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Pedro Cuenca
Era um dia 2 de maio. Não me lembro se fazia frio ou calor, mas o Morumbi estava lotado. Repeti todos os meus passos até o estádio e fiquei quietinho até o início do jogo. Não sei explicar, mas sabia que algo não daria certo naquele dia, principalmente quando vi a escalação do São Paulo.
Naquela noite, o time escalado por Ney Franco (sintam o drama) foi Rogério Ceni; Paulo Miranda, Lúcio, Rafael Tolói e Thiago Carleto; Denílson, Wellington, Jadson e Ganso; Osvaldo e Aloísio Boi Bandido. Uma porcaria, né?
Por incrível que pareça, o time começou melhor, pressionando e até abriu o placar, com Jadson. Em alguns minutos, o São Paulo parecia que ia esquecer a tenebrosa fase de grupos, uma das piores da história, e jogaria de verdade naquela temporada. Mas aí apareceu a figura de Lúcio.
Contratado no início daquele ano, Lúcio chegou para ser a liderança no São Paulo que acabara de vencer a Copa Sul-Americana de forma polêmica e buscaria o tetra da Libertadores. Sem jogar bem e errando muito, porém, cada vez era mais contestado e foi sendo substituído com mais frequência. A ridícula mania de partir com tudo para o ataque, que inspirou David Luiz, se mantinha. Contra o Galo, ele fez pior.
Uma bola morta, no meio de campo, e Lúcio chegou como um carro desgovernado atropelando um jogador do Atlético. Expulso na hora, causando um barulhento silêncio no Morumbi. Ainda bem que pouco vestiu a camisa do São Paulo depois disso. Só que ali, enquanto viam o camisa 3 sair de campo, todos sentiram que a noite tinha acabado, que o show era passado e a vaga uma distante miragem.
O Galo, mais forte e com um jogador a mais, virou a partida. No jogo de volta, goleou o Tricolor por 4 a 1. Acabou sendo campeão continental em uma história de muita sorte e pouco juízo que todos nós conhecemos.
E o São Paulo? Curiosamente, tem feito pouco desde então. Naquele mesmo ano de 2013, brigou para não cair no Brasileirão e foi eliminado pela Ponte Preta (!) na Sul-Americana. Em 2014, até foi bem no Brasileirão, mas nada de especial, assim como em 2015, quando fez uma temporada tenebrosa. Em todos esses anos, nada de título, muitos problemas e crises.
O São Paulo é, desde então, um antro de burros. Começou com os que não souberam marcar gols naquele dia, foi para o “xerifão” expulso de forma amadora, os dirigentes que pensaram ser donos do clube e muito mais.
Que a burrice de 2013 não se repita, por favor, eu ainda não consegui esquecer aquele jogo.