O São Paulo não vive os problemas que um dia já teve na posição de goleiro após a chegada de Rafael, mas ao menos dois nomes que foram da base do clube em Cotia têm mostrado neste Brasileirão que poderiam ter resolvido a questão do titular do gol Tricolor muito tempo antes: Matheus Cunha, do Flamengo, e Lucas Perri, do Botafogo.
Formação
Os dois goleiros fizeram quase toda a formação no São Paulo e empilharam convocações para seleção brasileira de base. Matheus Cunha deixou o Tricolor no sub-20, enquanto Perri chegou a jogar profissionalmente.
O caso Matheus Cunha
Cunha era visto como goleiro com mais técnica com os pés dos últimos anos na base do Tricolor. E foi justamente assim que começou a ganhar espaço no Flamengo após a chegada de Jorge Sampaoli.
O UOL ouviu que Cunha deixou o São Paulo pois não houve acordo pela renovação de contrato. O Tricolor não teria topado aumentar os vencimentos do goleiro.
Cunha foi disputado por Corinthians e Flamengo, mas fechou com o rubro-negro. Ele fez seu último ano de sub-20 no clube carioca e subiu para o profissional em seguida. Neste ano, Matheus Cunha renovou com o time carioca até o fim de 2025.
O caso Lucas Perri
Lucas Perri era destaque na base, mas o São Paulo avaliava que ele precisava de rodagem. Ele chegou a jogar nove jogos entre 2019 e 2021.
O UOL ouviu que a avaliação de Crespo, ex-técnico do time profissional, era de que o goleiro estava tecnicamente abaixo das opções que tinha no elenco. Com o argentino, Perri jogou seis jogos, mas nunca teve sequência.
Perri e o São Paulo decidiram por um empréstimo em 2022. Diversas propostas da Série A chegaram, mas o Tricolor queria dinheiro para emprestar o atleta e não houve acordo. O Náutico, que jogava a Série B, foi o destino acertado.
O UOL apurou que, antes de liberar o empréstimo de uma temporada, o Tricolor pediu que Perri renovasse o vínculo por mais um ano. As duas partes concordaram verbalmente e ficou acertado.
Perri se apresentou no Náutico ainda sem renovar com o São Paulo. O goleiro atuou a temporada 2022 pelo clube pernambucano e seu contrato com o Tricolor iria apenas até dezembro daquele mesmo ano.
O UOL ouviu de fontes que o Tricolor esqueceu de enviar o contrato de renovação para Perri. A reportagem ainda ouviu que o clube foi lembrado por diversas vezes desta situação durante quatro meses. O São Paulo nega essa versão.
A extensão do vínculo de Perri com o São Paulo seria nas mesmas bases salariais e não teria custos extras ao clube. Nesse tipo de negociação, comissões e luvas geralmente são pagas.
Perri começou a se destacar pelo Náutico na Copa do Nordeste e no Campeonato Pernambucano, quando acabou campeão. O desempenho chamou atenção de diversos clubes do Brasil e do exterior.
A reportagem ouviu que uma reunião foi feita pelos agentes do jogadores para definir se esperariam o São Paulo ou não. Ficou acordada uma última tentativa de lembrar ao Tricolor sobre o acordo. O e-mail com a renovação do vínculo, porém, nunca chegou e a partir daí os empresários decidiram ouvir propostas para deixar o clube ao término do contrato.
Segundo fontes ouvidas pelo UOL, havia um entendimento de que o São Paulo estava esperando para ver o desempenho de Perri antes de decidir se enviaria a proposta de renovação ou não. A percepção era de que se o goleiro não fosse bem no empréstimo, não haveria tal renovação pedida e acordada.
Foi assim que Perri chegou a um acordo com o Botafogo. O clube carioca desejava contar com o jogador antes do término do vínculo e abriu negociação com o São Paulo.
Ficou acertado um pagamento de R$ 1,5 milhão ao Tricolor pela liberação imediata. No acordo com o Botafogo, Perri ficaria com 30% de seus direitos econômicos, mas abriu mão de 15% para deixar com o São Paulo.
Antes do Botafogo, o São Paulo teve duas oportunidades para vender Lucas Perri, mas recusou as ofertas. Um mês antes de o goleiro poder assinar um pré-contrato, o Tricolor recebeu uma proposta do exterior de 500 mil euros (cerca de R$ 2 milhões na época), mas pediu 2 milhões de euros (cerca de R$ 8 mi na época).
Anos antes, quando Perri esteve emprestado ao Crystal Palace (ING), o clube rejeitou outra oferta. Os ingleses acenaram interesse na compra e ouviram o pedido de 6 milhões de euros (R$ 25 mi). O Palace ofereceu 3 milhões de euros (R$ 12,5 mi), mas o Tricolor recusou.