Peças serão limitadas – num primeiro lote – e podem custar até R$ 1.280,00. Sócios-torcedores terão desconto nas peças idealizadas e desenhadas pelo criador da logomarca da Globo
A paixão de Hans Donner pelo futebol começou em 1958, quando ele nem sonhava que o Brasil, campeão do mundo naquele ano, seria onde ele construiria uma vida. Aos 10 anos, pagava ingresso para assistir exibições de Pelé e companhia numa televisão pequena na garagem de uma casa, no vilarejo onde morava, na Áustria, bem perto da Alemanha e da Suíça.
Seu vizinho, o mais rico da redondeza, montava quase que uma sala de cinema na garagem de casa para assistir à Copa do Mundo de 1958 e convidava quem quisesse dividir a tela. Mas cobrava. Foi dali que Hans Donner viu o Brasil vencer a Suécia por 5 a 2 e ser campeão do mundo. Nasceu, então, uma paixão que vai virar um relógio do São Paulo.
Para quem não sabe (talvez os mais jovens), Hans Donner é um designer de 75 anos, nascido na Alemanha, mas com cidadania austríaca, que construiu sua carreira no Brasil. Saíram da criatividade dele diversas aberturas de novelas da Globo. Elas por Elas, Ti-Ti-Ti, Por Amor, Tieta, Roda de Fogo… Todas elas têm a assinatura de Hans.
– Eu vim aos 25 anos para o Brasil. Todo mundo dizia que eu ia encontrar bananas e macacos. E eu só tinha 20 dias para achar um emprego. Eu vim por que eu vi uma matéria falando em design na Europa e falei: “o Brasil está me chamando”. E eu encontrei o melhor emprego do mundo. Eu atingi todo o país, seu pai e sua mãe, com as aberturas das novelas. E, agora, com a paixão pelo futebol – disse, ao ge, enquanto admirava a vista do gramado do Morumbi.
Fascinado por futebol, o artista encontrou no São Paulo a possibilidade de transformar mais uma paixão em arte, para levá-la adiante. Em parceria com o clube, a Team Design, empresa de design de Hans, produziu um smartwatch (um relógio com funcionalidades semelhantes às de um computador pessoal) com a cara do Tricolor.
O aparelho tem cinco opções de interfaces temáticas (como se fossem fundos de tela), todas desenvolvidas por Hans, e duas pulseiras. As imagens que “decoram” o fundo da tela do relógio têm bolas de futebol, as cores do São Paulo e até uma possibilidade sem ponteiros ou números – três bolas representam o passar dos segundos, dos minutos e das horas.
– O mundo está lotado de ideias. Eu queria fazer um produto diferente. De novo, queria que a pessoa batesse o olho e soubesse que tem a cara do Hans. Com 75 anos, eu podia dizer: “chega”. A Valéria (Valenssa, ex-esposa de Hans) sempre dizia para mim que eu não preciso provar nada para ninguém. Mas como parar? – brincou.
Inquieto, criativo e bem humorado, Hans passou a carreira tentando ligar sua arte ao futebol. O logomarca da Globo, por exemplo, criado por ele, é predominantemente uma bola. Por causa do futebol. No relógio, ele fez questão de colocar várias delas. Por causa do futebol, para um clube de futebol.
A vontade de fazer um relógio, aliás, surgiu muitos anos atrás, quando Hans, que nem imaginava um dia criar um produto para o São Paulo, tinha pressa para construir sua arte.
– Em 1976, em Paris, eu fiz um trabalho com computadores muito mais lentos do que eu tive na Globo. E a lentidão dos computadores me provocou. Eu estava sentado em Paris e falei: “p… que pariu, o que estou fazendo aqui?”. Esperava 1h30 para gerar um frame. De uma hora para a outra, eu fiquei sentado e falei: “a cadeira eu não vou mudar, o que eu poderia mudar?”. Botar design fazer parte do tempo. Olhei para os relógios e pensei: “por que não botar beleza em relógios?” – conta o design.
O relógio do São Paulo
Eduardo Toni, diretor executivo de marketing do São Paulo, explicou ao ge como vai funcionar a parceria entre o clube e Hans Donner.
– Um time de futebol tem várias receitas. Várias maneiras de monetização. Uma importante é licenciamento de marca. Em via de regra, você licencia caderno, chaveiro, boné, porque é importante ter. Quando cheguei, queria fazer algo diferente. Podemos ter cadeira, caderno, boné, mas temos ter coisas exclusivas, onde posiciono o São Paulo como inovador, líder. Não só dentro de campo, mas com posicionamento de marca – explicou.
Foi daí que surgiu a ideia de um smartwatch. Toni, porém, viu outros clubes serem mais rápidos que o Tricolor. O Flamengo, por exemplo, um dia tirou o sono do diretor. Na manhã seguinte, os funcionários de seu departamento levaram até uma bronca porque não tinham conseguido licenciar um relógio deste tipo antes. Foi aí que surgiu, então, Hans Donner.
– Todos têm smartwatch, só nós by Hans Donner – brincou.
Os relógios criado por Hans Donner serão mais um produto licenciado do São Paulo: 10% do valor de cada peça vendida serão revertidos ao clube. O valor de cada peça é R$ 1.280,00, mas o preço pode cair para até R$ 1.110,00 aos sócios-torcedores.
O produto, que já começou a ser vendido, terá um primeiro lote com peças limitadas. Elas podem ser compradas nas lojas oficiais do São Paulo e nas principais lojas virtuais do país.
Globo Esporte