Se antes do início do Paulista houvesse uma dica de que o artilheiro seria um jogador do São Paulo, as apostas, em sua maioria, seriam em Calleri.
Se a dica divina fosse mais explícita e falasse de um jogador argentino do São Paulo, então as apostas em Calleri chegariam bem perto de 100%.
Todos errariam. Com oito gols marcados, Giuliano Galoppo foi o artilheiro do Paulistão, ao lado de Róger Guedes, do Corinthians. Algo inesperado até para ele, que começou a competição como um reserva com poucas oportunidades.
“Não imaginava ser o artilheiro da competição. Imaginava, sim, fazer um bom campeonato, com gols, porque essa é uma das minhas características, embora não seja minha única função. Mas ser o artilheiro, não pensava, queria apenas fazer um bom campeonato”.
Galoppo veio do Banfield, clube menor da Argentina, sob muita expectativa. O clube pagou US$ 4,5 milhões por ele. No Banfield, era uma espécie de “dono do time”, um volante com pisada na área do rival. Não tinha muita necessidade de marcação.
No São Paulo, as exigências eram maiores. Rogério não gosta de espaços generosos para o adversário. Depois de muita conversa e dedicação nos treinamentos, eles se acertaram e Galoppo passou a jogar mais adiantado.
E os gols começaram a aparecer. “Com mais minutos e mais confiança, os gols começaram a sair”.
E houve os pênaltis também. Já no final do ano passado, ele surpreendeu com categoria e personalidade, batendo fraco, quase rente à trave.
Sem Reinaldo, que foi para o Grêmio, o São Paulo precisava de um novo batedor e conseguiu logo um que nunca havia errado antes.
“Eu sempre falei, treino muitos pênaltis desde que estava no Banfield. Até agora, acertei todos. Treino todos os dias para chegar no jogo o mais frio possível e converter a cobrança. Quando você pega confiança, vai jogando cada vez mais e se sentindo importante para a equipe. Com apoio dos companheiros, suas qualidades vão aparecendo”.
E, por ironia, o São Paulo foi eliminado no Paulista na decisão por pênaltis contra o Água Santa. Galoppo se contundiu durante o jogo e não cobrou. Se o São Paulo passasse, ele acredita que poderia ter sido o artilheiro isolado.
“Acredito que sim. No próprio jogo contra o Água Santa, eu poderia ter feito um gol e, se a gente avançasse, teria mais jogos para eu marcar. Seria lindo, mas o importante era o time ter chegado mais longe e não a artilharia.
“Agora, em recuperação do rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, Galoppo acompanha todos os jogos do São Paulo, muitas vezes em estádios, incentivando os companheiros. Está gostando do que vê, com saudades da bola e com muita vontade de voltar.
“A equipe está bem, confiante, não estamos tomando gols. Vejo a equipe muito bem para este ano e espero que possamos conseguir coisas importantes. Minha vontade é estar dentro de campo o mais rapidamente possível para ajudar o time. A recuperação está indo bem e espero voltar a fazer o que eu amo. Estou me preparando, tudo está em bom caminho. E, se errar um pênalti, será o primeiro. Estou preparado, pois todo mundo pode errar um dia.”
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