Atacante jogou três anos no Timão, mas preferiu o Tricolor para conciliar melhor com a escola; como formador, clube alvinegro ainda recebe por vendas do ex-Marcelinho
Semifinal de Copa do Brasil, clássico decisivo no Morumbi lotado, e Lucas Moura em campo com a camisa 7 do… Corinthians? Poderia ter acontecido, mas o destino traçou outra história, e ele deve ser titular do São Paulo às 19h30 desta quarta-feira.
O atacante decidiu sair do Timão ainda na adolescência, porque a família queria condições melhores para ele estudar e treinar. No Morumbi, Lucas virou profissional, xodó da torcida e campeão, por isso escolheu voltar após 11 anos fazendo a carreira na Europa.
O ge relembra abaixo porque a história dele com o Timão deu errado.
Tudo começou em uma escolinha do Marcelinho Carioca, ídolo alvinegro que mantinha franquias de quadras e campos espalhados pela Grande São Paulo. Lucas Moura surgiu na unidade de Diadema, e logo foi para um clube em São Caetano, uma cidade vizinha.
Chegando lá, perguntaram de onde ele vinha, o garoto respondeu, e foi batizado de Marcelinho para evitar confusões com os outros Lucas que já estavam no novo time.
– Eu era carequinha, baixinho e carreguei esse apelido por muito tempo – disse Lucas Moura em uma entrevista ao ge, em 2010.
O pequeno Marcelinho foi jogar no Juventus da Mooca aos sete anos, e três anos depois chegou às categorias de base do Corinthians. Foi ali que ele começou a pensar mais seriamente em ser jogador de futebol, mas a família tinha uma preocupação: a distância.
Eram dois ônibus para ir e outros dois para voltar dos treinos, e o cansaço da correria começou a influenciar no desempenho do garoto na escola e no clube.
O pai, Jorge, procurou o Corinthians para tentar alguma solução. Se o clube conseguisse um dormitório e uma escola mais próximos, resolvido, Lucas teria mais tempo para fazer tudo o que precisava. Não foi o que aconteceu, e a família decidiu pela saída.
Era 2005, o São Paulo estava inaugurando o Centro de Formação de Atletas em Cotia, e a estrutura convenceu a família. Aos 13 anos, Lucas Moura virou tricolor. O Corinthians, por outro lado, até hoje não tem um alojamento próprio para a base, pois as obras ao lado do CT profissional ainda não foram concluídas. O clube aluga uma casa próxima ao Parque São Jorge para esse fim.
No São Paulo, Lucas Moura subiu nas categorias de base, ganhou uma Copinha e virou profissional ainda como Marcelinho, uma referência ao ídolo do maior rival. Em algumas semanas decidiu mudar de nome, porque “queria ter a própria identidade”, segundo disse. A diretoria até fez uma apresentação.
Daí em diante, a história é conhecida: Lucas foi campeão da Copa Sul-Americana em 2012 e vendido ao Paris Saint-Germain. Depois foi contratado pelo Tottenham, e nesta janela de transferências voltou ao São Paulo.
O Corinthians não teve nenhuma vitória esportiva com Lucas Moura, mas faturou com as transferências dele. O mecanismo de solidariedade da Fifa dá ao Timão o direito de 0,5% de qualquer transferência do atacante porque ele passou pela base do clube.
Foi assim na venda ao PSG: demorou cinco anos, mas o Corinthians recebeu cerca de R$ 540 mil após disputas com o São Paulo na CBF e na Fifa. Depois, foram mais R$ 550 mil pela ida do jogador ao futebol inglês. A volta de Lucas ao Tricolor não rendeu nada, pois ele estava livre no mercado.
Nesta quarta-feira, Lucas Moura será titular do São Paulo contra o Corinthians. O confronto vale no mínimo R$ 30 milhões, pois esta é a premiação paga ao vice-campeão da Copa do Brasil. O Timão joga pelo empate, e uma vitória tricolor por um gol leva o clássico para os pênaltis.