Clube que revelou Beraldo resiste a pressão e quer mudar patamar com venda de atleta do São Paulo

2006

XV de Piracicaba tem fatia de 20% do jogador e sonha com negociação que pode colocar no cofre dinheiro para bancar o time por duas temporadas; veja o que o Tricolor pensa

A possibilidade de o zagueiro Beraldo, do São Paulo, ser vendido, mantém alerta dirigentes no interior do estado, a cerca de 160 quilômetros do estádio do Morumbi.

O XV de Piracicaba é dono de uma fatia minoritária nos direitos econômicos do atleta, mas que pode ser suficiente para mudar a história do clube.

Aos 19 anos, em sua primeira temporada como titular, Beraldo é visto como uma das maiores revelações do São Paulo em anos. Espera-se que ele receba propostas altas de clubes europeus na próxima janela de transferências, em janeiro.

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O jovem zagueiro jogou na base do XV de Piracicaba de 2018 a 2019, antes de se mudar para o São Paulo. Na negociação, o clube ficou com 20% dos direitos econômicos do jogador – uma parcela que pode render hoje até R$ 20 milhões.

Dirigentes do São Paulo dizem, reservadamente, que já receberam – e negaram – propostas de cerca de 12 milhões de euros (cerca de R$ 62 milhões) pelo atleta. Eles sabem que receberão novos contatos em breve.

Após uma temporada como destaque e com a conquista da Copa do Brasil, há a expectativa de que as ofertas alcancem os 19 milhões de euros (próximo a R$ 100 milhões), uma cifra que, se confirmada, não deve ser recusada.

Essas projeções fazem com que o XV de Piracicaba resista à pressão de vender sua porcentagem dos direitos de Beraldo ao próprio São Paulo, que já ofereceu R$ 2 milhões aos piracicabanos – que hoje vislumbram receber até 10 vezes esse valor.

– Com responsabilidade e bom senso, dá para mudar de patamar – disse o presidente do clube, Luís Guiherme Schnor, que estima as despesas anuais do XV de Piracicaba entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões. Pelos valores estimados, a receita com a venda de Beraldo bancaria a equipe por duas temporadas.

Um outro negócio feito pelo São Paulo serve de exemplo.

Em 2017, Luiz Araújo foi vendido ao Lille, da França, por cerca de R$ 38 milhões. O Mirassol, que tinha 20% dos direitos do atleta, ficou com aproximadamente R$ 7,7 milhões.

A maior parte desse dinheiro foi investida na construção de um CT, estrutura que hoje é citada como um impulso ao Mirassol, que ascendeu no futebol paulista e hoje disputa a Série B, ainda com chances – pequenas – de subir à primeira divisão nacional.

Schnor diz que ainda não há planos concretos de uso para o dinheiro. Recentemente, um dirigente do XV, a um veículo local, disse que a prioridade seria o pagamento de dívidas sobre investimento em estrutura:

– Isso ainda é opinativo. Só dá pra definir quando houver uma sinalização firme do São Paulo com relação à venda, o que é imprevisível.

O presidente do XV também admitiu que, na concretização do negócio, quando houver, pode negociar com o São Paulo sobre a fatia do clube – os tricolores, que detém 60% dos direitos econômicos (outros 20% são de Beraldo) e os direitos federativos do atleta têm mais poder na negociação e podem fazer exigências no acerto.

– Vamos tentar manter a paridade. A flexibilização pode ocorrer se, de repente, houver alguma contrapartida, como porcentagem de outro atleta, empréstimo de jogador, etc. Mas isso também é só uma suposição. Na hora vamos conversar. Eu tenho um bom diálogo com o Casares e confio na coerência no momento da negociação – completou Schnor, citando o presidente tricolor Julio Casares.

Ao ge, em outubro, o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte admitiu que ainda espera ampliar a participação tricolor nos direitos econômicos de Beraldo.

– Fizemos uma proposta que não foi aceita pelo XV, e isso está sendo tratado diretamente pelo presidente Casares com o do XV. Eles têm conversado, buscado soluções, têm tentado alternativas, quem sabe a gente consegue mais alguma porcentagem do Beraldo. Entendemos o lado do XV, e só vamos vender o atleta no momento oportuno. E isso (porcentagem) pode ser negociado a qualquer momento, agora ou na venda.

O São Paulo ampliou o contrato de Beraldo em setembro. O novo vínculo termina em 2028 e tem multa de 60 milhões de euros, algo próximo a R$ 316 milhões.

Foi um movimento para dar mais força ao clube nas negociações que esperam para breve. Apesar do desejo dos cartolas em ter Beraldo na Conmebol Libertadores, a partir de abril, há quem aposte que ele não jogue nem o Paulista, em janeiro.

GloboEsporte