Com São Paulo na final, Dorival elogia Lucas e diz: “Nunca tive uma equipe tão vibrante”

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Treinador exalta comprometimento do time, que bateu o Corinthians em casa e avançou à decisão da Copa do Brasil pela primeira vez desde 2000

O técnico Dorival Júnior exaltou o comprometimento de seu time após a classificação para a final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira. No Morumbi, o São Paulo bateu o Corinthians por 2 a 0, a vantagem exata que precisava para avançar após perder o jogo de ida por 2 a 1.

Ele exaltou a participação de Lucas, que vê como um jogador responsável por melhorar o desempenho dos colegas em campo. O camisa 7 teve atuação brilhante, principalmente no primeiro tempo, quando fez um gol.

– É um jogador que será muito importante, com características que não tínhamos, pode atuar pelo lado, por dentro, pelo centro, não vejo problema algum. O importante é a doação que ele está mostrando, a intensidade que ele imprime e a qualidade das jogadas que ele proporciona. Acho que tudo isso faz com que todos cresçam – disse Dorival após a partida.

Dorival Júnior em São Paulo x Corinthians — Foto: Ettore Chiereguini/AGIF

O treinador estendeu os elogios a todo o time:

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– O que essa equipe vem entregando em termos de comprometimento é algo que impressiona todos nós. Nunca tive uma equipe tão vibrante, com tanta pegada, com tanta força, querendo se estabelecer e encontrar um caminho para entregarmos ao torcedor.

É apenas a segunda vez que o São Paulo disputa a final da Copa do Brasil – a primeira foi em 2000, quando foi derrotado pelo Cruzeiro. Os jogos serão nos dias 17 e 24 de setembro, com mandos definidos em sorteio.

– Agora o que vai acontecer daqui para frente vai depender de merecimento, de entrega, comprometimento. Essa equipe vem deixando tudo dentro de campo para recuperar o amor do seu torcedor para com o seu clube. Isso não tem preço e eles estão conquistando. Saímos de 30 mil para 62 mil pessoas (no estádio).

Além da Copa do Brasil, o São Paulo também segue vivo na Sul-Americana, classificado para as quartas de final.

Veja outras respostas de Dorival Júnior:

Como foi a preparação para o jogo e a conversa com os atletas?

– Não foi nem conversa, foi o compromisso de cada um dentro de campo, uma preparação adequada sobre o nosso adversário. O segundo gol de uma jogada trabalhada, uma jogada que nós repetimos ao longo desses últimos dez dias, pontuando o que poderia acontecer. Fico muito feliz por ter visto a equipe ter a iniciativa desde o primeiro minuto de jogo, fazendo com que gerássemos muitas dificuldades ao Corinthians e, com isso, um resultado importante que foi sustentado pelo trabalho, dedicação e comprometimento de cada um.

O São Paulo está na final, pode conquistar um título inédito passando pelos seus dois principais rivais. O que isso significa?

– O primeiro ponto é: o que o torcedor fez para receber o São Paulo? Acho que nunca vi em lugar algum isso acontecer, a energia que sentimos do nosso torcedor foi uma coisa que impressionou desde a nossa saída do CT, as pessoas estavam em volta do ônibus durante o caminho. Nos marcou de sobremaneira tudo isso. Um resultado que não acontecia desde 2000, uma final da Copa do Brasil era uma lacuna aberta para um clube como o São Paulo, isso tem que ser valorizado e enaltecido muito em função do que fez o torcedor. Merecimento total deles. Aquilo que a equipe realizou dentro de campo, se entregando do primeiro ao último minuto, fazendo por merecer. Fico feliz por estar a frente dessa equipe vibrante, uma equipe que não se esconde, mesmo tendo em muitas partidas o resultado negativo. Tudo isso foi uma coisa que impressionou todos nós. Não me preocupavam os resultados anteriores porque a equipe estava organizada e coordenada querendo encontrar um caminho. Isso nos mostrava que estávamos vivos e conscientes daquilo que estávamos querendo.

Você já se deu conta de que pode cumprir a promessa por títulos no São Paulo? E como você vê sua caminhada até aqui?

– O torcedor não precisa ficar preocupado porque os próprios jogadores também não acreditavam. Quando eu falei, um olhava para o outro e eu percebia que existia uma desconfiança muito grande. Isso daí não é um fato que o próprio torcedor talvez tenha que criar alguma situação interna entre ele e sua equipe. Os próprios atletas não acreditavam, você pode ter certeza disso. Quando eu falei com eles, afirmei que chegaríamos a uma final de competição, no mínimo uma. Agora o que vai acontecer daqui para frente vai depender de merecimento, de entrega, comprometimento. Essa equipe vem deixando tudo dentro de campo para recuperar o amor do seu torcedor para com o seu clube. Isso não tem preço e eles estão conquistando. Saímos de 30 mil para 62 mil pessoas. Isso é uma prova de que o torcedor está voltando a confiar na equipe, quando eles começam a acreditam o ambiente modifica, a atmosfera altera e o próprio sentimento dentro do clube passa a ser diferente. O São Paulo sempre foi um clube vencedor, um clube que foi exemplo para todos os outros. Toda a iniciação em termos de estruturação partiu do São Paulo. Não podemos ficar onde estamos, é um primeiro passo, não sei o que acontecerá daqui para frente, mas faremos de tudo para entregarmos o nosso melhor.

O Luxemburgo disse que a grande diferença foi a intensidade. O São Paulo poderia ter vencido por mais. O Corinthians sentiu a pressão do clima criado pela torcida?

