CTs de Palmeiras e São Paulo viram foco de roubos de celular em SP

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UOL

Câmera monitora a calçada dos CTs de Palmeiras e São Paulo, na capital paulista Imagem: Arthur Sandes/UOL

Alguém passa de bicicleta, toma o celular da mão da vítima e sai pedalando em alta velocidade até sumir de vista. Aconteceu pelo menos quatro vezes nas últimas semanas, no mesmo quarteirão dos centros de treinamentos de Palmeiras e São Paulo, na capital paulista.

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Ao menos dois jornalistas e outros dois funcionários do São Paulo foram vítimas de crimes deste tipo na avenida Marquês de São Vicente, no bairro da Água Branca.

Todos os casos aconteceram na frente do CT do São Paulo. Os jornalistas estavam na rua pois o Tricolor impede a entrada em dias de treinos fechados, o que virou rotina nos grandes clubes da capital desde a pandemia.

Furtos de carteiras, celulares e outros equipamentos eletrônicos acontecem dez vezes por dia na região, em média. As estatísticas mais recentes, até dezembro, apontam 3.634 casos ao longo de 2022, um aumento de 26% em relação ao ano anterior. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

O que aconteceu?

Uma das vítimas foi Giovanni Chacon, repórter da Jovem Pan. Ele estava de microfone em mãos e pronto para entrar no ar quando alguém passou e arrancou o celular do tripé de filmagens. Aconteceu à luz do dia, ainda no final da tarde.

Um passou de bicicleta na minha frente, me olhando. O outro passou atrás, fingiu que entraria no CT, veio por trás e pegou. O celular tinha seguro, menos mal, mas também entraram no aplicativo do banco e roubaram dinheiro.” Giovanni Chacon, que teve o celular furtado em frente ao CT da Barra Funda

Casos do tipo acontecem com frequência na mesma avenida. Pelo menos um outro jornalista também foi vítima, assim como dois funcionários do São Paulo. Um deles teve o celular furtado na mesma calçada do CT, o outro saiu para entregar um pacote a um motoboy, mas quem levou foi o ladrão — depois devolveu; não era um celular.

CTs dos dois clubes ficam lado a lado em avenida movimentada de São Paulo
Imagem: Arthur Sandes/UOL

Casos são frequentes

Mais de dez pessoas que vivem ou trabalham no local contaram ao UOL já terem visto o mesmo tipo de furto ou roubo, mais de uma vez. Aquele trecho dos CTs de Palmeiras e São Paulo também abriga o Estádio Nicolau Alayon, do Nacional-SP, dois grandes condomínios, postos de gasolina e uma faculdade.

“É o mais frequente: a pessoa está no ponto de ônibus ali, o cara passa de bicicleta, pega e vai embora. Depois que vira uma rua, ninguém pega mais”, conta José Neto, funcionário de um posto de gasolina. “Acontece direto na avenida e nas ruas por aqui. E não vemos uma polícia passando”, reforça Edilvan Santana, da portaria do Nacional-SP.

“É perigosíssimo. Só isso que posso te dizer. Não digo mais, você sabe porque né? Fico 15 horas por dia aqui”, conta um terceiro homem, que prefere não se identificar.

Uma das ruas que acessa a avenida tem agentes privados de segurança, contratados por um condomínio de alto padrão. Há um posto avançado em uma esquina a 50 metros da entrada do CT do Palmeiras, mas aquele é o limite da ronda particular, feita apenas até ali.

Polícia promete investigar

A Polícia Civil recomenda redobrar os cuidados em vias de grande movimento e promete reforçar as ações de inteligência em locais de receptação de celulares, no bairro. O objetivo é fechar um cerco em torno dos furtos.

“Nós vamos direcionar ações para esta avenida”, diz ao UOL o delegado Glaucus Vinicius Silva, titular do 7º Distrito Policial, do bairro da Lapa, o mais próximo da avenida em questão. Ele argumenta que casos do tipo acontecem por toda a capital. “O mecanismo do ciclista que furta o telefone tem sido empregado por vários ladrões, na cidade inteira. O trânsito da cidade é caótico, e o criminoso tem uma mobilidade muito mais fácil para fugir”, explica.

Enquanto isso, quem ainda precisa trabalhar no local mudou os hábitos: jornalistas passaram a fazer entradas ao vivo mais perto do portão dos CTs — portanto mais longe da calçada. Se precisam usar o celular, só o tiram do bolso depois de entrar no carro da TV.

O que os clubes dizem

UOL procurou Palmeiras e São Paulo e perguntou o que cada um pode fazer para diminuir os riscos para jornalistas e funcionários. O Alviverde não quis se manifestar e o Tricolor lamentou os casos.

“O São Paulo Futebol Clube lamenta os recentes casos de furtos ocorridos na Av. Marquês de São Vicente, mas confia na capacidade e na atuação permanente das autoridades para aumento da segurança no entorno da região. O clube mantém também um sistema de monitoramento 24 horas e está à disposição das autoridades”, diz a nota tricolor.