Reunião ainda não tem uma data específica, diante do calendário apertado da equipe nas próximas semanas; Dorival lamenta situação: “Vivemos no país da impunidade”
O escândalo das apostas repercute no dia a dia dos clubes brasileiros, e é assim também no São Paulo. O clube tem promovido diálogos nos últimos dias e planeja uma palestra como uma maneira de orientar, principalmente, os jogadores diante das denúncias expostas pelo Ministério Público de Goiás.
O departamento de compliance do clube tem concentrado este trabalho e programa uma palestra maior para falar sobre o assunto com os atletas do clube. Ainda não há uma data definida, diante do calendário apertado que o clube encara nas próximas semanas.
A cautela adotada internamente no São Paulo acabou refletida na entrevista concedida pelo técnico Dorival Júnior, depois do empate sem gols com o Fortaleza, na última quinta-feira.
– É lamentável e triste tudo isso. Eu prefiro aguardar um pouco para que se apurem as situações e depois apontemos o dedo, porque é fácil, muitos anos ventilados e de repente não temos comprovações de nada. Muitas conversas jogadas ao léu. Temos que ter respeito com essas pessoas, entendemos que é um momento muito delicado, mas sem que acusemos alguém neste instante até se comprovar.
– Vivemos no país da impunidade, onde muita coisa acontece e de repente se fecha os olhos. Se tem acontecido fatos, temos que apurá-los até o fim. Caso um ou outro tenham participado, naturalmente terão que ser punidos pela gravidade da situação apresentada.
Depois de encarar o Fortaleza na capital cearense, o São Paulo só retorna nesta sexta e trabalha no sábado para encarar o Corinthians, no domingo, em clássico pelo Brasileirão.
A equipe viaja já na terça-feira para Recife, onde encara na quarta o Sport, em jogo de ida pelas oitavas da Copa do Brasil.
No espaço de duas semanas, o time recebe o Vasco no dia 20, no Morumbi, e viaja para a Venezuela, onde enfrenta o Puerto Cabello, em 23 de maio, pela Sul-Americana.
O calendário apertado ainda deixa a palestra sem data, mas o São Paulo se ajusta para orientar os atletas diante do escândalo mais recente do futebol nacional.
Até o momento não houve qualquer atleta relacionado ao clube denunciado pelo Ministério Público de Goiânia.
Entenda o caso
O Ministério Público de Goiás fez uma nova denúncia sobre manipulação de jogos no futebol brasileiro. Estão sob investigação partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de confrontos dos estaduais que aconteceram neste ano.
As informações foram publicadas pela Veja. São pelo menos 20 partidas sendo analisadas pelo MP. A nova denúncia foi acatada pela Justiça e resultou em 16 réus.
Os clubes e casas de apostas são tratados como vítimas.
Os casos investigados envolvem apostas para lances como punições com cartões amarelo ou vermelho e cometer pênaltis. Bruno Lopez de Moura, apostador que havia sido detido na primeira fase da operação, é visto pelo MP como líder da quadrilha no esquema de manipulação de resultados. Outras 16 pessoas podem virar réus no caso.
Na fase anterior da operação, alguns jogadores foram alvos de uma operação de busca e apreensão: os zagueiros Victor Ramos, da Chapecoense, Kevin Lomónaco, do Bragantino, Paulo Miranda, ex-Juventude, e Eduardo Bauermann, do Santos, os laterais-esquerdos Igor Cariús, do Sport, e Moraes, ex-Juventude e hoje no Atlético-GO, e o meia Gabriel Tota, ex-Juventude e atualmente no Ypiranga-RS.
Na fase atual, foram adicionados os nomes dos volantes Fernando Neto, ex-Operário-PR e hoje no São Bernardo, e Nikolas, do Novo Hamburgo-RS, e do atacante Jarro Pedroso, do Inter-SM.
O MP-GO pede a condenação do grupo envolvido na manipulação, além do ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos.
Entre os detalhes obtidos nesta investigação do MP-GO estão os valores oferecidos para que os jogadores fizessem os atos previstos nas apostas.
GloboEsporte