Foram duas partidas sob novo comando e uma nova esperança, não de grandes taças, mas de não passar vergonha, de ver um time jogar alguma coisa mais perto do bom futebol, tendo os três setores funcionando melhor e em harmonia, e o melhor, o resultado aparecendo. Isso acabou me dando síndrome de abstinência e quando vi estava escrevendo mais uma reflexão sobre nosso querido tricolor.
O novo treinador chegou e começou a dar sua cara ao time. A maneira como ele monta suas equipes é diferente da maneira que monta RC, a começar pela zaga, com dois jogadores, passando pelos volantes, que ele gosta de três que sabem jogar, na meia, que tem de ser alguém do ofício e não improvisado, e até no ataque, onde Luciano voltou a atuar e fez gol em sua primeira partida. Na segunda partida não havia camisa 9 disponível e o treinador precisou alterar o esquema favorito dele. Importante salientar que o técnico do Ituano disse após a partida que o SPFC do segundo jogo foi um time muito superior ao time do primeiro jogo no Morumbi.
RC é um admirador do treinador Ozório que passou pelo tricolor, um cara que adora mudar o time a cada partida e adora improvisações e “invenções”, bem ao estilo do RC. Eu prefiro o arroz com feijão do velho e bom futebol, como, aliás, faz o atual treinador super vencedor do Real Madri, o Carlo Ancelotti. Muricy sempre disse que futebol é coisa simples.
O Dorival chegou montando o time no 4.4.2 com Calleri e Luciano na frente, sendo abastecidos por um meia, o Uruguaio Michel Araújo, que tem atrás dele os três volantes, sendo um centralizado mais fixo e dois abertos que sobem e ajudam os laterais e homens de frente no ataque e na defesa. Gosto deste losango no meio e do triangulo na frente, os dois usando o mesmo meia para completar a formação. Por enquanto o elenco está sem dois volantes que podem atuar nas vagas de volantes mais abertos, Talles e Galoppo. Infelizmente o elenco possui 4 primeiros volantes, um certo desequilíbrio, e poucos para a posição de segundo volante. Pablo, Luan, Mendez e Gabriel jogam todos de 5, podendo atuar como segundo volante, mas não é a deles, apesar de ver Gabriel com habilidade e mobilidade para isso, aliás, contra o Ituano Gabriel jogou nesta função e foi muito bem. Talvez a contratação do Mendez tenha sido feita por oportunidade de mercado aguardando a venda de algum ou o retorno ou não de Luan, que em certo período esteve ameaçada por contusão grave. Quais são os jogadores que possuem característica de segundo volante no elenco? Nestor, Galoppo e Talles. É pouco para quem vai jogar com três. Precisamos ter em mente que segundo volante é aquele cara que sabe marcar, mas sabe jogar, e é peça surpresa importante no ataque, como foi nosso querido Mineiro, autor do gol do terceiro mundial.
Assim como acontece com o segundo volante, que o tricolor tem dois fora de combate e dificulta a escalação do time, a ausência de um meia armador é falha terrível do elenco, pois este cara pensador faz o time jogar e faz o diferencial. Na frente Luciano e Calleri formam boa dupla, mas a ausência de um bom jogador de velocidade é mais uma falha grande do elenco. Alisson e Rato não são velozes, tendem a dar chuveiros ou cruzamentos, pelo menos tendiam com RC, agora parecem jogar melhor com Dorival. David é um cara que joga na força apenas. Marcos Paulo pode ser útil, tem habilidade, velocidade e finalização, mas ainda é um jogador em busca de um espaço e posição em campo, já que despontou no Fluminense como camisa 9 e depois como segundo atacante e até meia, mas nunca se firmou. Caio Paulista é atacante de origem e também é útil, já que até de lateral pode atuar, coisa importante na ausência do Wellington.
Pelo momento difícil que já dura 10 anos do clube, sempre julguei RC útil em vários sentidos. Escrevi várias vezes que ele teria que convencer na função de treinador do maior vitorioso do Brasil, mas o tempo passou e o trabalho dele acabou não rendendo o esperado após 18 meses, um bom tempo. A real é que o time rendia menos do que o esperado.
O esquema tático citado acima e utilizado pelo Dorival trás memórias de um grande time do Santos comandado pelo Leão, que tinha um meio de campo muito bom em losango com o Paulo Almeida centralizado, Elano na direita, Renato na esquerda e Diego na frente deles. Na frente Robinho e Alberto. Notem que Robinho era o cara da velocidade. Isso é que faz falta no tricolor. Calleri e Lucas poderiam formar uma dupla espetacular, não é mesmo?
Salve o tricolor paulista, o clube da fé.
Carlito Sampaio Góes