Rogério Ceni, técnico do São Paulo, afirmou que compreende a torcida organizada Independente ter pedido a sua demissão.
Compreendo [a cobrança], pela história vivida aqui dentro, a necessidade de resultados. Entendo perfeitamente o manifesto, trabalhei 28 anos aqui, sei como funciona. Acho que os jogadores entregam o melhor que podem, e faço o meu melhor todo dia. Rogério Ceni, em entrevista coletiva
Organizada perdeu a paciência
A Torcida Independente pediu a demissão do técnico Rogério Ceni após a derrota para o Botafogo, na estreia do Brasileirão, em nota publicada nas redes sociais
A organizada disparou que o ídolo são-paulino “perdeu a mão do elenco” e criticou que a sua presença não blinda os dirigentes.
A nota também afirmou que “tempo foi dado” a Ceni e que a demissão será “para o bem de todos”. O treinador retornou ao comando do São Paulo em outubro de 2021.
O fim da paciência da Independente ocorreu um mês após o apoio público a Ceni e a cobrança por reforços após a eliminação precoce no Paulistão, para o Água Santa.
A vitória na Sul-Americana sobre a Puerto Cabello dá certo alívio para o treinador. Depois da partida, ele jogou a responsabilidade para a diretoria sobre a sua permanência no comando da equipe.
O que a Independente disse
“Um Mito não morre e não blinda dirigentes. Belmonte, Rui Costa e Chapecó. Vocês fracassaram! Qual a dificuldade da demissão do Rogério? Tá esperando uma próxima derrota? Está nítido que o técnico perdeu a mão do elenco.
Todo tempo foi dado, competições se tornaram dramas e dramas se tornaram risco. No meio de tantas crises e desilusões, está um são-paulino como nós, 25 anos treinando e jogando, sendo o primeiro a chegar e o último a sair, sendo campeão e sendo recordista mundial em vestir o mesmo manto.
Isso não se esquece ou não se rasga a história pelo fato de ainda não ser um grande técnico, de ter erros de atitude e de personalidade. Ninguém, absolutamente ninguém, é perfeito. Nem ídolos são perfeitos. Sendo assim, diretoria, demita Rogério Ceni. Para o bem de todos, São Paulo, torcida e o próprio Mito.”
O que mais Ceni disse
Fica ou sai? “Não sei, é uma pergunta que não pode ser feita para mim. Eu trabalho todos os dias tentando extrair o melhor de cada um. Com 0 a 0 no intervalo, acho que as vaias foram aceitáveis, mas o time jogou bem, finalizou bastante. Trabalho com o que eu gosto e sou feliz com o que escolhi. A pergunta não cabe a mim, cabe à direção”.
Empregado, não empregador: “Os últimos dias são iguais aos primeiros dias: trabalho do mesmo jeito. Não posso responder, mas até gostaria. Facilitaria bastante. Sou extremamente feliz e gosto de trabalhar com eles. Sou empregado, não empregador, não posso responder pelo patrão.
“Pressão: “Se pensar só dessa maneira [sobrevida], cada jogo que perde você sai, a cada jogo que ganhar… se ganhar todos os jogos é gênio. Não vejo futebol dessa maneira, vejo pelo que se apresenta. Só destaco que sou extremamente feliz e satisfeito em ter o grupo que trabalho.
“Pato vem? “Não sou eu que assino, se o presidente quiser contratar o Pato, é lógico… Não sou eu que defino se vai contratar ou não.”
Responsabilidade do treinador: “Tenho responsabilidade em tudo. A responsabilidade de chegar em duas finais e uma semi no ano passado era de quem? Porque quando perde, é do treinador, mas as pessoas acham que o ano passado foi ruim porque não venceu. ‘Ah, mas não jogou bem a final’. Aí é o copo meio cheio ou meio vazio. Alguém tem que perder, um sai vencedor.
Relacionamento com grupo: “O mais importante para mim é saber que os caras que trabalho todos os dias gostam do trabalho. Me dou bem com todos, cobro todos em campo. O carinho e a amizade que tenho por todos fogem do ambiente de trabalho.
“Apoio dos jogadores: “Me sinto respaldado por eles todos os dias. Trabalho por eles. Jogo sempre para vencer, nem sempre isso acontece. Vamos analisar as lesões, quantidade de gente que está fora.
“Calleri ter dedicado gol a ele: “O Calleri é meu capitão, um cara exemplar, uma figura a ser seguida pela dedicação, pela capacidade de entrega. Ele retrata tudo aquilo que o torcedor gostaria de ver em seus jogadores, como muitos aqui, que têm como principal característica a alma e o coração.
“Bom menino: “Foi premiado com o gol hoje e tenho certeza que vai ter… Ele é bom menino, não é mau menino. Às vezes [é] influenciado por um ou outro que tem um desvio de conduta, mas ele não é mau menino, não. É um bom menino. Fico feliz por ele.”
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