Campeão mundial pelo São Paulo guarda tesouro dado por Ceni: “Vender nem passa pela cabeça”

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São-paulino declarado, ex-volante Renan relembra bastidores do pedido pelas chuteiras do ídolo, revela detalhes da relação com o ex-goleiro e diz que vaga na Libertadores seria um título

Globo Esporte

Cria das categorias de base do São Paulo e campeão mundial pelo Tricolor em 2005, o ex-volante Renan guarda um tesouro dentro de casa. São-paulino declarado, o ex-jogador foi quem ficou com as chuteiras do jogo de despedida de Rogério Ceni, em 11 de dezembro de 2015.

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Naquele ano, Renan defendia a Portuguesa e já não recebia altos salários. Ele ganhou quatro pares para seguir jogando de 2016 até 2019, quando se aposentou dos gramados.

– Não lembro se o peguei meio desprevenido, meio na emoção (risos). Mas falei: “Pô, Rogério, tô jogando ainda, sabe como é a dificuldade com chuteira”. E ele já gritou lá pro Rato (roupeiro): “Pega aí minhas chuteiras, bota na sacola e dá para o Renan”. Aí colocou quatro pares, e eu já peguei aquele saco de lixo preto, sabe? Coloquei no ombro, levei para o carro, para esconder, para ninguém ver (risos). Imagina?! A chuteira do Rogério ali estava valendo ouro – recordou Renan, em entrevista ao ge.

Chuteira de Rogério Ceni entregue a Renan em 2015 — Foto: Renan Teixeira/Arquivo Pessoal

O ex-jogador afirma que utilizou dois dos pares de chuteiras do ídolo ao sair da Portuguesa, atuando por São Bento, Tupi, Joinville e Central-PE.

– Eu fui cara de pau, porque enquanto você está em clube grande é a coisa mais fácil do mundo ganhar material. Aí, quando vai chegando mais para o fim da carreira, não aparece tanto na mídia, a chuteira começa a sumir da prateleira. E como era o último jogo do Rogério e eu já sabia que a gente calçava o mesmo número… – disse.

Dos pares que restaram, um foi doado durante a pandemia de Covid-19 para ajudar a arrecadar alimentos e roupas para pessoas em estado de vulnerabilidade social. Já o último, uma chuteira inteira branca com detalhes em azul escuro, está guardada até hoje. Renan garante que não venderá.

– Vender é uma coisa que nem passa pela minha cabeça. Principalmente, porque ele me deu para jogar com elas. Não poderia nunca ter uma rentabilidade com o presente dele, isso daí não tem hipótese nenhuma – assegurou Renan.

Primeiro encontro com Ceni após chegada no profissional

Campeão mundial, da Libertadores e paulista pelo Tricolor em 2005, Renan nunca escondeu ser um torcedor do São Paulo. A relação com o Tricolor foi criada ainda na infância, com a família praticamente inteira são-paulina. Por isso, ter dividido os gramados com Rogério Ceni foi uma realização também pessoal para o ex-volante.

– Quando você está na base do São Paulo, o maior ídolo, a maior referência do time principal, principalmente na minha época, era o Rogério. Então você fica naquela expectativa de como será que ele é? Será que ele é gente boa? Será que ele faz brincadeira? Como será que ele é no dia a dia? – disse.

– Foi muito positivo. Eu me surpreendi. Um cara muito fácil de lidar. Um cara que, pode até não parecer, mas ali, entre amigos, é um cara muito brincalhão, sabe? Lembro que ele gostava de ficar num joguinho de computador naquela época – recorda.

Rivaldo, Danilo, Rogério Ceni, Lugano, Christian e Renan no Mundial de Clubes de 2005, pelo São Paulo — Foto: Reprodução/lendariosdotricolor

O primeiro contato com o Ceni não foi apagado da memória. O ex-jogador relembra o momento com carinho e revela que o ex-goleiro e hoje treinador do São Paulo tinha um cuidado com todos dentro do elenco mas, em especial, com os mais jovens.

– Ele (Rogério) brincava muito com a gente e, mais do que isso, dava muita atenção para os mais jovens, aqueles recém-subidos para a equipe principal, com muito carinho, com muitos conselhos sobre tudo. Dentro e fora do campo, de ordem financeira, sabe? Vários conselhos mesmo. É assim, é um cara que eu sempre falo para quem pergunta: me ajudou muito na minha vida. Ele foi um exemplo. De líder, de caráter – afirmou o ex-volante.

Presença garantida no Morumbi e expectativa para a temporada 2023

Renan virou figurinha carimbada no Morumbi. O ex-volante explica que costuma estar presente em praticamente todos os jogos do São Paulo dentro de casa e, que, quando não consegue ir, a saudade bate rapidamente.

– Às vezes vou ao camarote onde encontro vários ex-jogadores, mas o que eu gosto mesmo, e sempre gostei, é da arquibancada. Eu adoro a arquibancada. Quando vou sozinho, estou na arquibancada. Mas quando a mulher e os filhos estão juntos, fica mais complicado. Mas eu gosto. Não sei explicar o porquê, mas eu gosto de arquibancada. O clima é diferente, a atmosfera é diferente – afirmou Renan.

Com 79 jogos, um gol e três títulos com a camisa do São Paulo, Renan valorizou a montagem do elenco para 2023 e o bom início de temporada do grupo de Rogério Ceni. O ex-volante vê em jogadores como Méndez e Wellington Rato, por exemplo, a capacidade de ajudar muito o Tricolor neste ano.

– A gente sabe que um Campeonato Brasileiro é difícil. Para mim, muitas vezes, o título não está só na taça. Hoje, na minha opinião, para reestruturação do São Paulo, dentro e fora do campo, uma vaga para a Libertadores via Campeonato Brasileiro já seria uma grande vitória, um grande título – pondera.

– O torcedor vai discordar, falar que eu estou maluco. É claro que, se der para levantar a taça, é melhor ainda, mas acho que tem que ponderar algumas coisas. Entender que os principais adversários têm uma condição financeira muito mais estabilizada e conseguem agir no mercado com mais qualidade. Mas repito, estou bem confiante com ele (Rogério Ceni). É bom nas mãos do nosso, do nosso comandante – finalizou.

Sem outra disputa no calendário deste início de temporada, o São Paulo está focado no Campeonato Paulista. O Tricolor já está classificado para as quartas de final do estadual e enfrenta o Água Santa por uma vaga na semifinal da competição.