para evitar o perrengue que a equipe enfrentará agora. Ficar fora da Libertadores pelo segundo ano seguido seria um duro golpe financeiro para o Tricolor, além de representar desgaste esportivo. A participação na fase de grupos do torneio continental rende premiação de US$ 3,6 milhões (cerca de R$ 19,5 milhões). A competição também é sinônimo de gordas receitas com a venda de ingressos.
Rogério não é único que prioriza as Copas e menospreza o Brasileirão. Essa é uma moda que atinge boa parte dos treinadores que atuam no país. Empurrar o Brasileirão com a barriga é fazer pouco de uma competição que paga bem e é decisiva para a temporada seguinte de seu clube. Além disso, ela é valorizada pela torcida. Dar mais importância à Copa Sul-Americana ou à Copa do Brasil cheira à estratégia para tentar salvar o emprego com um título na temporada. Não só no caso de Ceni. Vale para todos que agem assim.
É um movimento arriscado. Quando dá errado, como aconteceu com o São Paulo, deixa o time com pouco tempo para conquistar os pontos que não conseguiu ao longo da competição É sufoco na veia. E, claro, aquela estabilidade no cargo que não veio com um título na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil, caso de Ceni, pode se transformar em pressão.
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