– Não estou do lado de lá, o sentimento dos nossos adversários eu respeito muito. Acho que o que o São Paulo nos proporcionou alcançar um resultado tão importante. O que o São Paulo buscou, a maneira como preparamos o jogo, a maneira como os jogadores se prepararam vem acontecendo há dez dias. Lá na Arena iniciamos a preparação para esse jogo, as pessoas às vezes não tem ideia do que passa. Não acho que merecemos aquele resultado, o São Paulo fez mais. Nos 180 minutos, o São Paulo talvez tenha buscado mais do que o Corinthians e merecido mais essa classificação. Sempre vou respeitar os meus adversários e jamais poderei falar algo a respeito de atuação. São profissionais e se entregaram ao máximo para que pudessem nos vencer na noite de hoje.

17º mata-mata consecutivo. Qual o seu segredo?

– Tenho um número considerável de vitórias na Copa do Brasil. Com o Santos, em 2010, tivemos a melhor campanha em números de gols marcados. São alguns números importantes, expressivos, mas isso não me fortalece. É um número considerável, mas o que importa é ter a aceitação do grupo de trabalho. Isso vem acontecendo, eles estão confiando, entendendo e buscando cumprir. Eles estão percebendo que têm uma força maior daquilo que têm mostrado. Isso tem um valor muito maior do que os números individuais. É o coletivo que está superando. O resgate do torcedor, depois de tudo isso, entregarmos o melhor para esse torcedor. Lá na frente podemos falar de números conquistados, mas o mais importante é o São Paulo.

Dorival, você falou sobre a superioridade e intensidade. No segundo tempo, o Corinthians chegou a crescer. Como você viu esse momento da partida?

– É um fato natural com o ritmo que imprimimos no primeiro tempo. Alguns dos nossos jogadores, como o Lucas, vem de desgaste. Estamos em três competições, a entrega que estamos tendo, isso é natural. Éramos apenas nós e o Corinthians nessa situação e as pessoas não entendiam. Passei isso com o Flamengo no ano passado, não tem como sustentar um jogo desse. O Corinthians se largou no segundo tempo, tivemos reais oportunidades com o Lucas, com o Juan, com o Nestor, com o Rato. Se tivéssemos feito pelo menos mais um gol talvez teríamos mais controle. Não aconteceu e o Corinthians se soltou. É natural essa exposição maior, principalmente enfrentando uma equipe com a qualidade do Corinthians. Eles estavam a quantos jogos invictos? Não é fácil.

Dorival, as críticas muitas vezes são focadas no treinador. Tem um desejo pessoal seu de ser campeão no São Paulo?

– Não penso nisso. Penso no São Paulo, penso no coletivo, penso em uma conquista nossa. A conquista não fica para o Dorival, para o jogador que fez o gol ou para o goleiro que fez uma grande defesa. A conquista fica para o clube e para a sua torcida. Isso é um patrimônio, é isso que você busca. Críticas? Estou acostumado desde quando jogava bola. Pra mim, o elogio e a crítica têm o mesmo peso. Não posso levar isso. Mesmo nas derrotas sabia que era consequência natural de momentos, tinha muita confiança de que o São Paulo voltaria a jogar como hoje. Isso é o São Paulo. Contra o Bahia tivemos 12 oportunidades e não fizemos o gol.

Como você vai administrar o psicológico do elenco?

–Tentando manter o que estamos fazendo. Colocando sempre uma equipe na melhor possibilidade física para cada partida, e contando com o crescimento daqueles que estão no grupo. Temos 36 jogadores no elenco, posso trazer apenas 23. Os 13 que ficam estão trabalhando com muita intensidade, a qualquer momento podem atuar e ser decisivos. É um entendimento, uma maneira como estamos conduzindo amparados pela diretoria. Se não fosse com o apoio desse grupo de trabalho dificilmente conseguiríamos os resultados que estamos conquistando.

Você sente que tem o time na mão para alternar em momentos decisivos?

– Estou completando, ainda vou completar quatro meses de trabalho, é muito pouco tempo. Estamos aproveitando o máximo possível para que possamos acelerar o processo. Sinto a equipe segura nas decisões, na postura, sempre muito equilibrada, que não perde a organização, que respeita os comportamentos, que tenta corrigir. É a repetição do trabalho que está fazendo com que encontramos um caminho. É normal que oscile, vai oscilar. Oscilamos em duas competições, mas nos recuperamos dentro de casa. Isso é muito importante e não é qualquer equipe que consegue reverter dois resultados em uma semana jogando no limite do emocional, tendo que buscar as viradas e, ao mesmo tempo, se mostrar consistente no Brasileirão. Só tenho a agradecer os jogadores e respeitar cada um deles, que estão se entregando muito. Pra mim, é mais do que uma vitória. Todos eles estão motivados, trabalhando e se dedicando. Termina o dia de trabalho e não posso falar um ‘a’ de ninguém ali. Espero que continue assim.

Como você fez para transformar a confiança da equipe em apenas quatro meses?

– Não falei em confiança, falei que nem eles confiavam que isso pudesse acontecer. São coisas diferentes. Até pela saída do Rogério, existia uma confiança, uma incerteza, o que é algo normal quando um de nós (treinadores) sai. Quando eu falo que cheguei falando em conquista, é natural que gere uma situação de “pô, será que isso vai acontecer?”. É natural, foi o que aconteceu no momento. Hoje, estou muito satisfeito em conquistar esse objetivo que é chegar na final e espero que eles mantenham essa gana de conquistar mais resultados.

Globo Esporte