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Após a entrevista de Carlos Miguel Aidar, foi a vez de outro ex-presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, reaparecer nas câmeras e falar sobre o atual momento do clube. O ex-dirigente presidiu o Tricolor entre 2015 e 2020 e teve um mandato manchado por polêmicas.
Em entrevista à ESPN, Leco explicou os gastos exorbitantes de sua gestão. No período que esteve à frente do time, ele não venceu um título sequer no futebol e ainda viu a dívida total do clube mais do que dobrar, passando de R$ 300 milhões para R$ 603 milhões ao fim de 2020. Para ele, houve “dois culpados” para as grandes despesas.
“Tive, particularmente, duas coisas muito marcantes. Aquela inundação imensa que destruiu o parque social do São Paulo [em março de 2019, quando fortes chuvas atingiram a capital paulista e alagaram o complexo de piscinas e parte do estádio]. Ele precisou ser refeito inteiramente. Muito dinheiro gasto na infraestrutura. Muito, muito”, relatou.
“Outro aspecto: a pandemia. Paralisou o futebol e reduziu significativamente todas as fontes de receita do clube. Mas é importante frisar, nenhum dos quase mil funcionários foi mandado embora. E todos receberam. Os únicos que não receberam integralmente, e que jogamos para a frente, foram os jogadores, que são aqueles que montam o custo mais elevado”, declarou.
O ex-presidente ainda afirmou que viu sucesso esportivo em alguns momentos de sua gestão, diferente do que, em sua visão, tem acontecido atualmente sob o comando de Julio Casares. Leco destacou que o time tem sofrido “desclassificações humihantes” e não pode ficar longe dos títulos por mais do que “um ou dois anos”. Para ele, a SAF pode ser salvação.
“Se não investir num time de futebol, nada funciona. Eu procurei fazer isso ao longo do tempo e tive sucesso em alguns momentos. Nós fomos projetando uma melhora, mas vivi momentos de grande apreensão, sofrimento, angústia, e com ameaça de rebaixamento. Foi quando trouxemos o Hernanes e ele foi fundamental. Para trazê-lo da China, custou um monte de dinheiro. O Lucas Pratto, o Daniel Alves, que tinha acabado de ser campeão da Copa América e considerado melhor jogador, histórico de torcedor do clube. São investimentos que se precisa fazer buscando atender o desejo da torcida, e eu sou um torcedor no fundo. Nem sempre isso dá resultado”, afirmou.
“Não pode demorar mais do que um ou dois anos para voltar a ganhar títulos. Hoje, por exemplo, o futebol não está dando certo. O time sofreu desclassificações humilhantes, perdeu uma final de Sul-Americana incontestável, completamente dominado por um adversário de pouca expressão. O São Paulo chegou a essa final sem ganhar jogos. Empatava e decidia nos pênaltis, isso precisa ser modificado”, disse.
“O problema é que, hoje, o São Paulo tem 22 contratações. Muitas delas não deram certo. O time não tem um goleiro à sua altura. O clube precisa se fortalecer para justificar esse apoio extraordinário que a torcida está dando e trazer um novo ânimo. Mas isso não está acontecendo. A SAF pode ser um caminho, certamente. Não sei definir, nem dar detalhes exatos, mas acho que pode sim”, opinou.
Confira quem sai, quem fica e quem pode chegar ao São Paulo
Por fim, Leco comentou a derrocada do time de Fernando Diniz no último ano de sua gestão, quando o São Paulo foi da liderança ao quarto lugar do Brasileirão num estalar de dedos. O ex-dirigente admitiu que a paralisação do torneio por conta da pandemia do vírus covid-19 foi fundamental para o fracasso.
“Tivemos a infelicidade da paralisação do Campeonato Brasileiro. Chegou em 31 de dezembro de 2020, quando eu deixei de ser presidente, nós estávamos a 11 rodadas do fim do campeonato. O São Paulo estava sete pontos na frente do segundo colocado. Aí entrou o grupo do Casares, e a mudança de gestão acaba desarrumando uma estrutura. Se não tivesse essa parada, e mantivesse o time do Diniz, o título era muito possível”, finalizou.
O “equívoco” de Juvenal e a “vítima” Aidar
Leco ainda citou um “equívoco” cometido por outro emblemático ex-presidente do clube, Juvenal Juvêncio, já falecido por conta de um câncer de próstata, e chegou a fazer comparações de práticas da antiga gestão com a atual de Julio Casares. Além disso, ele classificou Carlos Miguel Aidar como “vítima”.
“O terceiro mandato do Juvenal foi um equívoco e ele sabe disso. Já conversei com ele. Não sou contra reeleição, mas não cabe fazer uma reforma estatutária que beneficie quem já está no poder. O Juvenal fez isso, e o Julio acabou de fazer, né?”, disse.
“Tiveram dificuldades na gestão do Marcelo Portugal Gouveia, mas na gestão dele as dificuldades não vieram à luz porque ganhou títulos expressivos. Dificuldades também na gestão do Juvenal, e depois na do Carlos Miguel Aidar. Parece que as coisas foram canalizando e as dificuldades levaram ao sacrifício do Carlos Miguel, porque, à parte dos erros que ele possa ter cometido, ele é a grande vítima do que aconteceu naquele momento. Vai desestruturando e não tem uma causa central”, explicou.
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