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Caíque Toledo
As vitórias empolgantes contra Trujillanos, River Plate e Toluca colocaram o São Paulo já nas quartas de final da Copa Libertadores. Nessas partidas, o Tricolor mostrou uma vontade fora do comum e teve grandes atuações, com um fator em comum que nos credencia a brigar pelo tetracampeonato: o Morumbi.
Os três triunfos aconteceram em nossa casa, que por duas vezes bateu o recorde de público no futebol brasileiro na temporada. É inimaginável acreditar que o Morumbi não terá ingressos esgotados para o decisivo duelo contra o Atlético Mineiro, na quarta-feira (11), e, claro, a torcida empurrará o time na briga pela vantagem em busca das semifinais.
Sabendo disso, a diretoria aumentou o preço de todos os ingressos em R$ 20, deixando o mais barato a R$ 50 (arquibancada amarela, com R$ 25 a meia). Todos, e não apenas alguns setores, como seria o ideal. É mais uma oportunidade de tentar levantar um dinheiro que, sim, ajuda o clube, mas a que preço? O São Paulo não tem tato para lidar com quem tanto empurrou o time até a fase atual.
Depois de um 2015 frustrante, o São Paulo começaria a temporada atual em baixa. Sem um time que empolgasse à primeira vista e mandando seus jogos no Pacaembu, graças a reforma do gramado do Morumbi, era previsível que não lotassemos o estádio mesmo em nossa competição favorita. Ficou ainda pior quando descobrimos que as arquibancadas do municipal teriam ingressos por R$ 70. Mesmo assim, 32.567 pessoas viram a apertada vitória contra o Cesar Vallejo.
Veio a estreia na fase de grupos e, ainda com os preços exorbitantes, 26.467 pagaram para ver a vexamosa derrota para o Strongest. Depois de dois empates fora de casa e com a situação complicadíssima, a diretoria baixou o preço dos ingressos para o mínimo de R$ 30 na volta ao Morumbi. Resultado: 6 a 0 contra o fraco Trujillanos e esperança na classificação, mas, pela má campanha, apenas 18.561 pagantes.
Empolgado pela vitória e com o baixo público confirmado, o São Paulo ‘provocou’ o torcedor de sofá, criando uma verdadeira convocação para o confronto contra o River Plate. A chamada foi atendida, e com muito gosto: 51.342 pessoas, recorde de público do futebol brasileiro no ano, viram a vitória por 2 a 1 que nos deixou mais perto da fase mata-mata.
E assim foi. Com a classificação, fizemos a primeira partida das oitavas no Morumbi e, novamente, o sucesso foi estrondoso: novo recorde de público, e 53.241 pessoas na goleada contra o Toluca. A derrota no jogo de volta não tira o brilho da campanha recente, e, certamente, deixa o torcedor confiante em uma nova classificação.
Mas, o São Paulo…
Apenas para comparação: no maior público com os ingressos mais caros (mínimo R$ 70 no Pacaembu, 32.567 pessoas para São Paulo 1×0 Cesar Vallejo), a renda bruta foi de R$ 1.951.395; no jogo contra o River Plate (mínimo R$ 30, já no Morumbi, com 51.342 pagantes na vitória por 2 a 1), foi de R$ 2.550.465. Sucesso no caixa e no apoio das arquibancadas.
Para enfrentar o Atlético (arquibancada amarela a R$ 50, demais arquibancadas a R$ 80, cadeiras de R$ 110 a R$ 160, todas também com meia-entrada), os preços ainda são menores dos que os cobrados no Pacaembu, mas R$ 20 a mais do que dos três jogos que nos colocaram em posição de brigar, sim, pelo título da competição. Não entro no mérito do preço do ingresso em si, já que considero R$ 50 justos para a fase, mas sim no aumento pontual e aproveitador em todos os pontos do estádio. Há quem viaje, de longe, e gaste mais que apenas o ingresso, por exemplo. Se quisesse aumentar os preços de forma justa, que o fizesse em determinados espaços, e não no Morumbi inteiro. É a hora perfeita para discutirmos um setor popular.
Claro que o ideal é que o torcedor se torne Sócio e possa pagar até R$ 1 no ingresso, dependendo do plano, mas o clube não pode se esquecer do torcedor comum. O São Paulo sabe que, nesta quarta-feira, encherá o Morumbi seja qual for o preço do ingresso. Aproveitar para aumentar todos os preços, no entanto, torna-se uma atitude mesquinha de quem não pensa em seu torcedor. Independente das dificuldades de horário, acesso, transporte público, estacionamento e tudo mais, estaremos lá pelo amor e pela mística combinação de Morumbi e Libertadores, torcendo por mais uma vitória em busca do tetra. Mas sem esquecer o oportunismo e a falta de respeito que infelizmente se tornaram comum.