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Caíque Toledo
O São Paulo começou a temporada em baixa. Descrente, vindo de um ano com muitos problemas e com péssimos resultados em campo, o Tricolor não esperava que, em pouco tempo, estivesse em um cenário completamente diferente e nas graças de sua torcida. Nesta quarta-feira (18), o time encara o Atlético-MG brigando por uma vaga nas semifinais da Copa Libertadores da América, e tem nos bastidores uma figura fundamental para a mudança de rumo do clube nas últimas semanas: o ídolo Pintado.
Contratado para fazer parte da comissão fixa do clube, o ex-volante conversou com o blog e acredita se encaixou em um trabalho que já havia começado e que o clube está em reconstrução e no caminho certo. Há quem acredite em coincidências, mas, dentro do São Paulo, parece unânime que o trabalho de Pintado ajudou a fazer a diferença. “Tem muita coisa pela frente. Tenho certeza que pude acrescentar alguma coisa, mas é um trabalho que vinha sendo feito. Dentro do São Paulo, a gestão tem que ser vista de maneira diferente. Com seriedade, aos poucos os resultados começam a aparecer. Em nenhum momento eu achei que as coisas não dariam certo aqui. Eu não vim ao São Paulo para perder“, disse Pintado, em entrevista exclusiva ao SPFC da Depressão.
Pintado foi anunciado pelo São Paulo no início de abril, um dia antes da vitória sobre o Trujillanos por 6 a 0, no Morumbi. Antes, foram apenas sete vitórias no ano, com derrotas para rivais e uma situação extremamente delicada na Copa Libertadores. Não parece ser à toa que desde então o Tricolor tenha se tornado um clube vibrante, competitivo e que pode alcançar as semifinais da competição sul-americana – algo inimaginável pouco mais de um mês atrás. “De fora, a gente relaciona o resultado ruim com falta de compromisso, falta de vontade, falta de raça, mas às vezes não é assim. Falei pros jogadores logo que cheguei que era questão de detalhes para o São Paulo se acertar“, afirma o ídolo tricolor. “O futebol de alto rendimento exige muito, e é isso que estamos trabalhando. Hoje, vejo um São Paulo feliz, confiante, com os pés no chão. Claro que é só o começo e que vai ser muito difícil pela frente, mas estamos muito fortes. Hoje eu posso garantir que vai ser difícil alguma equipe bater a gente sem ter que lutar muito“, diz o ex-atleta, que, aos 50 anos, também trabalha como assistente de Patón Bauza no comando técnico da equipe.
Ano passado, no auge dos problemas extra-campo e com frequentes goleadas sofridas para rivais, Pintado afirmou em entrevista que via um São Paulo “triste e descompromissado”. “Era uma característica daquela equipe. Pelos momentos que o São Paulo passou, os jogadores ficaram muito carentes de uma posição das pessoas que administram o clube. Embora todos ali com certeza quisessem o melhor, naquele momento os jogadores sentiam a necessidade de alguém do futebol, alguém da bola discutir as dificuldades, e é isso que a gente vem fazendo agora“, afirma. “Nosso trabalho é esse, de resgatar os profissionais, oferecer as condições com exigência e responsabilidade. Jogar no São paulo é isso, tem que ter resultado. Não dá só para passar por aqui, tem que jogar e vencer“, conta Pintado.
Um dos grandes ídolos da história do clube, Pintado foi revelado nas categorias de base do São Paulo e, sob o comando de Telê Santana, conquistou dois Campeonatos Paulistas, duas Copas Libertadores e um Mundial, em 118 jogos. E garante que o lado emocional pesou para aceitar o convite de voltar ao Tricolor. “Não voltei porque sou amigo de alguém, porque tenho empresário. Eu vi o São Paulo ser construído com vitórias e títulos, e não deixaria escapar essa possibilidade. Só agora estou começando a entender como vou receber, porque não discuti contrato, só aceitei“, diz. “Estar aqui é o desafio de fazer o São Paulo campeão e de participar de novo. O São Paulo é muita coisa para mim“, completou Pintado ao blog.