Grama sintética e provocações: por que São Paulo “esqueceu” parceria para usar estádio do Palmeiras

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Tricolor escolhe Vila Belmiro para mandar jogo no próximo dia 8, contra o Bragantino, após “adotar” Allianz Parque como segunda casa no começo do ano; entenda os motivos

Em janeiro deste ano, São Paulo e Palmeiras fizeram um acordo para que um utilizasse o estádio do outro quando suas respectivas casas estivessem alugadas shows e eventos.

Os discursos de Julio Casares e Leila Pereira diziam que essa era uma maneira de mostrar ao futebol paulista a importância de manter bom relacionamento entre os rivais fora de campo.

A parceria, porém, não durou muito tempo. Em fevereiro, o Palmeiras mandou o jogo contra o Santos no Morumbi. Em março, o São Paulo foi mandante nas quartas de final do Paulistão contra o Água Santa, no Allianz Parque, e foi eliminado. No início de abril, a equipe alviverde voltou a usar o Morumbi na estreia da Libertadores, contra o Cerro Porteño.

Nenhum incidente grave aconteceu em nenhuma das três ocasiões. A iniciativa, inclusive, foi considerada um sucesso pelos clubes.

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– O futebol paulista sai vitorioso após este fim de semana. São Paulo e Palmeiras mostram que é possível a convivência pacífica entre rivais históricos, deixando a disputa acirrada apenas para dentro de campo nos jogos entre os times. Queremos que este momento seja um marco para o futebol paulista – afirmou o presidente do São Paulo, Julio Casares, na ocasião.

Mas se tudo foi tão perfeito, por que agora, quando o São Paulo precisa alugar um estádio (o Morumbi foi cedido para shows) para disputar a partida contra o Bragantino, no próximo dia 8, o clube nem sequer cogitou o Allianz Parque e acertou com o Santos o aluguel da Vila Belmiro?

Abaixo, o ge mostra alguns motivos:

Grama sintética

O fator principal para que o São Paulo optasse por outro estádio, e não o Allianz Parque, foi o gramado. O Tricolor sofreu com a lesão de seus jogadores no local em 2023.

Em janeiro, pelo Paulistão, Ferraresi rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito e precisou passar por cirurgia. Ele só voltou a jogar novamente no último domingo, contra o Athletico-PR. No mesmo jogo, Rafinha levou um susto ao ter uma entorse no tornozelo. Sua recuperação foi rápida.

Ferraresi se machuca em Palmeiras x São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Em março, um novo trauma no gramado. Na eliminação para o Água Santa, Galoppo rompeu o ligamento do joelho e precisou ser operado. Ele ainda não retornou. Mais recentemente foi a vez de Lucas Moura ter um estiramento na coxa, na derrota por 5 a 0 para o Palmeiras.

No começo deste mês, o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, já havia criticado esse tipo de grama em entrevista ao ge:

– Não sou a favor que os times da primeira divisão tenham sintéticos. A grande maioria dos campos é de grama natural, e a grama sintética faz a diferença a favor do time local. Além disso, o sintético do Palmeiras está muito desgastado e a bola passa muito rápido. Parece um daqueles sintéticos para jogar futebol de 5. Não é fácil jogar nesse tipo de campo.

Dias depois, foi a vez de o técnico Dorival Júnior aumentar o coro:

– É uma coincidência (as lesões no Allianz), mas, na minha opinião, é muito desigual você jogar em um gramado como esse. Na Holanda, gramados como esse são proibidos. Eu acho que eles perceberam isso de negativo para proibirem. Mas aqui permitiram, e eu não posso falar nada, apenas é lamentável, porque o próprio São Paulo teve algumas lesões aqui.

Provocações

Em 2023, São Paulo e Palmeiras acirraram ainda mais a rivalidade entre eles. Se fora de campo os clubes tentavam manter a boa vizinhança, dentro dele os jogos disputados traziam de volta a tensão entre os times.

Na Copa do Brasil, o Tricolor eliminou o rival dentro do Allianz Parque, nas quartas de final, e não perdoou nas zoações nas redes sociais.

Na semana passada, foi a vez de o Palmeiras dar o troco, ao vencer o Tricolor por 5 a 0, e encher suas redes de provocações pela goleada.

Preocupação com a segurança

Os recentes episódios de provocações entre os clubes e os protestos por parte de torcedores do Palmeiras contra a presidente Leila Pereira fizeram o São Paulo evitar jogar na casa palmeirense.

Havia um temor de que o clima dessa vez no Allianz Parque pudesse ser muito menos amistoso do que no começo do ano, quando as equipes haviam se enfrentado apenas uma vez no ano.

Mas por que a Vila Belmiro?

O desejo principal do São Paulo era mandar seus jogos no Pacaembu quando não tivesse o Morumbi à disposição. O problema é que o estádio está em reforma e com previsão de reabertura somente no ano que vem.

Dessa maneira, o Tricolor teria como opção mais próxima a Arena Barueri. No entanto, a empresa do grupo Crefisa, da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, está prestes a ser oficializada como a responsável pelo estádio, e isso poderia causar ruídos.

O São Paulo, então, viu a Vila Belmiro como uma das últimas possibilidades disponíveis. O gramado agrada muito à comissão técnica de Dorival, que conhece bem o estádio santista.

Globo Esporte