Tricolor foge de badalação no mercado e aposta em estatísticas para montar elenco
Números, estatísticas, confiança e uma pitada de sorte. Tudo isso tem servido de base para o São Paulo fazer contratações nas últimas janelas de transferência. E a inspiração vem do cinema.
A referência é o filme “Moneyball” (no Brasil é chamado de “O Homem Que Mudou o Jogo”), lançado em 2011 e baseado na história real de Billy Beane, gerente geral do Oakland Athletics, time de beisebol dos EUA. Com Brad Pitt no papel do dirigente, o longa metragem retrata o sucesso de Billy ao montar o time na temporada 2002.
Na história, o gerente conhece Peter Brand, um jovem economista que tem levantamentos de dados detalhados e peculiares dos jogadores. Ele vira assistente de Billy Beane e, baseado nas estatísticas, o time começa a contratar atletas desacreditados por toda a mídia e torcedores. A tentativa funciona, e o Oakland Athletics vence 20 partidas consecutivas, um recorde da Liga.
O movimento no São Paulo na última temporada teve algumas semelhanças. Do time campeão da Copa do Brasil, por exemplo, três jogadores tinham sido rebaixados com suas equipes antes de chegar ao Tricolor. Rafinha e Alisson caíram com o Grêmio, e Wellington Rato com o Atlético-GO. Mesmo assim, o clube acreditou neles.
– A gente continua apostando no projeto de quando chegamos aqui. O São Paulo não está atrás de grandes nomes, está atrás de grandes jogadores, que possam agregar. Eu tenho dito sempre que o time que foi campeão tiveram três jogadores que vieram de times rebaixados: Rafinha, Alisson e Wellington Rato. Dois titulares que eram reservas em seus times: Rafael e o Caio Paulista. É continuar com essa ideia – afirmou Carlos Belmonte, diretor do São Paulo, em entrevista ao ge.
– Eu digo que é o “Moneyball”, você analisar, dar vazão às estatísticas, procurar os jogadores que muitos não estão olhando. Por isso o trabalho dos scouts é fundamental, para que a gente continue nessa linha: buscando jogadores com esse perfil. O Lucas e o James são as cerejas do bolo. Podemos trazer um jogador com esse perfil, mas não é porque está na Libertadores que vamos trazer três ou quatro jogadores renomados. Não é isso que a gente pensa – acrescentou.
Belmonte vê algumas semelhanças entre o trabalho do clube e a representação no filme, mas faz ponderações.
– É bem isso, mas o beisebol tem uma diferença gigante com o futebol. Nos esportes jogados com as mãos, as estatísticas prevalecem muito mais do que no esporte jogado com os pés, porque a precisão da mão é maior. Mas é você acreditar nas estatísticas. Então o que eu preciso para aquela função? – disse.
– Veja o caso clássico do Caio Paulista. Ele não era lateral, com o Fernando Diniz começou a ser lateral, e torcida (do Fluminense) não gostava das atuações dele. A gente sabia que não tínha um ponta-esquerda aberto, então o jogador que jogava do lado esquerdo nosso sempre vinha por dentro, no caso o Nestor ou Michel Araújo e sobraria aquele espaço que é característica do Caio, que é o ataque a esse espaço com velocidade e força. Então é você juntando peças, como fizemos nessa temporada, e vai tendo um time competitivo, já que você não tem recursos para rechear o elenco de estrelas – completou.
Em junho, o São Paulo contratou o analista de scout João Marcos e deve ter novas contratações de profissionais para a área neste fim de ano. O clube já iniciou o planejamento para a temporada 2024, e uma das prioridades será a contratação de um centroavante para ser reserva de Calleri.
Erick, do Ceará, foi o primeiro reforço para o ano que vem. Ele tem 31 participações em gols em 2023.
Globo Esporte