Sob pressão, treinador comandou o Tricolor nesta quarta no Morumbis e venceu o Cobresal por 2 a 0; ele explicou mudanças e reforçou confiança em sistema com três zagueiros
Thiago Carpini venceu pela primeira vez um jogo de Conmebol Libertadores. Na noite desta quarta-feira, num Morumbis com quase 50 mil pessoas, o treinador comandou o São Paulo na vitória por 2 a 0 contra o frágil Cobresal, time que ocupa a lanterna do Campeonato Chileno.
Em sua entrevista coletiva, o técnico rebateu a ideia de que levar um time com três zagueiros a campo e mantê-los por 90 minutos foi uma ideia defensiva e afirmou que, em sua visão, o grupo está cada vez mais abraçado ao seu comando técnico:
– A aceitação às ideias é cada vez mais aflorada. Realmente era um bom trabalho do Dorival, vitorioso, de Copa do Brasil, mas que teve suas dificuldades, que venceu só um jogo fora de casa. Toda conquista é uma reformulação. Se fizéssemos as mesmas coisas talvez não tenhamos os mesmos resultados, precisamos fazer um pouco mais – disse ele.
Sobre o 3-5-2, o treinador disse que foi uma forma de ocupar o campo do time chileno e, em sua resposta, lamentou mais uma vez o alto número de desfalques do elenco.
– Eu discordo que três zagueiros seja uma condição de se defender. Respeitamos o Cobresal e conquistamos a vitória. Claro que em alguns momentos pode ter atrapalhado um pouco o nervosismo. Houve alguns erros. E não tivemos tanto tempo para trabalhar nessa formação. Com três zagueiros conseguimos ter amplitude pelos lados. Ferreira jogaria na função do Michel. Ele fez uma função de ala, pois é um atacante, meia, segundo volante. Queríamos ter profundidade, proteger um pouco mais da transição do Cobresal. Jogar no erro. Quantos clubes você vê jogando com três zagueiros que não são defensivos? Tivemos Ferraresi e Diego Costa jogando muito no campo do adversário.
– O meu sonho é ter todos os atletas à disposição um dia. Que a gente possa colocar as ideias, as variações e entregar o que for melhor para o torcedor. Aquilo que o torcedor espera de nós. O torcedor merece muito – destacou.
Segundo Carpini, “Calleri só jogou porque é Calleri”, o que indica que o argentino atuou no sacrifício, mesmo com dores na perna direita. Questionado sobre o alto número de jogadores no departamento médico, o comandante tricolor admitiu que essa situação precisa ser melhor trabalhada pelo clube:
– De maneira nenhuma (estiquei a corda), porque daqui a pouco vão dizer que o trabalho que faz as lesões. Os problemas já vêm há quatro anos. É recorrente. Precisamos resolver internamente. Tivemos reuniões internas, ontem, antes de ontem, teremos outra amanhã. Precisamos resolver isso porque a responsabilidade cai nos atletas e em mim. Precisamos dividir com todos os departamentos do clube. Se eu pegar todos esses dados, porém, muitos não foram lesões musculares – apontou.
– Não é o trabalho (que causa lesões), não é a carga de trabalho, porque o fisiologista é o mesmo, os preparadores são os mesmos. Eu quero um time de mais intensidade, mais incisivo. Talvez mudanças de comportamento alterem algumas situações.
Veja mais trechos da coletiva:
- Início difícil no São Paulo
– O que eu esperava no São Paulo é tudo o que eu estou vendo. Clube gigante, cheio de história. Passaram grandes treinadores. Todos eles tiveram dificuldade. Se a gente lembrar, em 1992, o Telê, não estou me comparando, pelo amor de Deus, porque sei que é um corte que sai… Estreia na Libertadores acho que com cinco ou seis derrotas, uma goleada do Palmeiras, se não me engano. Uma cobrança muito pesada. E termina sendo campeão da Libertadores e do Mundial. Não estou comparando os momentos. Todos passam por isso em algum momento da vida. Para trabalhar aqui eu preciso estar preparado. Me sinto muito preparado e respaldado. Enquanto eu vejo o quanto esses caras correm por todos nós, fazem o que é proposto. Eu entendo a chateação do torcedor, mas realmente não ter todos os atletas à disposição é muito complicado.
- Ferreira seria titular
– Três zagueiros também é uma maneira de dar um pouco mais de suporte, já que temos um cara da capacidade do James, mas sabemos que o Alisson não faz o que o James faz e o James não faz o que o Alisson faz. Precisamos equilibrar, e os três zagueiros equilibram. Trabalhei uma linha de quatro jogando com o Ferreira, depois com uma linha de três também com o Ferreira. Eu nos treinos me senti mais seguro, até porque vínhamos sofrendo um pouco com alguns erros por aquele lado em que o Ferraresi entrou.
Globo Esporte