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Carlos Miguel Aidar, ex-presidente do São Paulo, voltou a conceder entrevistas após ficar sete anos sem falar diante de microfones e câmeras. O ex-dirigente foi afastado da política do clube em outubro de 2015 e expulso do Conselho Deliberativo em abril do ano seguinte.
Aidar, que hoje é advogado, analisou a atual situação do São Paulo e não acredita em uma crescente de desempenho nas próximas temporadas. Aos 76 anos, ele detalhou o que é necessário melhorar na equipe e na diretoria, e que os títulos vão ficar esquecidos por um período.
“Salários absurdos, contratações descabidas, jogadores que não servem. Tem que haver um fechamento dos registros, das torneiras, todo mundo tem que entender que o São Paulo vai passar um período esquecendo título. Quem vai ter coragem de falar ‘volta daqui 5 anos porque eu vou pagar conta’? Palmeiras fez, Flamengo fez. Tem que mudar. A gestão é por mérito, não por acertos políticos, isso não existe”, iniciou o ex-dirigente em entrevista à ESPN.
“Para melhorar teria que ser feita uma gestão de choque, quase que uma intervenção. Quando eu assumi em 1984, o São Paulo vinha endividado. Em dezembro daquele ano eu entrei no desespero porque não tinha dinheiro para pagar o 13º salário dos jogadores. Chamei algumas pessoas do clube na minha casa, mostrei o quadro e falei: ‘Vou fazer isso, ou vocês me dão suporte ou o São Paulo não tem solução’. Fomos lá na base buscar os Menudos do Morumbi. Em abril de 1988, quando entreguei o São Paulo, tinha dinheiro em caixa, não tinha um centavo de dívida”, completou.
Aidar foi presidente do Tricolor em dois mandatos de dois anos cada, entre 1984 e 1988. Sua segunda passagem pelo clube durou entre 2014 e 2015.
Em abril de 2016, Carlos Miguel Aidar e Ataíde Gil Guerreiro foram punidos após denúncia do Comitê de Ética. O comunicado foi pautado após os dois brigarem, onde houve agressão física por parte do ex-vice presidente de futebol. Contra o ex-presidente do São Paulo, pesaram ainda acusações de corrupção, desvio de dinheiro e lesão aos cofres do clube.
Quando ficou à frente do São Paulo em 2014, Aidar aceitou suceder Juvenal Juvêncio e a decisão foi marcada por polêmicas. O ex-presidente contou que, na época, se afastou do escritório de advocacia e desabafou sobre o “desastre financeiro” que viveu.
“Foi uma fase muito difícil para reerguer. A política ferveu e foi nociva para o São Paulo. Numa reunião informal, me foi sugerido que eu renunciasse. Claro, na minha cabeça, acima de tudo era o São Paulo, não o meu mandato. Já tinha títulos, não estava preocupado em me manter no poder. Renunciei, mas mudou alguma coisa? Mudou nada, continuaram fazendo o diabo”, destacou.
Dívidas
“Quando assumi, o São Paulo devia alguma coisa em torno de R$ 300 milhões. Não era salário de jogador, mas sim fornecedor, banco, uma série de coisas. Quando deixei, deixei [a dívida total] com R$ 280 milhões. Hoje está beirando R$ 600 milhões pelo que eu sei”
Mudanças no Morumbi
“A ideia era fazer uma coisa mais moderna. Surgiu uma grande empreiteira que queria muito comprar o Morumbi. Na verdade era para demolir e fazer empreendimento imobiliário. Chegou a oferecer a construção de um estádio, adiante da Chácara do Jockey Club, mas não havia um clima para falar uma coisa dessa. Debaixo da pressão de 2014, não tinha nem condição de sequer levar ao Conselho”
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